Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A ficção do tarde demais

A ficção do "tarde demais"

O decurso do tempo que faz uma fruta perecer faz o sabor do vinho se acentuar. O mesmo tempo que trás rugas na face dos pais chega aos filhos, trazendo maturidade e as responsabilidades. O tempo que relativiza a beleza jovial engrandece e enobrece a alma do individuo que amadurece.
Na vida humana não existe o "tarde". Nunca é tarde para mudar, nunca é tarde para pedir perdão, nunca é tarde para amar e para entregar o coração que se manteve em silêncio quando o "tarde" era cedo, ou era, simplesmente o "momento inadequado".
Realmente as oportunidades passam, as oportunidades não voltam. Mas, esta no livre arbítrio do homem a busca para concertar os lapsos do passado, distante ou próximo e criar novas chances, novas oportunidades.
Como na culinária, na vida humana nada se perde porque o tempo transcorreu. É possível engrossar o molho, é possível suavizar o sabor salgado da comida, é possível fazer omelete dos ovos, é possível fazer geléia com as uvas maduras, rabanadas com o pão envelhecido, basta certa inteligência e criatividade.
Para o homem bastará sensibilidade e coragem para agir e mudar a situação que, possivelmente tenha criado. O que é inaceitável é a afirmação de que não pode fazer nada para mudar as circunstâncias, ou a si mesmo, afirmando, ao tratar de seu gênio, por exemplo que "sempre fui assim, é meu jeito".
Se a pessoa justifica sua forma de agir é porque possui ciência que pode ser diferente e, quiçá, melhor, o problema é que a tarefa de evoluir requer que responsabilidades sejam assumidas e muita coragem exista para correr riscos.
O homem é "Deus" para sua vida, as chances lhes são dadas, depende dele mudar, agir e assumir a imensa responsabilidade que tem pela sua felicidade. Nunca é tarde para ser feliz, o tarde não existe, é apenas mais uma barreira que o negativista impõe-se: "Tarde demais", por que, na vida, é muito mais fácil cruzar os braços, chorar e se conformar do que ir adiante, agir, forçar a cicatrização de feridas enquanto se tenta recuperar o que foi "perdido". A situação implica em não lamuriar pelo leite derramado, mas em limpar a sujeira sem reclamações inúteis.
Com garra e vontade nada jamais será perdido. Abaixo do céu e acima da terra sempre haverá formas de conseguir o que se deseja. A impossibilidade só existe para o corpo sem vida, para o qual não há mais possibilidade de amar, de perdoar e de ser perdoado. Se o "tarde demais" existe é apenas uma vez na vida, que se dá no momento pelo qual, quem sentiu e passou jamais pode contar - a morte.
A vida é um mundo de oportunidades, um mundo de chances em que, para o velho e para o novo, sempre será cedo se as intenções forem boas, porém o mudar, o agir posteriormente à oportunidade em que se manteve inerte, requer o mais difícil dos atos: O de perdoar a si mesmo.
Uma das maiores aflições do ser humano consiste na dificuldade ou incapacidade para perdoar-se. De um ponto de vista "antimetafísico" nenhuma opinião, nenhum amor, nenhum perdão, é tão importante quanto o do homem para consigo, e para com os outros somente tais sentimentos e atos serão sinceros se existirem na alma de quem os sente. É necessário autocompreensão, e ausência de autopiedade para que, com a constatação da necessidade de mudança, o homem se encoraje para ir à luta, para mudar a si mesmo, para mudar suas contingências, enfim, para mudar sua vida e realizar seus desejos.
Sonhos não existem para figurar no imaginário, se assim for se tornarão ilusões. O sonho deve ser o prelúdio da conquista, que não afasta a necessidade de luta, abdicação e perseverança. Para quem sonha, não existe "tarde", tampouco oportunidade "perdida", quem sonha esta vivo, e quem esta vivo ressuscita oportunidades e chances que apenas não emergem com a morte, com o fim derradeiro e de quem as desejou.

Cláudia de Marchi

Wonderland. 03 de maio de 2010.

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