Costumeira intensidade.
Eu sou intensa. Sou intensa em tudo. Não sei
vivenciar o amor meio termo, o ser leal meio termo, o ser amigo pela metade, o
ser profissional pela metade, o gostar de tomate com sal pela metade. Não sei
me apaixonar pelo olhar, pela boca. Eu me apaixono também pelo nariz, pelo
gosto, pelo suor.
Se eu gosto, eu gosto muito, se não gosto, não gosto
nada. E nesse caminhar de pessoa que se joga, de pessoa que só para quando bate
no fim do abismo, que só se contém quando vai ao fundo e beira o afogamento eu
aprendo muito.
Aprendo, não nego, que deveria amar menos, me
entregar menos, me apaixonar menos, beber menos, comer menos, sorrir menos,
gargalhar menos, para, quem sabe, chorar menos, lastimar menos, magoar e ser
magoada “menos”. Para, talvez, ser menos criticada, ser menos “anormal”.
Mas eu não gosto dessa palavra, desse tal de “menos”.
Na verdade eu não tenho medo do “muito” desde que eu também usufrua de muita
paz, muita alegria, muito gozo, muitos sorrisos, muita paixão, muito amor.
Eu nunca tive meio termo, nunca tive nada que não fosse
extremamente sério ou sumamente superficial. Ou um beijo, ou uma mísera noite e
nunca mais, ou romances intensos, convívio, afeto e desejo extremos.
Não sei ser metade, não sei ser “contida”, não sei
molhar os pés, eu me jogo, eu me entrego e, independente de hematomas ou
ferimentos emocionais, eu continuo. Sem o medo “de” sempre. Sem desconhecer
temores, para ser exata. Sem desconhecer vergonhas, pudores e limites. Sendo eu
e agradando quem, como eu, é avesso ao superficial.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 27 de dezembro de 2014.
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