Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 30 de agosto de 2014

Modernidade e relacionamentos.

Modernidade e relacionamentos.

Acho engraçadas essas frases e afirmações saudosistas, tipo dizer que antigamente os casamentos não findavam com facilidade, porque em tal época se consertava, não se colocava no lixo algo que deu problema. Acho que é semelhante a isso uma dessas afirmativas toscas que viram chavão na internet.
Sei lá, eu acho que nem tanto o “antigamente”, nem tanto o hábito de “repúdio” às dificuldades, inerente a essa questão do desistir sem tentar, que existe atualmente. Antigamente, se mantinha o casamento. Mas os descontentes também mantinham casos extraconjugais e uma “conta” na zona.
O casamento amornava, a relação virava uma amizade ou um inferno, os parceiros, sobretudo os homens, procuravam outras e, mais por dependência econômica e em virtude das criticas da sociedade, a mulher se mantinha ao lado do marido. Isso não é sinônimo de força das mesmas, mas do quão submissas elas tinham que ser se quisessem manter a mesa farta e a moral ilibada.
Sem contar os filhos! Ah, os filhos! Como se separar se eles existiam! Mantinham-se casamentos para lá de falidos em virtude dos mesmos. Realmente, se for para “privilegiar” algo, dentre tais extremos, eu fico com a modernidade, onde relacionamentos podem e devem se manter por amor, não por necessidade afetiva, econômica ou moral.
Aliás, relacionamentos devem ser mantidos enquanto existe amor, admiração e atração. Quando um desses pilares cai, logo a relação desaba. Não importa se existam ou não filhos, porque se pode tudo para fazê-los feliz, menos ser infeliz em prol deles.
 O mundo mudou e com ele a nossa liberdade aumentou. Enquanto ela não bate na libertinagem, eu me afino com ela. Somos livres para amarmos quem quisermos, para nos unirmos quando quisermos e, também, para nos separarmos quando cremos haver necessidade.
Em pleno século XXI, toda vez que ouço alguém dizer que não se separa da esposa por causa dos filhos eu penso: “Balela, não se separa, porque gosta dela”. As pessoas tem o hábito de falarem besteira quando se irritam com o parceiro, porque, sinceramente, se a relação está a tal ponto ruim, você só não se separa, porque não quer! A menos, é claro, que caia no hábito antigo de ter a esposa em casa educando os filhos e outras fora dela. E isso, meu caro, não é exemplo que um filho mereça ter.
Aos filhos que estão próximos, aos filhos que acordam todos os dias no quarto ao lado do seu ou àqueles que estão a mais de mil quilômetros de distância, você só deve dar bons valores e boas lições, dentre as quais a de que, nada ou ninguém vale a nossa infelicidade, o nosso desânimo. Bem como a de que, mais vale sofrer por ser sincero e transparente, do que agradar a todos na frente e lhes trair a confiança pelas costas.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 30 de agosto de 2014.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Caso Bernardo e a “justiça” que enxerga.

Caso Bernardo e a “justiça” que enxerga.

Eu ouvi a gravação feita pelo Leandro Boldrini da conversa (briga) entre a madrasta sociopata e o menino Bernardo. Confesso que se eu tivesse visto a foto ou um vídeo de um ser humano estripado, meu estômago teria se remexido mesmo. Aquilo dá náusea! E, digo, não só pela atitude da psicopata e do pai omisso e gélido, mas pela responsabilidade social, judicial especificamente.
Os vizinhos chamaram a polícia, o menino procurou o Judiciário e nada ocorreu. Claro que não! Mas se fosse família pobre, de vila, uma criança gritando “socorro” e procurando o Ministério Público (na verdade, nem precisaria procurar) seria mais que suficiente para possível suspensão do “poder familiar”, no mínimo! É esse tipo de coisa que me faz mal na advocacia, em qualquer área.
Existe um tratamento diferente, nove em dez vezes, entre pessoas com status e pessoas desprovidas dele. A justiça só é “cega”, para que a balança não penda para lado algum, na imagem da deusa romana da justiça “Iustitia”. A verdade é que a justiça enxerga, sobretudo estereótipos: o rico, o pobre, o branco, o preto, a prostituta, a “doutora”.
Impossível, pois, requerer que aquilo que habita no inconsciente da coletividade seja totalmente retirado de decisões judiciais, mas deveria. A luta pela justiça requer a luta contra tendências humanas de “simpatia”, de “privilégios” entre uma ou outra classe, entre uma ou outra pessoa. A lei é a mesma e a todos deve se aplicar. Assim o Código Civil, assim o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Por que estou falando de falha judicial e não do pai omisso? Porque, se o menino continuou com um pai que, em meio a uma briga terrível em que o filho é, visivelmente, ameaçado de morte, fica inerte e não o defende contra os disparates da mulher psiquicamente perturbada, é porque o Judiciário lhe deu uma “chance”. Imerecida chance!
Bastava que se tivesse feito entrevista com familiares, com a criança, professoras e vizinhos, em especial numa cidade pequena como Três Passos/RS! O menino Bernardo foi vítima da ausência de sorte em nascer com um pai feito de gelo e foi vítima do “sistema judiciário” que, não raras vezes, beneficia os mais poderosos.
O homem de gelo, no caso, é bem sucedido, casado, respeitado na pequena comunidade. A sua esposa, da mesma forma, afinal, ainda vivemos num mundo em que a mulher é conceituada de acordo com o marido que tem. Então, eles eram a “nata” da cidade interiorana.
E, como “nata”, ficaram por cima até quando o leite azedou. Eu vejo, na advocacia, casos e mais casos, onde os pais são pormenorizadamente investigados, por razões tolas, por denúncias de vizinhos, sem que a criança tenha chegado a tal ponto de desespero de clamar por socorro.
Mas não foi o que ocorreu na comarca rio-grandense. Teria ocorrido, obviamente, se a família morasse numa casa com menos de 70 mº, localizada no subúrbio do município e tivessem mais uns três ou quatro filhos. Como normalmente ocorre, ainda quando nem existe tanta necessidade.
A justiça, meu caro, condena a pobreza com uma facilidade muito maior do que à riqueza. É fácil pegar e prender gente pobre, é fácil, porque eles não podem contratar um bom advogado. Da mesma forma, que é fácil separar criança pobre do pai operário e da mãe lavadeira, mas quando a situação muda, ah, daí fica difícil, quase impossível!
O caso Bernardo, trouxe, em minha modesta opinião, uma revelação infame: se ele fosse de família pobre, estaria vivo. Normalmente, em todas as situações trágicas que corriqueiramente vemos, é o oposto que ocorre, não quando se é filho de gente fria, ruim, porém abastada.
O fato é que, se o menino fosse afrodescendente e pobre, provavelmente não teria tido tal fim. Estaria em família substituta, em algum orfanato, vivendo em possível desamor, mas, quiçá, sem ser ameaçado e, sobretudo, estaria vivo, saudável. Saber disso me causa um mal estar enorme, mas faz pensar. E quanto mais penso, mais frustrada e indignada eu fico.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de agosto de 2014.

