O lobo
Uma das célebres
frases que o meu professor de Teoria Geral do Estado citava era a de Thomas
Hobbes: “O homem é lobo do homem”. Lembro-me de ter lido “O leviatã” e obras de
Rousseau e Montesquieu nessa época, há longos anos.
Para o filósofo, enfim o estado natural do homem é
o de guerra, de disputa. Filosofia a parte, em que pese eu seja apaixonada por
tudo que a envolve, a minha opinião é a de que, apesar dos homens disputarem na
vida e serem muito capazes de trair a confiança de seus pares para conseguir
seus objetivos, o lobo mais algoz que existe é o que habita dentre de nós.
São nossos medos, nossos pesares, nossas dúvidas,
nossas inseguranças, nossos pensamentos ruins. O que tanto tememos costuma se
tornar realidade em virtude de nosso pensamento, que acaba, por fim, comandando
as nossas atitudes e nos levando diretamente àquilo que “não” queríamos, mas
projetamos no mundo real com o nosso pensar e com a nossa conduta. Complicado para
uma sexta-feira, né?! Enfim, resta o fato de que devemos ter mais cuidado com o
que cultivamos dentro de nós do que com o que vem do outro.
Na realidade, nenhum ato ou palavra alheia pode nos
afetar se não dermos valor a eles. Tudo nos fere, na medida em que nos sentimos
feridos, a partir do momento que nos tornamos mais fortes ou mais indulgentes
acabamos por ignorar a ignorância alheia, em que pese não possamos deixar de
lastimá-la.
O que habita dentro de nós é o que nos impulsiona a
crescer, a fomentar relacionamentos bons, sejam eles amizades ou relações amorosas.
Se estivermos cultivando um lobo feroz dentro de nós, na medida em que ele nos
maltrata, vez que o alimentamos, ele nos fará maltratar quem está a nossa volta
e isso é, com certeza, um perigo.
Nascemos sozinhos e morremos sozinhos, eis minha
tese. Todavia, neste interim, podemos conviver com outras pessoas, mas a nossa
vida íntima se dá em silêncio, em nossa mente, em nossos pensamentos, em nossa consciência
e é dela e deles que devemos cuidar, do contrário, seremos devorados. Devorados
de dentro para fora.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 08 de agosto de 2014.
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