Verdades do amor
Em que lugar o amor morre? Aonde ele se perde? Em
que ponto do caminho do relacionamento a solidão vai para um lado, o costume e
a carência para outro e o amor fica no chão, esmagado na confusão de
sentimentos e ilusões? Onde reside o amor no coração dos que não gostam da
própria existência, onde reside este nobre sentimento na alma daqueles que não
confiam em quem dizem amar?
Complicado não é
sentir, complicado não é viver, complicado é complicar o que nasceu para ser
simples, leve e saudável: A vida e os sentimentos que são mananciais de alegria
e rejubilo no coração dos que a eles se entregam, e, sabem se entregar sem medo
de sofrer. Não sei se o amor morre, creio que o amor de verdade não morra
nunca, apenas se esconde. Esconde-se embaixo do amor próprio daquele que, por
algum motivo, se cansa.
Cansa-se de
tentar, se cansa do convívio difícil, se cansa da ingratidão, se cansa das
injustiças, se cansa de brigas tolas, de ciúmes idiotas, de desconfianças que
magoam, de inquietudes desnecessárias, do egoísmo aterrorizante, da vaidade
imbecil, do egocentrismo tragicômico. Cansa-se e vai embora, o que não
significa que o amor tenha desaparecido, ele cedeu lugar a realidade de que,
nem sempre, amar torna as pessoas melhores, mais valorosas, mais gentis, mais
agradáveis ou mais felizes.
Existem
situações intoleráveis, desrespeitos insuportáveis, desconfianças sem sentido,
acusações infundadas e ofensivas, e o amor, ao contrário do que podem pensar
alguns, não "agüenta tudo". Quem agüenta desaforos, quem "agüenta"
tudo não ama, porque não se ama, talvez dependa emocional ou financeiramente,
porque amor incondicional não existe, é mito, é devaneio romântico.
O amor também
não se perde. Ou ele existe e permanece, ou ele se esconde para que amor próprio
se liberte e o individuo consiga ser feliz, com ele mesmo e, quiçá, com outro
alguém. Amor não se conjuga no passado, já dizia o poeta. Ou ele existe hoje,
ou se escondeu para o auto-respeito prevalecer, ou, na verdade, nunca
existiu. Foi paixão, foi ilusão ou, porque não, medo de solidão.
Certo, porém, é
que aquele que não ama a si mesmo e a sua vida e nem dá a ela os seus melhores
sentimentos não ama ninguém. Dizer que alguém que não ama a própria vida é
capaz de amar verdadeiramente alguém é o mesmo que dizer que "chocolate é
doce como limão": uma redundância estúpida que indica algo
impossível. Confiança, respeito mútuo, capacidade de ceder e compreender são os
maiores indicativos da existência de tal sentimento. E quem não confia em si
mesmo, nem se respeita não pode dar ao outro o que não conhece e possui.
Relacionar-se,
assim como viver é prazeroso. Prazeroso para quem tem prazer em ser quem é,
viver como vive, amando a si mesmo e a vida que possui. O homem faz da sua
vida, dos seus relacionamentos e dos seus sentimentos aquilo que pensa deles.
Felizes no amor são os que acreditam nele, relacionamentos harmônicos possuem
aqueles que acreditam que a inteligência, a sensibilidade e uma boa dose de
sentimento puro podem tornar uma relação entre seres diferentes uma forma
agradável de viver, aprender e crescer com união.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 16 de outubro
de 2007.
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