Estado laico?

Estado laico?

Eu não acho que o Brasil seja um Estado laico. Sei lá, aquele “sob a proteção de Deus” no preâmbulo da Constituição ofende a quem não acredita em Deus. Mas você costuma crer que, quem não crê em Deus, não é boa pessoa né?! Infelizmente, eu sei que, se você pertence à maioria dos brasileiros, pensa assim.
Eu sou uma mulher que tem fé, muita fé. Uma pessoa que ora sozinha e só consigo, uma pessoa que pensa sobre a vida, em todos os seus aspectos e que tenta ver o lado bom de tudo.
Nas maiores desgraças, quando tudo parece estar perdido, não raramente, se formos humildes e resignados, surgem os maiores ensinamentos. Da dor, também pode nascer o amor! Mas, enfim, eu dou o meu melhor em tudo o que faço e para todos que convivem comigo. Não sou uma pessoa de meios termos, mas não faço mal a ninguém: aos que gosto, o meu melhor, aos que não gosto, a minha indiferença e educação. 
Eu acho que não adianta vivermos num País cuja Constituição foi promulgada “sob a proteção de Deus”, mas que a desigualdade social reina absoluta e, o que é pior, a desigualdade de tratamento entre brancos e negros, ricos e pobres, famosos e anônimos. E isso acontece, como advogada, falo isso com plena convicção.
Da mesma forma, não adianta ir à missa toda semana e ser maldoso, criticar a tudo e a todo e ser incapaz de perdoar os erros dos outros ou colocar-se em seu lugar. Se você não acredita em Deus, se você não tem fé em uma Força Superior, não vejo nada de ruim em você. Não se você for bom, for honesto, não se você não faz aos outros o que não quer que eles lhe façam.
Agora, se você crê em Deus e não faz nada disso, então, para que ter esta fé, jovem? Religiosidade sem bondade é perigoso. Afinal, quanto mais ciente do perdão divino, mais as pessoas erram, na ciência de que Ele tudo perdoa. Enquanto isso, mea culpa e autoanálise se tornam utópicos, inexistentes, para ser mais precisa. Ai reside o perigo. Um grande e lamentável perigo!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de agosto de 2014.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

“Inta”

“Inta”

Ontem uma das minhas lindas alunas do segundo semestre do Direito, no intervalo, puxou um potinho onde tinha duas fatias de pão com queijo cottage. Ela reclamou não gostar, mas disse que era a única “dose” de carboidrato do dia dela. Lembrei-me de mim com os mesmos 17 ou 18 anos!
Para pular o pão eu comia ricota, com iogurte e proteína de soja na salada de frutas! Era o meu café da manha e o meu jantar essa mistura que, diga-se, eu adoro! E eu malhava, malhava muito. Se corpo tiver memória, antes dos 70 eu não “caio”. Mas a vida passa, a gente supera a fase dos “inte”, o tempo encurta e as prioridades mudam. Comidas saudáveis? Disso eu gosto até hoje, mas não deixo meu gosto menos “nobre” de lado.
Há muitos anos eu queria ter o corpo perfeito, durante algum tempo, o corpo que eu tinha como “perfeito” sob o meu ponto de vista de “músculos, sem exageros”, eu tive. Mas daí chegou a hora de trabalhar, a fase pós-formatura! Eu não almoçava, comia clara de ovos tipo louca e malhava ao meio dia.
Mais uns anos se passaram e o cansaço aumentou, mais uns anos pela frente e o casamento me fez ter mais vontade de cozinhar coisas gostosas e ficar na horizontal do que puxar peso durante horas. Nessa época eu passei a malhar meia hora por dia, só musculação, afinal morava numa cidade e trabalhava em outra. Puxava meus ferrinhos quando podia, claro.
E o tempo foi passando, passando e em algumas fases, como na presente, o máximo de exercício que faço é ficar em cima de um salto alto por mais de 4 horas de pé em sala de aula. Alimentação? Para que cortar o carboidrato da manha se não sei se vou ter tempo para almoçar decentemente? Eu cuido, mas não exagero. Não passo vontade, não sofro mais por um ideal de perfeição que eu já vivi.
Hoje em dia, porém, eu me sinto realmente bem por fora e, sobretudo, por dentro. Eu acho que não existe nada que não melhore na aparência quando a alma está contente, está feliz. Não troco um pão de queijo por uma fatia de ricota com peito de peru light, em que pese eu ache mais saudável. A questão é que o meu tempo é curto demais para eu me privar do que é bom.
Saladas, graças a Deus sempre amei. Não abro mão da pizza de sexta e me recordo que há uns 10 anos, quando eu saia em rodízio, comia 17 pedaços! Hoje em dia eu como quatro. Estranho né!? Na fase em que mais me liberei, também me tornei mais equilibrada.
Eu acho que em tudo na vida o segredo é o tal do “nem tanto céu, nem tanto a terra”. Uma boa dose de equilíbrio, uma alta dose de autoconfiança e maturidade fazem milagres pela cabeça e pelo corpo da gente. Realmente, para quem quer aprender, não há nada que o tempo e a vida não ensinem. E como é bom esse tal de “inta”!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de agosto de 2014.

O maior ideal.

O maior ideal.

