Nietzsche,
inveja e felicidade: algumas conjeturas.
Ontem,
na companhia de uma pessoa excelente, diante da sua pureza, lembrei-me do
conteúdo de um dos meus livros preferidos do inicio da minha fase adulta, final
da adolescência, o sempre magnifico “Humano, demasiado humano” de Friedrich
Nietzsche.
Um
dos aforismos do livro diz que “a falta de amigos faz pensar em inveja ou
presunção. Há pessoas que devem seus amigos à feliz circunstância de não ter
motivo para a inveja.” Pois eu concordo.
Então,
alguém pode pensar, “ora, mas você tem pouquíssimos amigos, então é presunçosa
ou invejosa.” Não, não sou. Meu caro, existe muita diferença entre ter poucos
amigos e ser pouco amiga, capiche? Se não cultivo muitas amizades é porque a
vida me mostrou que, apesar de minha franqueza e transparência, algumas pessoas
são falsas e problemáticas, logo, tornei-me seletiva em tudo, nas amizades
inclusive.
Não
chamo qualquer conhecido ou colega de amigo. Amizade requer confiança,
cumplicidade e um amor terno, de forma que a pessoa não lhe estenda a mão
apenas quando você está mal, mas consiga lhe abraçar quando ela carece de
abraço e você esta exultante de feliz (com o perdão da redundância). A maioria dos
amigos a gente encontra no primeiro caso, infelizmente.
Crescer
na vida e estar em um momento melhor do que o do amigo é uma provação para a
amizade. E confirma a frase do meu filósofo preferido. Mas eu faço um adendo,
dizendo que há pessoas que devem o seu “agir amigável” a feliz circunstância de
não ter motivo para a inveja, afinal, não raras vezes, damos confiança e
chamamos de amigos pessoas que não mereciam nem o nosso “olá”, muito menos o
nosso prezar.
Gente
invejosa consegue se passar por amiga de muitos, mas, cedo ou tarde, estragam a
amizade, porque a inveja faz com que o sujeito tenha aquele ânimo maligno de,
utilizando-se da intimidade, difamar o proceder alheio para parecer ao outro
superior, vez que o invejoso tem um momento de lucidez: ele sabe que é
inferior, ao menos moralmente, ao invejado. Se não fosse, não seria invejoso!
Seria um simples admirador, uma pessoa que se rejubila com a alegria de quem
gosta.
E,
acredite, não é ser mais feio, mais pobre ou mais ignorante que o invejado que
gera a inveja, é ser mais infeliz, menos alegre, porque a felicidade imotivada
gera mais inveja do que tudo no mundo. O brilho, a alegria e ânimo de uma
pessoa feliz e alegre aniquilam com a autoestima dos infelizes.
Dinheiro
causa inveja? Com certeza, mas não tanto quanto a alegria, afinal, se dinheiro
resolvesse tudo não teríamos gente milionária se matando por depressão. Felicidade,
nos dias de hoje, é a maior fonte despertadora da inveja alheia. Infelizmente,
porque ser feliz é uma responsabilidade do homem para consigo mesmo, nada que
venha de fora conseguirá mudar uma circunstância que deve nascer na alma,
quando nos encontramos com a nossa essência.
A
alegria costuma se relacionar ao sucesso, aos amores correspondidos, ao trabalho,
ao dinheiro, até mesmo à aparência, a felicidade, porém, se relaciona, pura e
simplesmente, com o “ser bem resolvido” psíquica e emocionalmente e ela,
definitivamente, não tem preço e não se adquire. Todavia, se você está infeliz,
mas endinheirado, não titubeie: viaje! Numa dessas, em Paris ou Nova York, você
encontra a sua essência, se resolve e passa a ser feliz, além de rico, elegante
e culturalmente abastado.
Cláudia
de Marchi
Sorriso/MT,
23 de agosto de 2014.
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