Modernidade e relacionamentos.
Acho engraçadas essas frases e afirmações
saudosistas, tipo dizer que antigamente os casamentos não findavam com
facilidade, porque em tal época se consertava, não se colocava no lixo algo que
deu problema. Acho que é semelhante a isso uma dessas afirmativas toscas que
viram chavão na internet.
Sei lá, eu acho que nem tanto o “antigamente”, nem
tanto o hábito de “repúdio” às dificuldades, inerente a essa questão do
desistir sem tentar, que existe atualmente. Antigamente, se mantinha o
casamento. Mas os descontentes também mantinham casos extraconjugais e uma “conta”
na zona.
O casamento amornava, a relação virava uma amizade
ou um inferno, os parceiros, sobretudo os homens, procuravam outras e, mais por
dependência econômica e em virtude das criticas da sociedade, a mulher se
mantinha ao lado do marido. Isso não é sinônimo de força das mesmas, mas do quão
submissas elas tinham que ser se quisessem manter a mesa farta e a moral
ilibada.
Sem contar os filhos! Ah, os filhos! Como se separar
se eles existiam! Mantinham-se casamentos para lá de falidos em virtude dos
mesmos. Realmente, se for para “privilegiar” algo, dentre tais extremos, eu
fico com a modernidade, onde relacionamentos podem e devem se manter por amor, não
por necessidade afetiva, econômica ou moral.
Aliás, relacionamentos devem ser mantidos enquanto
existe amor, admiração e atração. Quando um desses pilares cai, logo a relação
desaba. Não importa se existam ou não filhos, porque se pode tudo para fazê-los
feliz, menos ser infeliz em prol deles.
O mundo
mudou e com ele a nossa liberdade aumentou. Enquanto ela não bate na
libertinagem, eu me afino com ela. Somos livres para amarmos quem quisermos,
para nos unirmos quando quisermos e, também, para nos separarmos quando cremos
haver necessidade.
Em pleno século XXI, toda vez que ouço alguém dizer
que não se separa da esposa por causa dos filhos eu penso: “Balela, não se
separa, porque gosta dela”. As pessoas tem o hábito de falarem besteira quando
se irritam com o parceiro, porque, sinceramente, se a relação está a tal ponto
ruim, você só não se separa, porque não quer! A menos, é claro, que caia no
hábito antigo de ter a esposa em casa educando os filhos e outras fora dela. E isso,
meu caro, não é exemplo que um filho mereça ter.
Aos filhos que estão próximos, aos filhos que
acordam todos os dias no quarto ao lado do seu ou àqueles que estão a mais de
mil quilômetros de distância, você só deve dar bons valores e boas lições,
dentre as quais a de que, nada ou ninguém vale a nossa infelicidade, o nosso
desânimo. Bem como a de que, mais vale sofrer por ser sincero e transparente,
do que agradar a todos na frente e lhes trair a confiança pelas costas.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 30 de agosto de 2014.
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