Eu acho um tédio essa afirmação de que “ninguém é perfeito”, embora tal fato seja tão certo quanto a morte. Ocorre que as pessoas, via de regra, usam essa afirmação para justificar burradas enormes. “Tá bom, eu fiz isso, mas ninguém é perfeito!”. Detesto essa interjeição.
Sei lá, parece que quem fala isso quer dizer: “Olha, eu cometi esse erro, mas eu sou muito bom, melhor do que eu ninguém será, afinal, pessoa alguma é perfeita, portanto me perdoe.” Como se a gente precisasse de perfeição pra ser feliz! Uma pessoa que tente não cometer erros homéricos já está de bom tamanho. E, sobretudo, uma pessoa que não justifique suas mancadas com chavão de quinta categoria. Oh, glória!
A gente não carece de companhia perfeita, a gente não carece, sequer de ser perfeito para ser feliz, mas o perfeccionismo que judia, também é uma virtude. Perfeccionistas se sentem muito mal frente ao fato de não conseguirem o melhor que desejam. Disso eu gosto!
Meu amigo, você não precisa ser perfeito, mas tentar agir de forma eximia e perfeita não é errado! Claro, se deprimir e imergir-se num quadro depressivo e descontente pelo fato de, tentando acertar, ter errado, não é legal, não é necessário. Mas tentar acertar, tentar dar o seu melhor e ser o melhor que você pode ser é preciso!
O mundo seria muito melhor se as pessoas, ao invés de consolar-se com a imperfeição generalizada, inerente a espécie humana, se esforçassem para ser melhores e, porque não dizer, ter um agir perfeito, sem ter a paranoia esquizofrênica de ter que conseguir isso a todo custo.
O primeiro passo para ser excelente em algo ou numa relação é tentar ser. Conformar-se de que homem algum pode ser excelente marido em tudo ou que mulher alguma será a esposa perfeita não ajudará você a ser melhor, apenas irá lhe conformar no melhor estilo “eu não sou o máximo, mas ela não vai achar outro que seja.”
Até você entrar com a bunda e a mulher com o pé e, algum tempo depois, ambos os pés a levarem até um sujeito muito mais esforçado do que você. E esforço é o primeiro passo da superação e da apregoada perfeição!
Eu acho estranho o mundo, porque a perfeição moral é rechaçada por todos, enfim, todos dizem que ela é inatingível, que ninguém pode ser perfeito. Todavia, as revistas da moda estão cheias de dicas de alimentação, plásticas e exercícios para se conquistar o “corpo perfeito”. Em que pese, ao meu gosto, esse corpo grande, demasiado musculoso que está na moda, não seja perfeito, mas vem fazendo a cabeça das mulheres e dos homens atualmente. Gosto, cores e amores, não se discutem!
Não importa, no caso, o meu gosto ou o seu, importa o seguinte: porque se fala em possível perfeição física e não moral? Se pensarmos que todos somos diferentes, veremos que o perfeito para mim, será imperfeito para você, tanto no aspecto moral e espiritual, quanto no estético.
E isso é verdade! Todavia, as pessoas são semelhantes em algumas predileções, em que pese nem sempre ofereçam as virtudes que buscam: todos gostam de carinho, de honestidade, de lealdade, de fidelidade, de sinceridade, de educação, de amor, de competência profissional, de sexo, inclusive. Quem não gosta de alguma dessas coisas citadas é hipócrita, ou por negar que gosta, quando gosta, ou por dizer que gosta, quando dispensa, o que é o caso da sinceridade, que a maioria enaltece, mas não aguenta.
Eu acho que toda busca pelo aprimoramento, seja físico, psíquico ou moral é válida. Eu acho que ter um ideal de perfeição a ser buscado, desde que você não se torne uma pessoa cheia de “nóias” e chata, é interessante. Se você não crer no melhor, você nunca o irá atingir e, em minha opinião, o melhor é o perfeito. Perfeito dentro das suas possibilidades.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de agosto de 2014.

Contrato de felicidade amorosa.

Contrato de felicidade amorosa.

Advogados honestos e bons não podem se comprometer em "ganhar" determinada causa, em "resolver" a situação. A obrigação dele é de envidar todo seu esforço para atingir o objetivo pelo qual foi contratado. Trata-se de obrigação de "meio", não de fim. O meio aí referido é trabalhar em respeito aos interesses do cliente, sem ter certeza se obterá seu objetivo.
Advogado que diz ao cliente que vai solucionar tudo, ou mente ou é vidente, médium, enfim. Impossível! Nas relações amorosas a nossa meta sempre deve ser, também, usar tudo o que nos eh possível para fazermos dar certo.
Jurar amor eterno e o tradicional final feliz, que nada mais é do que uma relação eterna, pode ser lindo, pode ser até um anseio, mas não vai ter efeito algum se a pessoa não se dedicar, dia após dia, em manter o relacionamento leve, porém quente e alegre. O fim a gente não garante, a gente anseia! Natural querer, quando "in love", viver o resto da vida com alguém, mas vontade sem muita atitude será anseio frustrado.
Querer ficar com alguém e ser sempre feliz ao seu lado só funciona na vida rotineira se existirem atos, gestos e muito carinho para tanto. Relacionamentos são como contratos de empreitada nos quais ambos se comprometem a construir uma relação feliz, apaixonada e divertida. Durante todos os dias da união! Se um dos dois deixa a "construção" de lado, o contrato se torna inócuo.
Casamentos são contratos de direito de família. Afetivamente eu diria que são "empreitadas", cujo resultado não tem prazo final de termino se ambos cumprirem seu dever. Ora, mas se os parceiros são corresponsáveis pela construção de uma vida amorosa quente e harmônica, quem seria o "contratante"? A felicidade de uma relação duradoura e, quiçá, sem fim, ou, ao menos, sem razões para ter um fim.
O objetivo da união será este, o meio de construção será usar o amor, o humor e a paixão para viver cada dia da relação como se fosse o ultimo. Se existirão embates? Se nem sempre tudo serão flores? Claro que sim! Pessoas têm problemas, pessoas ficam nervosas, caladas, preocupadas. Mas nada disso justifica a ausência de vontade de fazer dar certo. E fazer dar certo não requer, apenas vontade, requer atitudes em consonância dela.
Alcoólatras em recuperação usam o "só por hoje" para conseguirem viver sem o vício um dia de cada vez. Usar esse mote para fazer uma relação legal é interessante! "Só por hoje" e o amanhã chega! E chega feliz como o começo chegou. Se as pessoas não deixassem para depois o amor que poderia ser vivido e feito hoje, as relações seriam mais felizes.
Mas elas deixam a água do café amornar e, de repente, desistem de tomá-lo. Deixam para depois, deixam, deixam e o depois chega. E chega entediante, chega sem graça, chega sem brilho. Chega como aquilo que não deveria ter sido deixado, chega como o que nunca deveria ter sido adiado, pelo contrário, aquilo que merecia ter sido vivenciado, curtido, sentido e aproveitado!
Viajar, sair de férias, conhecer lugares, isso pode ser adiado em virtude de trabalho, de compromissos outros. Mas o que é afetivo não merece ser adiado, o que acontece entre quatro paredes na vida de um casal tem que ser curtido, tem que ser vivido, sem adiamentos desnecessários.
Diga que ama, beije, abrace, namore, aproveite a cama, a sala, a cozinha, o chuveiro. Não deixe nada para depois, se você pode fazer agora, não deixe para depois os diálogos que devem nascer no momento, as declarações afetuosas, o carinho e o prazer que podem ser ditos e experimentados no presente.
A melhor maneira de cultivar uma relação feliz é vivenciá-la com intensidade, sem postergar as alegrias e sem focar demais nos tropeços. O momento de amar é agora, não se acostume a adiar amor, não se acostume a deixar para depois nada que diga respeito a sorrisos e prazeres.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de agosto de 2014.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Sério!

