Ser mãe
Você pode
confiar no que sua mulher diz, mas é ela quem decide quando quer ser mãe. É ela
quem para com o anticoncepcional é ela que, desvairadamente, mata um filho sem
que você saiba ou deixa de fazê-lo se o desvairado for você e requisitar tal
tresloucado ato dela.
As
mulheres mandam, elas apenas fazem de conta que não são detentoras de todo o
poder para lhe poupar de um susto. Eu nunca quis ser mãe, ou melhor, quis, num
ato febril de paixão extrema, mas nem sequer tentei.
Não
tentei ser mãe, porque nunca amei um homem capaz de ser bom pai e marido.
Suporto todas as responsabilidades que posso, imagino muitas outras, assumo o
risco de conquistá-las, mas ser mãe? Ser mãe, não. É demais para mim.
Assumo a
maternidade de um gato persa, manso e preguiçoso. Um filho é coisa muito séria,
é algo que beira a “gravidade”. Não, não quero, não assumo, não preciso, não
agora.
Não consigo me responsabilizar pelos
sentimentos alheios, apenas garanto o meu equilíbrio e franqueza, sou incapaz
de prometer que cuidarei de alguém, menos ainda se houver um “para sempre” no
meio.
Ah, mas eu sou centrada, tenho idade
e maturidade? Sim, eu tenho e é por isso que não quero ser mãe. Ser mãe requer
devoção extremada, entrega, amor incondicional, presença constante e doação,
ser mãe é esquecer-se de si mesma em prol de alguém, ser mãe é, simplesmente,
gerar alguém dentro de si mesmo e perder-se quando este ser surge, chorando, para
o mundo.
Ser mãe é uma dádiva para a qual
poucas estão preparadas. Eu admito que é uma benção demasiado grande para ser
assumida sem reflexão. No momento, eu
resigno-me a minha insignificância (ou egoísmo), afinal ser mãe é algo
grandioso demais para quem não quer deixar de existir, um pouco, em vida.
Cláudia
de Marchi
Passo
Fundo, 12 de maio de 2012.
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