Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"Floresta pegando fogo."

“Floresta pegando fogo.”


O sofrimento é um ótimo professor, não tem piedade, não permite repetência, afinal, quem chegou até ele esgotou todas as possibilidades de êxito isento de dor que um dia possuiu.
Em determinado período, de extrema fragilidade e dor no meu não “leve” passado, eu ouvi uma pergunta feita por alguém que me conhecia muito bem, que sabia o que eu já havia passado até então e o que eu estava passando, ou melhor, me dispus a passar novamente. A pergunta que, até hoje, eu não sabia responder é a seguinte: “Por que você correu para uma floresta pegando fogo?”, pois, finalmente, acho que descobri a resposta.
Ninguém entra numa “floresta pegando fogo” sem ter muita esperança, sem pensar que pode salvar “alguma coisa”, sem achar que pode, ao menos, salvar alguns animais e, ainda assim, conseguir sair de lá vivo para poder viver feliz e ciente de que conseguiu o que queria, de que sua coragem foi válida.
Seria uma espécie do que, agora, chamo de “complexo de salva-vidas”? Talvez, fato é que requer certa dose de orgulho e outra, maior ainda, de otimismo, de carinho, de vontade de conseguir o que ninguém conseguiu por não ter tentado, achando, obviamente, que o risco a ser enfrentado trará alguns louros.
Mas, e as probabilidades? Quem entra na floresta não analisa, não pensa, não reflete, age por impulso, age comandado pelas emoções, se não se quedaria inerte e deixaria a “atitude” para quem deve intervir, para bombeiros ou quem quer que seja. Há sempre “alguém” habilitado que, se não age, é por boas razões.
Então, da dor e do aprendizado restou uma lição: as emoções, o impulso e o otimismo não dão bons conselhos sem o aval da razão, da análise lógica das “probabilidades”. Eu sai da floresta respirando, mas, com certeza, deixei uma parte de mim lá dentro. O desgaste, o risco e os perigos não valeram à pena, afinal não salvei a floresta e quase terminei com a minha vida.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 24 de novembro de 2011.

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