Sério!

Eu gosto de gostar, gosto de me sentir encantada, goste de me sentir apaixonada, mas, sobretudo, eu sou uma mulher objetiva: sei que meu sentimento não me fará bem se eu me apaixonar e me encantar sozinha. Encantamento unilateral é calvário!
Talvez seja medo de sofrer, talvez eu seja demasiado simples, mas curto saber o que o outro sente, curto relações sérias na qual cada uma das pessoas envolvidas possa ser definida por palavras que constem em qualquer dicionário.
Algo como “namorada”, por exemplo. Essa coisa de não ter compromisso não combina comigo, esse lance de ficar, menos ainda. Bem, “ficante” é uma palavra que nem existe no dicionário, nem o Word reconhece o termo!
Se você gosta de alguém, você assume uma relação com ele, ao menos, perante ele, se você gosta da companhia de alguém, se você sabe o que quer da vida, se você sabe quem quer na sua vida, não tem porque ter medo de palavras que correspondam a algo menos fugaz e mais sério.
Gostar de alguém, meu amigo, é algo sério. Muito serio. Seríssimo. E, como tal, merece ser levado a sério, logo, não existe porque você ter medo de palavras que geram situação de compromisso em virtude da seriedade, se você já esta emocionalmente envolvido.
Se você não quer ter algo sério com alguém, não se relacione. Não encontre afinidades, não conheça e nem se dê a conhecer, apenas se vista de quarta a domingo à noite, vá a bares e demais baladas, conheça várias pessoas, beije algumas, transe com outras, mas não se apegue a nenhuma! Simples!
A partir do momento em que surgem afinidades com alguém, a partir do momento em que você sente falta da companhia, do cheiro, do beijo, do papo e da risada de alguém, sinto lhe informar, mas a sua situação está séria. Realmente séria!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de agosto de 2014.

Não aceite!

Não aceite!

Se for para ser feliz, troque de emprego, faça uma plástica, engorde, emagreça, vire marombeira, procure um esteticista, um psiquiatra, tome antidepressivo se precisar, faça análise, leia livros de autoajuda.
Se for para ser feliz peça o divórcio, se matricule em outro curso superior, se afaste dos amigos, se aproxime de outras pessoas, trabalhe mais, diminua o ritmo, mude a cor do cabelo, mude o corte, revolucione a aparência, compre roupas novas, compre sapatos, bolsas, mas não se esqueça dos livros. Compre livros!
Vá para o interior, vá para a cidade, mude de Estado, mude de estado civil, de endereço, de telefone, de profissão. Se for para ser feliz faça qualquer coisa, mas, por favor, não se resigne descontente, não inveje quem é feliz, alegre e segue a sua vida com êxito, porque quem vive desta forma é porque cuida da sua vida, do seu coração, da sua alma, da sua aparência, inclusive!
Antes de invejar, admire, volte os olhos para si, fique de pé perante o espelho e resolva mudar a si mesmo e a sua vida, porque a felicidade e as realizações alheias a sua inveja não vai mudar. Cuide de você, porque os outros não lhe dizem respeito. Deixe-os viverem bem e viva bem você também.
Não se admita sentir inveja, porque quando este sentimento chega, ele só pode ter uma utilidade: mostrar para você que a sua infelicidade e frustração estão elevadas, logo, mude! Tome uma atitude! Faça o que for, mas não se aceite vil de forma a desejar que os outros caiam para você ter a companhia deles no chão. Onde você está, enfim.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de agosto de 2014. 

Sua vida, nada além.

Sua vida, nada além.

Se você não consegue ser feliz, se você não consegue achar graça na sua rotina insossa, se você não consegue se sentir bem na própria pele, antes de vestir a tradicional carapuça de ser humano realizado e bem sucedido, faça um favor ao mundo: deixe os outros serem!
Deixe os outros serem felizes, se divertirem, aproveitarem a graça dos seus dias, a beleza de seus momentos, a alegria inerente a pessoas bem resolvidas, intelectualizas e felizes.
Logo, frente a essa sua infeliz e infame vontade de perscrutar os atos, erros e vivências alheias, use tal "energia" para tentar se tornar uma pessoa melhor, mais feliz, mais plena! Sei lá, procure um analista, um psiquiatra, um padre, uma agência de viagem, um médium, compre um livro de autoajuda!
Faça qualquer coisa, mas cuide de si, da sua vida, busque a sua realização, porque enquanto você faz fofoca e investiga a vida alheia, o outro aproveita a própria felicidade e você assina um atestado de infelicidade e incapacidade intelectual: sua vida é tão sem graça que nem cuidar dela lhe anima, afinal nada melhor do que as emoções da vida alheia para dar sentido à sequência de dias vazios e fúteis que você chama de existência! Ai que dó!
A vida não foi feita para ser observada e analisada. A sua vida não foi feita para isso, mais ainda a vida dos outros. Viva intensamente, ame, trabalhe, estude, conviva com quem você ama, seja feliz ou, ao menos, tente ser, faça o necessário para ser, enfim, ainda que, para isso, você precise trocar de emprego, fazer uma cirurgia plástica, emagrecer, se divorciar ou virar marombeira.
Fique só se estiver infeliz, ame quem lhe merece e não dê margem à infelicidade. Agora, meu caro, cuidar da vida dos outros, querer ver os outros em maus lençóis para, apenas assim, sentir-se melhor na própria pele é lamentável, é odioso. É típico de time de várzea que não ganha nada e se rejubila frente à derrota dos que sempre estão à sua frente.
Você não é tão pequeno, tão pouco e insignificante que precise rebaixar-se ao papel de expectador da vida alheia: enquanto o outro vive bem e feliz, você o acompanha como se fosse seriado de televisão americana. Sai dessa, meu amigo, esqueça-se dos outros e cuide da sua vida que, piora, na exata proporção em que a importância que você dá para o que os outros fazem ou deixam de fazer aumenta.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de agosto de 2014.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Bençãos!

Bençãos!

