Pequena grande crônica sobre a ignorância.
Como estamos em tempo de usar a palavra “ignorância”
descriteriosamente vamos lá, segundo o dicionário ela significa: “s.f. Condição
da pessoa que não tem conhecimento da existência ou da funcionalidade de algo:
ignorância dos acontecimentos contemporâneos. Estado da pessoa desprovida de
conhecimentos; sem cultura; condição de quem não tem estudo: ignorância
literária. Comportamento carregado de grosseria; quem se comporta de maneira
incivil; grosseria: o chefe é de uma ignorância gigantesca na maneira como
expressa suas ideias.”
Eis um conceito de dicionário virtual, a Wikipédia,
por sua vez, a define como: “A ignorância se refere à falta de conhecimento,
sabedoria e instrução sobre determinado tema, ou ainda à crença em elementos
amplamente divulgados como falsos.”
O que eu tenho “por” ignorância neste momento em
que se usa religiosidade e outros conceitos para chamar ao outro de “ignorante”,
de “comprador” de ideias prontas e “repetidor de fórmulas”, como diria um
saudoso mestre que tive há 14 anos no inicio da Faculdade de Direito? Em tempo
de sociedade da informação só se ignora o que se deseja ignorar.
Você dificilmente verá um católico estudando “Evolucionismo”
ou um “evolucionista” lendo artigos “evangélicos” na internet, sabe por que?
Porque a gente procura conhecer e se embebedar de conhecimento daquilo que se
afina com o que somos e mais, com as ideias que “pré” concebemos ao longo da
vida e do nosso conhecimento previamente adquirido.
Se, como diria meu amigo Renato Russo, “depois de
20 anos na escola” eu sempre simpatizei mais com história e biologia, dificilmente
eu me tornarei uma pessoa “ignorante” em tais assuntos, porém aos olhos de quem
segue drasticamente as “escrituras sagradas” eu serei uma tremenda “ignorante”!
Ora, ora, vejam só!
Enquanto que, no quesito ciência e darwinismo o
criacionista será, na maioria das vezes (convém dizer que existem religiosos de
mente aberta) um ignorante. Ou seja meu amigo, a ignorância é uma escolha, mas
uma escolha dadivosa, sabe por que? Porque ela se relaciona ao nosso “eu”, ao
nosso inconsciente, ao nosso subconsciente, ao que temos em nós de individual,
de especial, de nosso, extremamente nosso.
O sagrado nunca será sagrado para quem não acha
aquilo sagrado, assim como o pecado jamais será pecado para quem não acredita
em pecado e o que você acha errado, equivocado, besta e ignorante nunca será
equivoco, erro, bestialidade ou ignorância para quem não pensa como você!
A prova de toque disso tudo? A tranquilidade da
nossa consciência, a paz com que vivemos, a forma com que amamos a nós mesmos,
a vida e a todos que nos chegam em nossa trajetória de vida! A nossa felicidade
se liga à nossa consciência tranquila, local em que, para mim, habita algo de
divino no ser humano. Algo do qual os psicopatas não são providos. Simples.
Mas, pense comigo, você que é teísta de
carteirinha, você que acredita no Deus católico, acredita em Oxalá, por
exemplo? Você conhece a cultura afro-brasileira, kardecista, hindu, indiana,
budista e etc.? Provavelmente conhece de pouca a nada, certo? Logo, em relação aos
deuses destas religiões você é “ateu”, confere? Ou seja, não crê e desconhece.
Mais uma prova de que sempre existirá essa palavra (ignorância)
sendo usada ao alvedrio de quem bem entende, porque todo mundo acha que fala
com cátedra sobre os assuntos, ignorando o fato (olha a palavrinha magica aqui
de novo!) de que o outro pode estar igual a cavalo em 7 de Setembro para as
suas ideias, ou seja, “cagando, andando e, por alguns, sendo aplaudido”.
Simplesmente porque aquilo no qual você tem
expertise ele pouco se importa ou acredita o que não faz dele um ignorante
pleno, porque, da mesma forma, você ignora o que ele sabe. Então, meu caro, “seja
menos”, se ache menos, porque a sabedoria que você acha que tem pode ser mera repetição
de formulas religiosas que, para o outro, nada valem. E vice e versa e versa e
vice!
Em tempos pós-modernos, até a ignorância é questão
de escolha o que não deveria valer, porém e a ignorância definida ao término do
conceito do inicio do texto, a grosseria, a vontade de erigir cartazes ou jogar
pedras naqueles que coexistem no mundo com você e que não dão a mínima para as
suas ideias.
Exclua, bloqueie, mas não se “ache” tão especial
para palpitar na linha do tempo alheia, por exemplo. De ontem para hoje eu
exclui e bloqueei no mínimo 50 pessoas do meu facebook. Por que? Porque não me
interessa interagir com pessoas, ter como “amigos” quem não me acrescenta em
nada, afinal, aquilo no qual elas são conhecedoras, nunca me interessou. E nem
irá!
Viva e deixe viver, creia e deixe descrer, do
contrário, vale a máxima: “Julgue e seja julgado!”. Ah, o outro é um “leigo desarrazoado,
estupido e idiota”?! Parabéns, você também, mas em relação àquilo que o outro
conhece e você faz questão de ignorar. C´est la vie mon amour!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 28 de junho de 2015.
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