Saudades
Eu tenho saudades da paciência que me faltou quando eu deveria tê-la, tenho saudades da tranqüilidade de espírito que eu não tive diante das piores ofensas que um homem pode sofrer, tenho saudade do equilíbrio que eu deixei para trás.
Tenho saudade da confiança que eu tinha nas pessoas, inclusive quando elas não eram confiáveis. Sinto falta daquela “habilidade” de confiar no ser humano como se todos fossem bem intencionados e sinceros.
Sinto falta da simplicidade com que eu vivia e era feliz, sinto saudade das excelentes companhias nas quais eu pisei, porque achava que era superior, mais sábia, mais digna, mais “evoluída”. Hoje eu tenho convicção de que não sou “nada mais” do que nenhuma outra pessoa no mundo. De tal soberba eu não sinto saudade, mas tenho vergonha.
Por outro lado eu tenho saudades daquela sensação de “aqui esta um porto seguro”, hoje em dia nada me parece “porto”, menos ainda “seguro”, tenho saudades da ilusão romântica, tenho saudades da pessoa que eu queria ser, mas me tornei a custa de muito sofrimento e arrependimentos.
Sinto saudade dos Natais, sinto saudade da época em que eu achava minha família linda e sonhava em ter a minha. Hoje minha família é pequena, dividida, cada um com sua solidão e frustrações, hoje eu não sonho em ter filhos, eu penso demais para sonhar com isso e tenho que remendar o que sobrou do meu coração diante de tudo que ele já sofreu.
Todavia, tudo o que eu queria era uma segunda chance da vida, era que o Papai Noel me oportunizasse fazer as coisas de forma diferente, da forma que, hoje, eu tenho certeza, é mais justa e correta, mas (...). Eu tenho muitas saudades da época em que eu acreditava em milagres, em que eu acreditava no “Papai Noel”!
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 28 de novembro de 2011.
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