Acho que palavras bonitas não salvam atitudes feias, mas eu gosto das palavras! Quando ditas do fundo da alma. Demonstrar através delas o que você sente eh essencial. As pessoas que lhe amam carecem saber sobre o que se passa em seu íntimo. Por isso existe o dia das mães, dos pais, dos namorados.
Desde criança, porém, sempre fui demasiado afetiva. O tipo meio purgante de criança que diz que ama as pessoas quando sentia vontade. E era chata a ponto de pedir isso para meus pais. Talvez fosse insegurança em virtude da seriedade da minha mãe. Hoje em dia, não cobro que quem está comigo diga o que sente, mas não me policio em dizer.
Digo a minhas tias, para minha melhor amiga, para minha mãe, e namorado ou marido quando tenho. Quem convive comigo não padece de carência por falta de atos, gestos e palavras amorosas. Acho que se todos fossem mais amáveis não precisaríamos de datas comemorativas para nada, porque, sinceramente, bem querer e amor se celebram todos os dias.
Diga ao seu pai e mãe o quanto lhes ama e admira, todos os dias se tiver vontade. Não se engasgue com amor não demonstrado ou dado. Não deixe para amanhã o carinho que pode ser dado agora, porque essa "coisa" de amanhã é temerária.
Talvez ele não chegue como nos seus planos, logo se você reclama na hora do que não gosta, aprenda a falar o que de bom sente com a mesma imediatidade. Se sente, é claro. Do contrário o silêncio estará de bom tamanho.
Acho que as pessoas cultuam palavras ruins, cultuam reclamações e não elogios, palavras ternas e carinhosas. O “não gostei” dessa carne ou a salada está muito salgada é mais comum do que “a comida está deliciosa” ou “que salada perfeitamente temperada para esse clima quente!”.
A gente tende a falar mais do que não gosta, do que quando gosta. A sua mãe cozinha todos os dias. Passam-se meses e você não elogia, quando algo não está ao seu gosto, porém a reclamação é imediata. Essa é a lamentável regra: muitas pedras, poucas flores.
Eu sou do tipo que gosta de rosas, orquídeas e qualquer florzinha simplória. Flores enfeitam, pedras machucam. Elogios e palavras doces são flores para o espirito, e são gratuitos! Não custam nada para quem diz e modificam o humor de quem ouve.
Não espere, pois, o dia dos namorados para dizer que o seu namorado é o melhor, para dizer que a sua esposa é sensacional e que você a ama. Não espere o dia das mães ou o aniversário para dizer à sua mãezinha o quanto ela é especial para você.
Não economize em palavras amáveis quando você sente amor, quando você sente admiração. Amor é sentido para ser demonstrado, através de atos e, sim, através de palavras. Palavras sinceras e bondosas são bênçãos! Use-as!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 25 de agosto de 2014.

Semelhanças reveladoras.

Semelhanças reveladoras.

As pessoas se assemelham na dor e no amor. Tendemos a ter "reflexos" semelhantes e vontades afins quando gostamos ou não gostamos de alguém. Logo, se você quer saber se uma pessoa gosta ou quer você e a sua companhia, basta analisar seus atos. A resposta será evidente.
Sabe aquela coisa de que as pessoas gostam do que é difícil? Ela é verdade, se colocarmos o adjetivo “idiota” após a palavra pessoas. Gente psiquicamente sã, emocionalmente inteligente, gosta de quem gosta delas.
Se podemos cair em erro e gostarmos de quem não gosta de nós? Podemos, desde que, obviamente, a tal pessoa nos engane e finja que gosta, porque frente a ausência de sentimento e a atos gentis, só iremos gostar de quem não nos trata bem se formos masoquistas emocionalmente.
Se a pessoa finge, age como se nos amasse, mas não nos ama, a idiota, além de falsa e maldosa, é ela. Seremos nós, com certeza, se formos ignorados, legados ao segundo ou terceiro plano na vida da pessoa e, ainda assim, insistirmos em cultivar por ela bem querer.
Quem gosta da gente, se importa e demonstra que se importa conosco. Quando a gente gosta, por exemplo, a gente quer estar junto, certo? Então, se alguém gostar de você ele vai lhe procurar, vai querer estar com você, respeitando, é claro, os necessários momentos de privacidade dos quais todo individuo necessita.
Quando você não gosta de alguém a tendência é evita-lo, não é? Pois é, quando alguém não gosta de você, a atitude será a mesma. Não existem muitos mistérios, em que pese, logicamente, cada individuo tenha as suas peculiaridades, mas o normal é: gosto, desejo e procuro, não gosto, não quero e evito. Fujo, se possível!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 25 de agosto de 2014.

Religião e atitude.

Religião e atitude.

Domingo, depois das 18 horas, passei em frente à igreja matriz de Sorriso e me deparo com muitas, muitas pessoas lá dentro. Sei lá, se menos da metade das pessoas que estão lá exercessem a lei cristã de "não fazer aos outros o que não querem que façam para si", viveríamos num mundo melhor.
Num mundo em que, ao menos, poderíamos confiar mais nas pessoas. E isso não ocorre. Pelo contrário, aqui, se não em toda parte do mundo, as pessoas não pensam duas vezes antes de falar mal da vida alheia, como se fossem juízes, como se fossem perfeitas.
Toda oração, toda pregação, tudo, absolutamente tudo o que se ouve dentro da igreja católica ou no exercício de qualquer credo, se torna inócuo frente a atos vis. De nada adianta orar todo domingo e sair da igreja falando mal de quem não conhece, criticar com severidade a vida de pessoas cuja história desconhece e, o que é pior, inventar o que não se sabe para prejudicar ao outro.
De nada adianta rezar de joelhos e invejar o que o outro tem e quem ele é, de nada adianta ser um cristão que não pratica principio básico algum do cristianismo. Portanto, não me venha aplicar que exercitar uma religião é necessário. Necessário é ser bom, ser honesto e empático, o resto são adereços. Meros adereços.
Ir à igreja toda a semana, ler a bíblia com frequência e ser infiel, falar mal de quem confia em você e desabafa aos seus ouvidos o que chama de problemas, não é necessário. Se modificar, buscar evoluir, crescer e se colocar no lugar do outro é mais necessário do que exercitar a fé frequentando um templo religioso.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 25 de agosto de 2014.

sábado, 23 de agosto de 2014

Nietzsche, inveja e felicidade: algumas conjeturas.

Nietzsche, inveja e felicidade: algumas conjeturas.

