Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Projeção

Projeção


O problema de todo relacionamento, desde aqueles que nascem fadados à desgraça até os que se tornam “desgraçados” após um bom tempo, é a projeção, um dos mecanismos de defesa do ego que o Freud descrevia e ocorre, por exemplo, quando um parceiro projeta no outro as “virtudes” que ele crê possuir e lhe são estimadas e valorizadas além das dos outros, que nem são vistas por quem “projeta”. Existe a projeção de defeitos também, mas aqui apenas a das pseudovirtudes será comentada, porque nada pode ser tão defeituoso quanto um homem que se acha demasiado “virtuoso”.
O parceiro projeta no outro sua objetividade, sua forma simplista ou materialista de ver a vida, sua forma de ser fria e calculista, sua “super-maturidade” (que só ele acha que existe e que é “super”), sua “sabedoria”, enfim, seu jeito de ser, até que, lá pelas tantas, ele se depara com a realidade e, contrariado em seu orgulho, afirma para o outro que ele lhe desapontou, lhe decepcionou.
Aliás, quase todo relacionamento passa por esta fase, apenas as pessoas que, por amor e através de dialogo conseguem superá-la, se mantêm unidas e, de tal momento em diante constituem um relacionamento equilibrado e saudável. Sei por experiência própria: meus relacionamentos que deram certo por bastante tempo e que foram felizes superaram a fase das projeções.
Todavia, existem pessoas que não conseguem superá-la, quer por orgulho, quer por egocentrismo, por acharem que são “bons demais” e que o outro, que não é “bom” a sua altura, não merece seu apreço, nem respeito a sua individualidade que torna as pessoas “docemente diferentes” uma das outras, mas não melhores ou piores. “Eu me enganei muito sobre você” é nisso que o “projetor” acredita e afirma com aquela dose de “coitadismo” na fala.
Ocorre que o “eu me enganei” é mais literal do que o individuo pensa: ele realmente “se” enganou, “se” iludiu por se achar “melhor” que os demais e por projetar no pobre do outro indivíduo as suas “virtudes” reais e inventadas, que, após não serem constatadas, lhe faz taxar o outro como alguém cheio de defeitos e inferior a ele que, sequer parou para pensar que as diferenças podem ser construtivas quando há humildade e quando um deseja aprender e se tornar uma pessoa melhor junto com o outro, afinal, sempre há o que ensinar, assim como sempre há o que aprender. Seria engraçado, não fosse triste!
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 10 de setembro de 2011.

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