Novos padrões de beleza e academias de ginástica.
Há anos atrás eu escrevi uma crônica sobre o aumento de igrejas e factorings na minha cidade natal. Aquilo, na época me estarrecia, agora, porém o que me chama a atenção é o grande numero de academias de ginástica e estética em relação a poucas livrarias.
Nada contra quem se exercita e cuida da saúde, a questão é o motivo que faz a maioria das pessoas darem tanta importância para a aparência em detrimento, aparente, da cultura.
Em rodas de amigas não se fala em filmes e, muito raramente, em indicação de livros. Ninguém quer saber o que a outra leu, mas quer saber onde ela comprou o sapato bonito e, principalmente, onde ela malha e arruma as madeixas.
Essa frenética valorização da aparência e desleixo com o intelecto não assola só o mundo feminino, os homens também estão cada vez mais preocupados com seu próprio exterior e com o automóvel que guiam: ele tem que ser imponente e caro para indicar a sua situação econômica.
Mas, será que a aparência das mulheres, dos homens e seus veículos condizem com a sua realidade? Num caso ou noutro, na maioria das vezes não. Existe classe média remediado pagando carros caríssimos e morando de aluguel, ricos com carros antigos, e, no caso especifico, das mulheres, existem as lindas que não sabem conversar a respeito de nada que não seja moda e novela.
Há uns dez anos, quando eu malhava diariamente, era extremamente difícil conseguir complemento alimentar para ganho de massa muscular. Hoje em dia eles existem até em supermercados! Existem, por quê? Por que as pessoas procuram, procuram muito!
Hoje em dia não basta ser magra, você precisa ter músculos! Não basta ter seios, você deve ter seios grandes, muito grandes e, de preferencia, siliconados, não basta “não ter barriga”, é preciso ter barriga chapada, definidíssima. Da mesma forma, não basta um traseiro arredondado, é preciso comparar-se com a cantora ou dançarina de funk e desejar a bunda dela a ponto de fazer uma hora e meia de agachamento por dia.
Agora, pergunto, humildemente, isso leva a que? Quando vou à academia nos dias e vejo aquelas mulheres que já estão fisicamente bem se matando para aumentar os músculos que, em minha opinião, já estão na medida da elegância, eu penso: será que elas não têm nada melhor pra fazer? Sei lá, assistir um filme, um seriado, deitar no sofá, fazer sexo com o namorado? Percebo que o que elas fazem não é mero prazer, é obsessão por uma imagem idealizada, é tornar-se escrava de um ideal de beleza.
A maioria das ratas e ratos de academia que vejo hoje em dia sofre de dismorfia, logo, a pessoa está forte e se vê miúda. E isso é fruto do que? Dos padrões de beleza que a mídia nos impõe. Antigamente era belo ser esquálida, estilo modelo internacional, agora é preciso ter músculos e, essa manipulação, faz com que empresas ganhem dinheiro e as pessoas muito vaidosas percam a sanidade enquanto lutam por um corpo cada vez mais musculoso.
Enfim, só se estabelecem negócios porque as pessoas procuram por eles, logo, em época de ser bonito, sem ser culto, vige a necessidade de surgirem mais academias de ginastica e clínicas estéticas, afinal, as pessoas precisam ficar belas. Se existe a escravização ao dinheiro, que faz pessoas cometerem excessos lastimáveis, existe, também a escravização das pessoas pelos seus ideais de beleza. Ideais que lhes são despejados pela mídia.
Não nego a importância do cuidado com a aparência, apenas acho triste a desproporção entre a busca por leitura e, consequentemente cultura, e a busca pelo corpo que a mídia chama de “perfeito”.
Vejo, também, outra coisa lamentável: a falta de personalidade das pessoas.
A maioria das pessoas não tem uma ideia do que seja belo que não seja aferido dos canais de televisão e revistas. Aquilo que a mídia impõe é o bonito e, logo, desejado. Nem mais, nem menos, mas aquilo que é retratado nos meios de informação.
É lamentável fazer parte de uma sociedade nada autentica, de uma sociedade tele guiada que não tem a sua própria opinião, onde, homens e mulheres, perdem seus conceitos pessoais em detrimento daquilo que lhes é despejado e, infelizmente, assimilado e aceito. Logo, meus parabéns aos donos de academias de ginástica, porque seu futuro é enriquecer!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.
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