Ontem, na companhia de uma pessoa excelente, diante da sua pureza, lembrei-me do conteúdo de um dos meus livros preferidos do inicio da minha fase adulta, final da adolescência, o sempre magnifico “Humano, demasiado humano” de Friedrich Nietzsche.
Um dos aforismos do livro diz que “a falta de amigos faz pensar em inveja ou presunção. Há pessoas que devem seus amigos à feliz circunstância de não ter motivo para a inveja.” Pois eu concordo.
Então, alguém pode pensar, “ora, mas você tem pouquíssimos amigos, então é presunçosa ou invejosa.” Não, não sou. Meu caro, existe muita diferença entre ter poucos amigos e ser pouco amiga, capiche? Se não cultivo muitas amizades é porque a vida me mostrou que, apesar de minha franqueza e transparência, algumas pessoas são falsas e problemáticas, logo, tornei-me seletiva em tudo, nas amizades inclusive.
Não chamo qualquer conhecido ou colega de amigo. Amizade requer confiança, cumplicidade e um amor terno, de forma que a pessoa não lhe estenda a mão apenas quando você está mal, mas consiga lhe abraçar quando ela carece de abraço e você esta exultante de feliz (com o perdão da redundância). A maioria dos amigos a gente encontra no primeiro caso, infelizmente.
Crescer na vida e estar em um momento melhor do que o do amigo é uma provação para a amizade. E confirma a frase do meu filósofo preferido. Mas eu faço um adendo, dizendo que há pessoas que devem o seu “agir amigável” a feliz circunstância de não ter motivo para a inveja, afinal, não raras vezes, damos confiança e chamamos de amigos pessoas que não mereciam nem o nosso “olá”, muito menos o nosso prezar.
Gente invejosa consegue se passar por amiga de muitos, mas, cedo ou tarde, estragam a amizade, porque a inveja faz com que o sujeito tenha aquele ânimo maligno de, utilizando-se da intimidade, difamar o proceder alheio para parecer ao outro superior, vez que o invejoso tem um momento de lucidez: ele sabe que é inferior, ao menos moralmente, ao invejado. Se não fosse, não seria invejoso! Seria um simples admirador, uma pessoa que se rejubila com a alegria de quem gosta.  
E, acredite, não é ser mais feio, mais pobre ou mais ignorante que o invejado que gera a inveja, é ser mais infeliz, menos alegre, porque a felicidade imotivada gera mais inveja do que tudo no mundo. O brilho, a alegria e ânimo de uma pessoa feliz e alegre aniquilam com a autoestima dos infelizes.
Dinheiro causa inveja? Com certeza, mas não tanto quanto a alegria, afinal, se dinheiro resolvesse tudo não teríamos gente milionária se matando por depressão. Felicidade, nos dias de hoje, é a maior fonte despertadora da inveja alheia. Infelizmente, porque ser feliz é uma responsabilidade do homem para consigo mesmo, nada que venha de fora conseguirá mudar uma circunstância que deve nascer na alma, quando nos encontramos com a nossa essência.  
A alegria costuma se relacionar ao sucesso, aos amores correspondidos, ao trabalho, ao dinheiro, até mesmo à aparência, a felicidade, porém, se relaciona, pura e simplesmente, com o “ser bem resolvido” psíquica e emocionalmente e ela, definitivamente, não tem preço e não se adquire. Todavia, se você está infeliz, mas endinheirado, não titubeie: viaje! Numa dessas, em Paris ou Nova York, você encontra a sua essência, se resolve e passa a ser feliz, além de rico, elegante e culturalmente abastado.

Cláudia de Marchi


Sorriso/MT, 23 de agosto de 2014.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Maioria.

Maioria.

Se uma pessoa quiser se dar bem em qualquer argumentação comigo, pode esquecer-se de falar a palavra “maioria”. Ah, a “maioria” pensa assim, a “maioria” das mulheres age desta forma, a “maioria” dos homens é deste jeito.
Claro, você pode falar em maiorias comigo, desde que você não queira que eu aja como ela e desde que você não seja como ela! A maioria existe, meu caro, mas se ela fosse boa, se ela prestasse, o mundo não estaria assim, especificamente, o Brasil não estaria como está. Não teríamos os governantes que temos, a corrupção reinante e os valores invertidos a ponto de peitos e bundas serem mais valorizados do que inteligência e decência (Valeska Popozuda é pensadora, certo?!).
A maioria neste País, não é artista: é ator, atriz, apresentador ou o novo corpo da Playboy, a nova egressa do Big Brother (piada!). Artista é quem cria, quem inventa, quem faz arte, quem pensa, não é quem malha 4 horas por dia, mal sabe falar, nunca leu um livro até o final, não tem opiniões sobre nada, joga bola e fala “erado” (sim, com um “r” só!), tem programa televisivo e fatura mais em um mês do que um diplomado competente em um ano. E a maioria valoriza esse povo, acompanha esse povo na revista Caras (baratas!) e afins.
Um mundo em que a maioria se interessa mais pela situação financeira e status alheio do que pelas opiniões e honestidade, não é admirável. Um mundo em que mulheres se interessam por homens pelo carro e dinheiro que têm e homens procuram mulheres apenas pela aparência em detrimento da decência e personalidade, não é um local em que a maioria me atraia.
Ou melhor, o mundo, de um ponto de vista estético e físico, é atraente, mas quem o habita não. Não em sua maioria. Outro dia meus alunos falaram do critério do “homem médio”. O “homem médio”, no Direito, são os nem muito inteligentes, nem muito tolos, a maioria, enfim. Esse critério pode ser judicialmente relevante, mas não moralmente. O homem médio no século XXI me assusta!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 22 de agosto de 2014.  

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Você mesmo.

Você mesmo.

Que tolice essa coisa de querer agradar a todos. Em primeiro lugar, além de ser um devaneio a crença de que isso é possível, isso indicia certo orgulho: se nem Jesus agradou, você acha que vai conseguir? Sai dessa, jovem!
Em segundo lugar, quem é você no meio destas mil faces que se adequam a mil pessoas? Seja você mesmo, quem gostar, ótimo, quem não gostar, azar. Azar o dele. Na vida você só tem a obrigação de ser empático, educado e humilde, o resto é questão de afinidade e não de falsidade.
E, por favor, seja tudo nessa vida, mas não seja falso, o mundo não precisa de pessoas que fingem ser quem não são, o mundo precisa de quem “seja”, porque o resto não faz falta. É resto!
Quem muito se importa com a opinião alheia se torna massa de modelar nas mãos dos outros e, portanto, deixa de ser um individuo, deixa de ter uma existência relevante, na medida em que dá relevo demais ao que os outros desejam.
Existe muita diferença entre ser educado e simpático e ser servil, em servir àquilo que esperam de você, àquilo que os outros desejam. A realidade é que você nunca vai agradar a todos, o consolo é que você agrada unicamente àqueles com quem deve se importar. Que serão os que irão se importar com você.
Fuja do mar de falsidade que se caracteriza nesse negócio de ser o que esperam que você seja. Seja você e espere que alguém aceite, quem aceitar e, mais, quem gostar será quem merece ficar em sua vida.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 21 de agosto de 2014.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Graciosos.

