Burrice, beleza e aquilo que importa.
Eu fico boquiaberta com a arrogância burra de
algumas pessoas! Meu pai sempre me disse que a gente pode aprender olhando. Ele
aprendeu a dirigir observando e cobrava o mesmo de mim.
Eu não consegui tal proeza, nunca me interessei na
verdade. Mas, outras coisas, se eu não aprendia observando, ao menos, olhando
ou vendo eu me interessava a ponto de ir atrás, de me informar mais.
Sempre soube reconhecer com humildade o
conhecimento do outro e, admirando, não invejando, tentar com ele aprender. Tentar
ser melhor do que eu era quando tive contato com determinado individuo, enfim. Acho
que nos tornamos o retrato aprimorado daquilo e daqueles que admiramos e
convivemos, pessoas arrogantes e invejosas não admiram e, portanto, não crescem:
preferem e desejam que o outro retroceda. E isso, para sua infeliz surpresa, não
ocorre!
Admirando algo ou alguém eu colhia informações para
me aprimorar como o admirado, por exemplo. Não é o que vejo, infelizmente em inúmeros
casos. Algumas pessoas me parecem incapazes de ter a humildade da “imitação” ou
a curiosidade da busca, mesmo que vejam e se entrosem com pessoas cultas e bem
articuladas, não se importam em tentar melhorar a si mesmas e a se aprimorar. Isso
me ferve o sangue.
Sabe por quê? Questão de prioridade! Coloque alguém
bem vestido, fisicamente elegante e magro perto para ver como o cidadão vai
imita-lo para tentar ficar com ele semelhante. Capaz de procurar academia,
cirurgião plástico, contratar personal, gastar o que não tem, além de parar de
comer massa, de beber, tudo porque o corpo do outro é admirado. Quando a admiração,
no entanto, deve ser destinada ao que importa o sujeito não sai da ignorância, mas
quando o assunto é uma bestialidade qualquer ele se esforça.
Ler? Estudar? Fazer um curso de língua portuguesa?
Comprar uma gramática? Adquirir livros? Assistir a programas instrutivos?
Conversar sobre conhecimentos gerais? Não, isso é pesaroso. Fofocas, novela, revista
Caras, Nova, dicas sobre sexo e beleza não, são legais, são “úteis”.
Gastar horrores com o cabelo, se preocupar com o
corpo, com a alimentação, com o tamanho da bunda (quanto maior, melhor), isso é
importante, mas, e a extensão da cultura? Ah, isso não importa. Aliás, “cultura,
que cultura”? Cultura pra que?
Esse povo crê que beleza importa, que
relacionamentos sobrevivem graças a ela, que tudo gira em torno dela e não da inteligência
e da moralidade. A burrice, realmente, é gritante. Ninguém, mas ninguém mesmo
fica lindo para sempre! Nem a Brigitte Bardot (a mulher mais linda do mundo, em
minha opinião) ficou!
Então, o que sobra? O essencial que é o que, então,
irá saltar aos olhos! A inteligência, a cultura, a simpatia, a história de
vida, o bom humor, o coração e tudo o que esses seres semi-acéfalos ignoraram
por uma existência inteira!
Logo, me pergunto: que destino tem esse povo? Um
bando de Xerox físico uma da outra, siliconada, malhada, cabeluda e com as
ideias vazias, porque o que diz respeito ao intelecto, bom uso da linguagem e
afins não lhes afetou positivamente? É isso.
O destino: um bando de gente fútil e fisicamente
atraente que deveria ser muda e que terá no futuro o que sempre mereceu: o
desdém alheio, porque não tem mais nada que agregue, que chame a atenção, que
atraia, enfim. A vida é cruel com seres humanos burros, ainda que a beleza lhes
tenha agraciado por algum tempo.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 1º de dezembro de 2014.
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