Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Animal sentimental


Animal sentimental

Eu tenho "problemas" com a mentira, com a infidelidade e com a insensibilidade: não sei viver sem ser sincera, sou incapaz de enganar quem me rodeia, não sei ser infiel e desleal e, sobretudo, não sei "não gostar" do que e de quem me apraz.
Não sei trair a confiança alheia, não sei gostar de mais de uma pessoa ao mesmo tempo, afinal eu gosto demais de mim para me entregar à vulgaridade com que algumas pessoas encaram a vida e seus próprios sentimentos.
Confesso que nem sempre meus atos se coadunam com meus pensamentos, confesso que eu tento ser mais forte, mais decidida, mais alheia a sentimentalismos do que eu realmente sou.
A sensibilidade pode ser cruel. Ser capaz de se envolver, ser capaz de se entregar, ser capaz de acreditar nos atos e nas atitudes alheias pode ser difícil, pode ser arriscado e dolorido, então, às vezes eu brinco de “faz de conta”.
Tento fazer de conta que a chave para a minha confiança está mais bem escondida do que, de fato, esta, tento fazer de conta que posso ser uma “mulher moderna”, tento fazer de conta que não sofro, que não choro e, quiçá, que não sinto.
Tento, enfim, fazer de conta que eu mando nos meus sentimentos, mas não mando. Eu sou um animal sentimental e, como disse o poeta, me apego ao que desperta o meu desejo. Assim como “fazer de conta” não mudava o nosso status na infância, ele não muda nada depois que somos adultos.
A gente é o que a gente é, existem aqueles que sentem, que conseguem sentir algo, existem aqueles que possuem sentimentos e existem os que não têm e nunca terão: “fazer de conta” não muda nada, nem para uns, nem para outros.

Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 16 de maio de 2012.

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