Sua vida, nada além.
Se você não consegue ser feliz, se você não
consegue achar graça na sua rotina insossa, se você não consegue se sentir bem
na própria pele, antes de vestir a tradicional carapuça de ser humano realizado
e bem sucedido, faça um favor ao mundo: deixe os outros serem!
Deixe os outros serem felizes, se divertirem,
aproveitarem a graça dos seus dias, a beleza de seus momentos, a alegria
inerente a pessoas bem resolvidas, intelectualizas e felizes.
Logo, frente a essa sua infeliz e infame vontade de
perscrutar os atos, erros e vivências alheias, use tal "energia" para
tentar se tornar uma pessoa melhor, mais feliz, mais plena! Sei lá, procure um
analista, um psiquiatra, um padre, uma agência de viagem, um médium, compre um
livro de autoajuda!
Faça qualquer coisa, mas cuide de si, da sua vida, busque
a sua realização, porque enquanto você faz fofoca e investiga a vida alheia, o
outro aproveita a própria felicidade e você assina um atestado de infelicidade
e incapacidade intelectual: sua vida é tão sem graça que nem cuidar dela lhe
anima, afinal nada melhor do que as emoções da vida alheia para dar sentido à sequência
de dias vazios e fúteis que você chama de existência! Ai que dó!
A vida não foi feita para ser observada e
analisada. A sua vida não foi feita para isso, mais ainda a vida dos outros. Viva
intensamente, ame, trabalhe, estude, conviva com quem você ama, seja feliz ou,
ao menos, tente ser, faça o necessário para ser, enfim, ainda que, para isso, você
precise trocar de emprego, fazer uma cirurgia plástica, emagrecer, se divorciar
ou virar marombeira.
Fique só se estiver infeliz, ame quem lhe merece e
não dê margem à infelicidade. Agora, meu caro, cuidar da vida dos outros,
querer ver os outros em maus lençóis para, apenas assim, sentir-se melhor na
própria pele é lamentável, é odioso. É típico de time de várzea que não ganha
nada e se rejubila frente à derrota dos que sempre estão à sua frente.
Você não é tão pequeno, tão pouco e insignificante
que precise rebaixar-se ao papel de expectador da vida alheia: enquanto o outro
vive bem e feliz, você o acompanha como se fosse seriado de televisão americana.
Sai dessa, meu amigo, esqueça-se dos outros e cuide da sua vida que, piora, na
exata proporção em que a importância que você dá para o que os outros fazem ou
deixam de fazer aumenta.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 27 de agosto de 2014.
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