Falsidade estratégica
Eu sou uma pessoa sincera, uma pessoa franca. Todavia, aprendi com o tempo que o nosso melhor e a nossa sinceridade serve com quem a gente se importa e, principalmente, com quem a gente ama.
Por que eu vou ser sincera a respeito do que penso com quem não gosta de mim? Para ser criticada? Francamente, eu sou franca com quem gosto e brandamente falsa com quem merece. Sim, falsa!
Não valorizo a pessoa, não gosto dela? Dou sorrisos amarelos e não a tenho como confiável ou amiga. Simples. Mas não vou desperdiçar o meu sagrado tempo dizendo “olha, eu sei de tal coisa”, “tu poderias ser menos grosseiro”, “quem sabe você procura um psicólogo”, “vou te contar uma coisa íntima” e coisas do tipo.
Pode parecer que eu sou mais dura com quem amo pelo fato de dizer o que eu penso, todavia, não é verdade. Ou é, em partes. Posso ser dura, porque não quero ser magoada por quem amo e, tampouco não desejo magoar, logo, explicito minha forma de pensar, de sentir e de ser.
Os outros? Não me interessam. Com eles posso dar risadas, mas nunca confessar um erro. Dou ao outro aquilo que ele me dá: franqueza aos bons, e uma falsidade branda aos falsos, pois sei que com eles a sinceridade é inútil. Cedo ou tarde vão deturpar o que ouviram e a minha franqueza terá se tornado uma mentira abominável.
Se não posso manter-me muito distante de quem não confio, sorrio, concordo e sigo adiante sem contar nada que se passa em meu íntimo, aprendi que esse é o melhor caminho para desviar-me das cobras que a selva da vida me apresenta.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 20 de maio de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.