Medo. Pavor!

Medo. Pavor!

Tem gente que tem medo de ir para o inferno. Eu não. Eu tenho medo é de viver num mundo em que as pessoas enxergam maldade em tudo, em que os seres humanos maliciam tudo o que você, inocentemente, fala ou faz.

Viver é difícil quando se é espontâneo e quando, ao contrário da maioria, se tem, ainda, certa pureza, certa inocência. É complicado viver quando, por ser bom e decente você enxerga bondade e decência demais num mundo que está carente das duas.

Eu não tenho medo de tigre, de leão, de barata, de altura, de ser assassinada ou assaltada. O que me dá medo é não saber em quem confiar, é não saber de onde virá o tiro que vai assassinar a minha paz, a minha moral, a minha alegria.

Num mundo “virtualizado”, os fuxiqueiros de plantão vivem na safra: com os olhos cheios de informação da vida alheia, suas mentes poluídas veem o rio Tietê em qualquer córrego de águas límpidas. É uma alegria, com toda certeza, para essas pessoas moralmente enfermas que precisam seguir os passos dos outros.

É complicado ser e viver sendo quem se é, quando a gente desconhece a interpretação que os outros farão do que fizemos sem maldade. É triste, a bem da verdade. É triste agir inocentemente e receber um bombardeio de criticas e reclamações oriundas do que, na verdade, você nem sabe “o que”!

A prova de que o mundo carece de pessoas boas é a existência da fofoca, do “diz-que-diz-que”, das criticas que as pessoas recebem de quem, nunca, sequer, conviveram, de quem nunca foi até à sua casa para lhes ver sem chinelos, por exemplo, porque, meu caro, sinto dizer, você não tem o direito de julgar quem nunca teve o mínimo de intimidade com você.

Pessoas decentes não julgam quem não conhecem, pessoas decentes não estabelecem conceitos prévios sobre as pessoas e, se o fazem, de regra será um conceito bom que, depois, poderá virar frustração.

O fato, lastimável é claro, é que as pessoas veem maldade em tudo, porque elas não são boas, não são legais. E é muito complicado viver num mundo em que os maus projetam a maldade sobre os bons. A gente é bom, mas ninguém quer saber, apenas atribuem a nós o que não somos e atos que não somos nem capazes de cometer. Isso, infelizmente, é muito difícil.

Quem enfrenta a vida e as pessoas, sinto dizer, mas está preparado para qualquer inferno, porque, se demônios existirem, eles estão dentro dessas pessoas que só veem maldade nos atos, atitudes e pensar dos outros. Pessoas que só enxergam maldade no mundo, porque o veem com seus olhos maldosos. Eu tenho, enfim medo destes seres humanos. Só deles.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 14 de agosto de 2014.