Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Discurso leigo, dúvidas, latrocínio e o quarto poder.

Discurso leigo, dúvidas, latrocínio e o quarto poder.

“O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas.” Frase atribuída à Bertrand Russel e Charles Bukowski. Gosto dela, ela é eximia em realismo!
É por isso que existe tanto discurso de leigo “ecoando” aos quatro ventos por aí! Recém ouvi que o caso do latrocínio do jovem estudante de medicina que estava visitando a família em Sinop/MT, Eric Severo, só está obtendo “justiça”, porque a família é abonada e influente.
Para começar, prender em flagrante ou decretar prisão preventiva numa investigação que envolve criminosos de fora do Estado, inclusive, não é “justiça”, é procedimento judicial.
Concordo, no entanto, que a relevância dada a crimes “midiografados” é maior, mas isso é um “mal” brasileiro, quiçá mundial. Inclusive, na data de ontem (28/12) fez aniversário de 22 anos do assassinato da Daniela Perez, filha da Glória Perez. É “graças” ao assassinato dela que tivemos o homicídio qualificado inserido na lei de Crimes Hediondos.
A “Justiça” brasileira talvez veja dinheiro, poder fama e status da família das vítimas, principalmente porque o quarto poder, leia-se, a imprensa, retrata mais determinados casos. Sobre a influencia da mídia, interessante assistir ao filme norte-americano de 1997, denominado “O quarto poder”.
É a mídia que influencia o judiciário, não o contrário, infelizmente. Latrocínio é um crime de gravidade mais aberrante que a do homicídio, inclusive, nem é remetido a júri popular, é juiz togado quem julga.
Sabe, por quê? Porque o legislador presumiu que homicídio pode ter motivos menos vis, menos bestas do que, simplesmente, “pegar do outro o que é dele”. Tanto que a pena do latrocínio varia do mínimo de 20 ao máximo de 30 anos e a do homicídio qualificado (o mais grave e hediondo) varia de 12 ao máximo de 30 anos e são os “pares”, ou seja, a sociedade quem julga.
O homicídio é o mais “humano” dos crimes, em que pese diga respeito ao valor essencial que é a vida. O latrocínio é desumano, porque à vida da pessoa o ladrão deu o valor do bem roubado. É, literalmente, como a maioria sabe, roubo seguido de morte, um dos tipos mais abjetos de crime que, em minha opinião, temos no Código Penal, por isso a repercussão do caso.
 Ah, mas o resultado é o mesmo, tipo “uma vida se foi”? Claro, concordo que vidas têm o mesmo valor, sendo a do pobre ou a do rico. Mas, quiçá, não fosse pela repercussão de alguns casos, sequer a nossa legislação não evoluísse! A culpa não é do juiz e do Judiciário, repito, é de quem divulga os acontecimentos, se “apega” a determinados casos e acaba influenciando, aí sim, as decisões judiciais!
Mas, como sou demasiado cheia de dúvidas, deixo a pergunta: Isso é de “todo” ruim? Ou algo vem em beneficio da coletividade, mesmo que sejam poucos os casos que a imprensa dê atenção? É, ao contrário de muitos, eu sou cheia de questionamentos, lamento.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de dezembro de 2014.

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