Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 28 de dezembro de 2014

Amores bandidos ou amores tranquilos?

Amores bandidos ou amores tranquilos?

Todo mundo tem um “que” de masoquista. Pessoas que, de regra, sempre tiveram tudo o que quiseram, então, adoram o que se apresenta complicado, problemático. Adoram uma barreira a ser superada, elas gamam no “pouco acessível”.
Tenho isso nítido na maioria dos indivíduos do sexo masculino com passado cheio de algumas “facilidades” que conheci. Como tornar-se a paixão da vida deles? Se torne inacessível. Invente algo problemático, jogue a isca e se afaste. Eles vão gamar nesse jogo de “vai não vai”.
Tem mulheres que fazem isso por um jogo, existem as que usam o seu lado sádico para pegar o coração do rapaz pelo lado “maso” dele. Outras fazem sem malicia, simplesmente, porque, por não estarem tão de “quatro”, tão entregues a possibilidade de viver uma paixão, ou, quiçá, por curtirem lances problemáticos como extensão de uma personalidade conturbada, impõem certo distanciamento e afastamento e acabam, assim, sem terem más intenções, conquistando a paixão insana e bandida do moço.
Na verdade essa tendência a vencer barreiras é elementar ao ser humano. A gente tem uma gana implícita por ganhar, por sair na frente, pelo “superar” algo e conseguir nosso troféu, enfim, aquilo que tanto desejamos. E que, não raras vezes, desejamos, porque precisamos “lutar” por ele (troféu).
Sei lá, eu já tive a fase de me apaixonar pelo sujeito que tinha a mãe complicada, que era um empecilho, porque eu precisava vencê-la. Depois tive a fase de não desejar tanto um sujeito que me adorava, até que de tanto uma “ex” do sujeito importunar eu me apaixonei para mostrar-me vencedora. E ele venceu o seu maior empecilho: ter o meu prezar, a minha paixão. Enfim, a doença dele acabou despertando a minha, vez que a paixão dele cresceu em meio ao meu constante afastamento e jogo de “vou, não vou”.
Amores bandidos, a gente não passa na vida sem ter um. E, se passa: que pena, que tédio, que dó! Eles acabam sendo muito instrutivos enquanto duram e, garanto, podem durar anos. Depende do quanto o sadismo de um- ou algo assemelhado- mantém o masoquista apaixonado e sendo, quase um “stalker”: sempre compreensivo, sempre paciente, sempre indulgente, sendo relevando e compreendendo até o incompreensível.
Por que eu disse que tais relações são instrutivas? Porque a gente aprende a conhecer o nosso pior e o nosso melhor. Não importa se somos o masoquista ou o que, voluntaria ou involuntariamente, age com sadismo, essas relações instruem. A gente conhece, por exemplo, quão vil o ser humano pode ser.
A gente verifica que existem pessoas que, talvez por inexperiência ou imaturidade, prezam mais a desatenção do que a atenção e, assim, aprende como o “não” estar apaixonado pode marcar mais o coração de alguém do que o “estar” apaixonado. Aprende que o “não dar” afeto e presença pode ser mais atraente a alguns do que a disponibilidade.
De que lado eu estou? Sempre estive do lado dos que querem o “bom trato”, dos que querem os mimos, o afeto, a atenção e o amor. Mas já resvalei, já curti um desafio que, no meu caso, não era a atenção do outo, mas superar quem estava ao seu redor.
Fato é que, para mim, o bom é o simples, o óbvio, o descomplicado. Não curto mais essa de dificuldades, não quero saber de ninguém atravancando meus desejos, minha tranquilidade. Com o tempo e algumas experiências a gente aprende a valorizar o que já vem sem enredos, sem complicações.
Eu gosto mesmo é de pessoas de vida simples e descomplicada, eu gosto do que não possui resistências para opor a mim. Essa história de superar dificuldades e afins é coisa que só fica bem em novela, na vida real faz sofrer e, depois de um tempo, entedia. A vida é muito curta para isso. Eu quero mesmo é beijar na boca e ser feliz vivendo a sorte de um amor tranquilo sem nada nem ninguém para incomodar.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de dezembro de 2014.

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