Graciosos.

Eu não gosto de gente sem graça, de gente que não sorri, de gente que não brinca, que está sempre com a cara amarrada como se estivesse em estado permanente de desnutrição e fome. Sorrir faz bem! Você não precisa sorrir para todo mundo, mas ser antipático com quem é simpático com você é de uma arrogância abjeta.
Você tem o direito de ser distraído, de andar acabrunhado de vez em quando, mas não tem o direito de tratar de forma fria quem nunca lhe fez mal e, ainda, é afável com você. Eu acho de última, essa coisa de ser prepotente, independente de você vestir-se bem, andar de carro importado, ser atraente ou muito rico.
A maior beleza a gente expõe de dentro pra fora, a maior riqueza vem do coração, então, meu amigo, por mais bonito ou milionário que você seja, se isso tirar a sua humildade, graça e simpatia, então você só será um pobre coitado. Pobre coitado e sem graça, o que é pior!
Nada no mundo justifica o entojo de certas pessoas, nada no mundo justifica aquela riqueza desprovida de brilho, a beleza desprovida de ternura, de simpatia. Ninguém pode ser tão belo que não se torne ainda mais encantador com um sorriso no rosto, nem tão abastado financeiramente que não careça de crescimento interior, de afetuosidade.
Eu gosto de gente bonita, elegante e sincera, mas, sobretudo eu gosto de gente que não se acha bonita, que não se acha elegante, que não se acha o gás da Coca-Cola. E quando eu falo em não se achar, não é em não ter aquela necessária consciência de si mesmo, mas em não se achar melhor do que os outros, enfim.
A humildade torna qualquer pessoa melhor do que outra que pretende ser interessante, mas é orgulhosa, capiche?! É ela que determina a verdadeira beleza, a essência real das pessoas. Se você olha os outros de cima a baixo com ar de superioridade, é porque você ainda não se deu conta que o seu orgulho é lhe coloca abaixo. Abaixo de qualquer um e abaixo do que você poderia ser se fosse humilde.


Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 19 de agosto de 2014.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Exigentes, sim, com orgulho!

Exigentes, sim, com orgulho!

Eu sempre começo uma relação, ainda que curta, pensando que isso eu quero, aquilo eu não quero. Isso eu desejo, aquilo eu sequer suporto! De repente conheço uma pessoa que tem tudo o que o outro não tinha, tudo o que eu estava querendo, mas dai me apresenta mais algumas características que não desejo em um parceiro.
Características, diga-se que não desejo nem em um companheiro para a mulher mais recalcada da paróquia! Complicado heinhô Batista?! Quanto mais experiente, madura e balzaquiana, mais exigente.
As pessoas dizem que a gente fica só porque é exigente, sei lá, eu acho que a gente fica só, porque é experiente e independente emocionalmente, afinal, uma pessoa que precisa estar acompanhada pra se sentir feliz, aceita qualquer companhia. Are, Deus me livre desta característica!
Eu não aceito qualquer companhia, embora tenha conhecido muitos “qualqueres”, muitos cidadãos que pareciam ótimos e eram. Ótimos na arte de enganar, ótimos na arte de ser uma fraude. Mas, e daí? Pé na bunda, bunda do pé e vida que segue.
Ridículo mesmo é ficar com quem não corresponde as suas mínimas expectativas, ridículo mesmo é passar por cima de todos os seus conceitos e princípios para ter alguém para chamar de “seu”. A vida é uma escola e uma escola que nos torna mais seletivos nas nossas escolhas.
Aos dezoito você quer um cara charmoso, carinhoso, inteligente e com um futuro legal. Aos vinte e cinco você quer um cara inteligente, trabalhador, charmoso e que esteja construindo um futuro legal com honestidade.
Aos trinta você quer tudo isso, e ainda, quer que o cara saiba valorizar a sua história, que veja em você a beleza da alma, a dedicação na carreira, antes de mensurar o tamanho do seu traseiro, que queira lhe conhecer bem, que seja engraçado, equilibrado, bem humorado, bem sucedido, mas honesto, afetuoso, simpático, que goste de cinema, que curta as suas ideias, que admire você e, claro, que seja bom de cama.
E a vida vai passando e a seletividade crescendo, os requisitos aumentando. Isso pode ser estranho, mas é uma demonstração de que a mulher está numa fase psiquicamente saudável: não precisa de alguém pra ser feliz, só precisa ser ela mesma e de alguém que a ame. Opa, não só que a ame, mas que seja legal, muito legal! Antes exigente do que desesperada, simples assim!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 18 de agosto de 2014.

Romantismo, me dê licença!

Romantismo, me dê licença!

A gente não deve estender as nossas frustrações aos outros, mas, por outro lado, analisar certas circunstancias com mais ceticismo faz parte da maturidade. Exemplo disso é o tal do “amor eterno”.
Depois de ficar mais de cinco horas no salão, lendo todas as revistas “Nova” lá disponibilizadas, me assusto: são casais jovens, muito jovens, cheios da crença de que encontraram seu único e verdadeiro amor.
Eu acredito no amor, sobretudo, eu acredito nessa pueril sensação de ter encontrado o amor da vida da gente! Acontece que, sem querer desapontar ninguém, mas a gente não sente isso só uma vez na vida. Talvez a gente sinta isso com mais esperança e fé no ser humano uma vez apenas, mas essa coisa de amor, acredite, não é como virgindade que a gente só tem e perde uma vez na vida.
Existem novos amores após os amores passados e existirão novos amores após os amores futuros. É normal amar e acreditar que todo o sentido da palavra amor se esgota naquele seu relacionamento, que não existirão outros. Acontece, querida, que isso é uma sensação, não significa que seja uma realidade.
Quando você ama você só quer aquela pessoa, você só se imagina com aquela pessoa, você nem vê a sua existência num futuro sem ela. E, cá entre nós, essa sensação ó ótima! Mas, como dito, não passa de uma sensação que revela nossos instintos românticos.
A verdade é que existe vida longe daquela pessoa, existem outros romances, outros amores e novos sentimentos. Não confunda o seu romantismo com a realidade da vida, ou, lamento, você vai terminar capotando numa das suas curvas.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 18 de agosto de 2014.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Azedos.

