Nem tão simples, mas nada ruim.
Eu gosto de relacionamentos amorosos. Ou melhor, eu
gosto de relacionamentos humanos. Independente de a relação ser afetiva ou de
amizade, fato é que a gente se entrega a um relacionamento ciente do que deseja
dele.
E, não raras vezes, com o outro e no convívio com
ele aprendemos que existem coisas tão importantes quanto os nossos desejos: os
nossos “indesejos”. Num relacionamento acabamos aprendendo e vendo que, nem
sempre tudo o que desejamos é “tudo”! Existem coisas que não suportamos e que não
sabíamos que são por nós insuportáveis. Não até, no meu caso, nos jogarmos de
cabeça num relacionamento.
Ah, mas o “amor tudo releva e tudo suporta”? Sou da
opinião de que onde o amor próprio vigora, paixão alguma “apavora”. Logo, não sou
o tipo que acha que o amor releva tudo, não quando a pessoa se ama, se
valoriza, se conhece e se preza.
Solidão não mata, ficar só não é ruim, para mim,
tolerar sim é chato demais. Talvez eu seja hedonista, talvez valorize por
demais o prazer, mas uma coisa é certa, junto com ele eu valorizo a minha paz,
felicidade e alegria: quando eu preciso “aguentar” algo por alguém, tolerar o
que me avilta a alegria, a relação não perdura.
Eu gosto do leve, do suave, do cadente. Tolerância,
não nego, é necessária, menos quando, para tolerar, eu precise sofrer e passar
por cima do meu brio. Nada simples assim. Mas eu me entendo bem comigo, eu
aceito minhas estranhezas. E sim, eu sou estranha.
A gente não vive só de beijos, de juras de amor e
de sexo selvagem, por exemplo. A gente vive do convívio com o pacote que o
outro traz, desde família até experiências, até o próprio passado, em especial
quando é impossível ele deixar de se fazer presente.
E é quando nos deparamos com o “dia a dia”, com o
pacote que o outro traz que, mesmo amando, a gente se questiona: “será que eu
aguento? É isso que eu quero?”. E, é aí que a gente vê que alguns romances,
aparentemente, têm “tudo” para serem simples, mas não são. E eu estou naquele
momento da vida que o complicado me extenua, me cansa, me assusta.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 27 de dezembro de 2014.
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