Hedonista sim, com "sua" licença Sr. Nobre.
Estou vivendo uma fase desavergonhadamente
hedonista. Não tenho como único objetivo de vida o prazer, mas, francamente,
também não deixo de querer senti-lo. Não sou obrigada a tolerar o que me faz
mal para agradar aos outros, não sou obrigada a fingir que gosto do que e de
quem não gosto para parecer “querida”.
Eu quero é risos, sorrisos, gargalhadas, não me
venha com cara amarrada, porque eu tenho problemas suficientemente robustos
para dispensar gente de humor ruim. Faço o que quero, porque quero e,
sobretudo, porque gosto.
Assisto aos filmes que me dão prazer, leio os
livros que me dão prazer, como o que me dá prazer, bebo o que me dá prazer e
converso com quem me faz bem. Não estou com a mínima vontade de erguer peso na
academia, fazer dieta ou correr, portanto, não corro, não malho e nem me privo
do que é saboroso.
Ando muito cansada mentalmente para ter que fazer
algum esforço, ainda que o objetivo seja nobre. Estou naquela fase da vida em
que preferiria fazer lipoaspiração e comer menos a me enfurnar numa academia e malhar.
Errada? Sim, mas vivo esta fase “anti esforço
físico” e a respeito. Enfim, respeito até minha vileza, porque eu mereço! Para
aprimorar o intelecto eu leio, estudo, faço o necessário. Por quê? Porque isso
me dá prazer! E só faço quando quero, sem obrigação.
Suar que nem uma louca ou passar fome eu não quero,
não me obrigo. Se eu preciso cuidar mais do corpo? Olha, sinceramente, eu não
sei. Precisar não é a palavra, afinal eu preciso de dinheiro, para poder viver
bem e viajar, preciso de comida, preciso de oxigênio, preciso do meu trabalho,
preciso do meu amor próprio, cuidar do corpo é o ônus do bônus da beleza e da
saúde, que, no momento eu dispenso, afinal, estou me sentindo bela. Não sou
obrigada, eu não “preciso”, porque não quero. As revistas de saúde e beleza,
exibindo corpos saradíssimos ainda não me comandam.
Se a pessoa me convidar para ir a um curso técnico
e me der como segunda opção um jantar regado a vinho e sashimi, eu “fico” com o
jantar. Se o namorado me propor fazer caminhada ou assistir filme e namorar
muito, eu fico com a segunda opção. Não tenho vergonha de querer prazer
imediato, a realidade é que a minha felicidade eu não postergo. É um objetivo
que realizo no presente e que se liga ao que me dá prazer, ao que me faz bem.
Meu amigo, não siga o meu exemplo hedonista ao
extremo, ninguém acha isso bonito ou admirável. Vivemos numa sociedade que
valoriza o auto sacrifício, que o acha nobre, que condena o prazer imediato, todavia,
eu estou feliz e me sentindo ótima nessa fase “pró-prazer”. Obrigada, com
licença.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 28 de dezembro de 2014.
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