Azedos.

Tenho certa ojeriza de gente desanimada, de gente que não aperta a mão com convicção, de gente que dá um “bom dia” desanimado, como se não estivesse nem acordado. Eu gosto de gente alegre, de gente animada, de gente que demonstra, nas palavras e nas atitudes, a fé que tem na vida.
Gosto de quem se levanta de manha alegre. Se você não está acordando numa cama de hospital, se não chegou do velório da mãe, do pai, do filho ou do marido, não tem porque esmorecer.
E olha que eu conheço muita gente diagnosticada com doença letal que não perde a alegria, até porque, a vida é curta, passar por ela de “arrasto” não é legal. É triste, é feio. E eu, sinceramente, não gosto de gente triste, azeda e de mal com a vida.
Da mesma forma que eu acho o fim da picada viver reclamando. Tem gente que cultua seus próprios problemas, tem gente que dá tanta atenção ao que de errado lhe acontece que eu chego à conclusão que nem Deus se anima a lhe dar algo bom, algo diferente.
Existem inúmeras provações na nossa vida. Não adianta nada ir à igreja todo domingo e voltar para casa com pensamentos negativos, reclamando da vida e daquilo que não lhe contenta nela. Problemas e provações a gente enfrenta com fé e está não combina com lamúrias, com reclamações e mau humor.
Se você tem fé na vida, se você tem fé em Deus, você vai ter alegria, vai ter ânimo, do contrário, você só tem fé pra inglês ver, pra ir à missa e pagar de bom samaritano para quem não convive diariamente com você. Só lamento!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 15 de agosto de 2014.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Ovelhas.

Ovelhas.

Outro dia eu vi uma “tirinha” na internet na qual o sujeito estava deitado ao lado da moça, após uma noite de sexo agradável, após um jantar em que ela se ofereceu para dividir a conta e ele aceitou, e pensava algo tipo: “Saco, deu fácil, não vou poder namorar!”.
Jovem, você percebe o quanto isso é ridículo e capaz de lhe colocar em maus bocados?! Se você conhece uma moça que, claro, é inteligente, divertida, independente, bonita e decente, mas rola a química e ela se entrega ao que os hormônios dizem, não significa que ela seja “inamorável”. Não significa que ela faça isso sempre que conheça um homem, a menos, claro, que a criatura viva na noite, ficando com um cara por balada! Ainda assim, você só pode se dar ao direito de desconfiar, não de ter “certezas”.
Todavia, biscates, interesseiras e vagabas se lhe acharem “namorável”, sabendo que você é um otário machista, mas rico ou bonito, vão agir de forma a agradar-lhe fazendo-se de difícil, de “pura”, de queridinha, para você pensar que será uma ótima namorada. E, pronto! Você vai namorar a mais vagaba de todas!
Sai dessa, “fio”! Aprenda que julgar uma mulher porque transou com ela fácil é idiotice. É de uma ignorância retrograda e boba. Se for pra julgar a pessoa, se for pra julgar a mulher, saia com ela mais vezes, conheça sua forma de pensar o mundo e a vida, sua postura perante a existência, pesquise seu passado, talvez, mas separar o mundo em: “só namoro as que não dão fácil” e “não namoro as outras”, faz de você previsível, além de trouxa.
Eu conheci muitos amigos assim, e, posso dizer catedraticamente, os sujeitos iam buscar lã e saiam tosquiados. Capiche?! Foram vitimas do próprio machismo. Cara, aprenda uma coisa, sexo cedo ou tarde só mede uma coisa: se a química foi boa, porque se é ruim você não vai querer e a mulher menos ainda.
Tem muita mulher por aí “pagando” de santa pra conquistar o “posto” de namorada, usar o dinheiro do sujeito, ou aproveitar que ele paga a conta de bons jantares, até encontrar um cara mais rico. E, depois vai procurar os pobres, mas bonitos e jovens, para transar.
A visão da gente não pode se circunscrever a atitudes, não quando elas são isoladas. É claro, eu entendo e até concordo, que o cara não queira namorar a moça que tá toda sexta-feira na balada, de saia curta, copo na mão e um paquera por saideira. Mas daí a julgar uma estranha, porque transou com ela, é de uma imbecilidade que só lhe fará vitima de mulheres realmente vadias, mas “fazidas”. Essas você vai amar! (Coitado!).
E como tem isso nesse mundo! Eu não apoio, essa coisa de transar fácil, mas uma coisa é certa: nenhuma mulher com mais de trinta anos vai passar a vida sem uma transa “facinha”. Acontece de a química ser forte, acontece de haver carência, acontece de, sei lá, você cansar daquela coisa que o House dizia: “seu lábios dizem não, seus hormônios dizem sim, sim, continua.”
Enfim, nem sempre, a gente vai se controlar, ao menos uma exceção nessa coisa de seguir o que os lábios e a razão mandam vai ocorrer na vida e isso não faz de nenhuma mulher não namorável, vadia ou algo assim.
Mulher, “fio”, não é santa, mas também não é puta. O tipo mais perigoso, no entanto, é o que gosta de posar de santinha, mas que fica perguntando para o sujeito, antes de saber o que ele gosta de fazer, qual é a profissão dele, qual o sobrenome e onde ele trabalha. Essas sim são perigosas, porque estão preparadas, estão a caça do namorado rico e se colocam num patamar moral que não possuem para conquista-lo. Até porque, ele é previsivelmente machista.
Enfim, tem muito que esses homens aprenderem. Creio que esses estigmas, transar fácil ou não, só serve para limitar a capacidade do sujeito de pensar na mulher como uma pessoa que, além de saúde física e sexual, além de hormônios ativos, tem moralidade, conduta, honestidade, inteligência, alegria, bom gosto, enfim. O sujeito perde muito por julgar a pessoa por um ato, como se ela fosse só aquilo. Sei lá, talvez isso só indicie que o intelecto do rapaz é limitado.
Dos homens que conheço, nenhum dos inteligentes estigmatiza as mulheres por elas transarem com eles no primeiro ou segundo encontro, eles estigmatizam, isto sim, as baladeiras, que estão se assanhando toda semana para um sujeito diferente, bem, aí eu nem questiono, nenhum ser humano sobrevive sem ter algum preconceito, então que provenha da lógica e de certa inteligência, ao menos.  

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 14 de agosto de 2014.