Contrato de felicidade amorosa.
Advogados honestos e bons não podem se comprometer
em "ganhar" determinada causa, em "resolver" a situação. A
obrigação dele é de envidar todo seu esforço para atingir o objetivo pelo qual
foi contratado. Trata-se de obrigação de "meio", não de fim. O meio
aí referido é trabalhar em respeito aos interesses do cliente, sem ter certeza
se obterá seu objetivo.
Advogado que diz ao cliente que vai solucionar
tudo, ou mente ou é vidente, médium, enfim. Impossível! Nas relações amorosas a
nossa meta sempre deve ser, também, usar tudo o que nos eh possível para
fazermos dar certo.
Jurar amor eterno e o tradicional final feliz, que
nada mais é do que uma relação eterna, pode ser lindo, pode ser até um anseio,
mas não vai ter efeito algum se a pessoa não se dedicar, dia após dia, em
manter o relacionamento leve, porém quente e alegre. O fim a gente não garante,
a gente anseia! Natural querer, quando "in love", viver o resto da
vida com alguém, mas vontade sem muita atitude será anseio frustrado.
Querer ficar com alguém e ser sempre feliz ao seu
lado só funciona na vida rotineira se existirem atos, gestos e muito carinho
para tanto. Relacionamentos são como contratos de empreitada nos quais ambos se
comprometem a construir uma relação feliz, apaixonada e divertida. Durante
todos os dias da união! Se um dos dois deixa a "construção" de lado,
o contrato se torna inócuo.
Casamentos são contratos de direito de família.
Afetivamente eu diria que são "empreitadas", cujo resultado não tem
prazo final de termino se ambos cumprirem seu dever. Ora, mas se os parceiros
são corresponsáveis pela construção de uma vida amorosa quente e harmônica,
quem seria o "contratante"? A felicidade de uma relação duradoura e,
quiçá, sem fim, ou, ao menos, sem razões para ter um fim.
O objetivo da união será este, o meio de construção
será usar o amor, o humor e a paixão para viver cada dia da relação como se
fosse o ultimo. Se existirão embates? Se nem sempre tudo serão flores? Claro
que sim! Pessoas têm problemas, pessoas ficam nervosas, caladas, preocupadas. Mas
nada disso justifica a ausência de vontade de fazer dar certo. E fazer dar
certo não requer, apenas vontade, requer atitudes em consonância dela.
Alcoólatras em recuperação usam o "só por
hoje" para conseguirem viver sem o vício um dia de cada vez. Usar esse
mote para fazer uma relação legal é interessante! "Só por hoje" e o
amanhã chega! E chega feliz como o começo chegou. Se as pessoas não deixassem
para depois o amor que poderia ser vivido e feito hoje, as relações seriam mais
felizes.
Mas elas deixam a água do café amornar e, de
repente, desistem de tomá-lo. Deixam para depois, deixam, deixam e o depois
chega. E chega entediante, chega sem graça, chega sem brilho. Chega como aquilo
que não deveria ter sido deixado, chega como o que nunca deveria ter sido
adiado, pelo contrário, aquilo que merecia ter sido vivenciado, curtido,
sentido e aproveitado!
Viajar, sair de férias, conhecer lugares, isso pode
ser adiado em virtude de trabalho, de compromissos outros. Mas o que é afetivo não
merece ser adiado, o que acontece entre quatro paredes na vida de um casal tem
que ser curtido, tem que ser vivido, sem adiamentos desnecessários.
Diga que ama, beije, abrace, namore, aproveite a
cama, a sala, a cozinha, o chuveiro. Não deixe nada para depois, se você pode
fazer agora, não deixe para depois os diálogos que devem nascer no momento, as declarações
afetuosas, o carinho e o prazer que podem ser ditos e experimentados no
presente.
A melhor maneira de cultivar uma relação feliz é
vivenciá-la com intensidade, sem postergar as alegrias e sem focar demais nos
tropeços. O momento de amar é agora, não se acostume a adiar amor, não se
acostume a deixar para depois nada que diga respeito a sorrisos e prazeres.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 28 de agosto de 2014.
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