“Livrai-me do ódio, amém”.
Tem dias que a gente acorda com o toque do telefone e nossa alma alegra, nosso coração sorri. Noutros, por vezes, o toque do nosso telefone, ou melhor, o fato comunicado pela voz que nos chama parece entupir uma artéria, nos causar uma úlcera, e, (Deus me perdoe!) um tumor. Infelizmente, isso às vezes acontece comigo e justo hoje aconteceu.
Eu não compreendo o medo que as pessoas desenvolvem de amar e se entregar, mas ando entendendo bem e desenvolvendo um grande medo de odiar. De odiar alguém novamente, porque infelizmente existe uma pessoa na minha lista de “lixo humano”. Quem é que vai gostar de praia se vê uma onda aparentemente linda na sua vida, pensa que é o oceano se preparando para lhe agraciar com uma bela onda e de repente vem um “Tsunami” e sua vida se esvai em mil perdas?
A indiferença é um sonho distante que se realiza perfeitamente com o passar da vida, do tempo. A indiferença básica é a da atitude, ignorar o outro, mas isso é o lógico quando se odeia. E odiar não é ser indiferente. Ser indiferente de verdade é graça divina pós-superação de trauma.
Você acha difícil se livrar do “mal do amor”? Eu não. Decepções e frustrações limpam seu coração do amor infeliz, mas qual a reza que se faz para deixar de detestar alguém? Qual a oração que a gente faz para parar de desejar que o outro suma do mundo, sofra ou, quem sabe (e sendo sincera) morra, para nunca mais prejudicar você e ninguém? Se alguém sabe, me passe por e-mail, me indique o padre, pastor ou pai-de-santo que opera esse milagre porque só minha força de vontade não esta adiantando muito.
E ainda existem os seres de alma mais tosca do que a minha que não nega sentir ódio: São os que dizem que ele é o avesso do amor e um pode no outro se transformar. Por Deus! Quem pensa parecido com isso nunca amou de verdade e, provavelmente nunca vai amar porque não sabe diferenciar pureza, entrega, alegria da alma, alegria divina, e benção de torpor, de nojo, de ira, de asco, de praga ruim!
Uma vez odiado, querido ignorante, nunca mais amado. Todavia, uma vez amado, pode ser odiado, depende do que se faz, das atitudes que se toma, dos prejuízos afetivos, emocionais e financeiros que se causa. Quem joga sujo na vida se sujeita à tudo, inclusive a ser odiado.
O ódio mata aos poucos quem o sente? Pode ser, não é nada saudável sentir o sangue ferver nas veias. Todavia, meus caros, a vida é justa com quem é justo, mesmo que seja capaz de sentir tal vão sentimento, e, passam dias, passam meses, passam anos, chega o dia do xeque mate, e ai será que vale a pena ser o odiado da história?
Cultive a harmonia com quem lhe ama, cultive a paz com quem lhe cerca, respeite e não faça ao outro o que não desejas que ele lhe faça. Quer encarar e agir de forma inversa? Assuma o risco. Odiar pode ser ruim, mas ser odiado pode ser pior ainda, porque criaturas más a ponto de suscitar esse sentimento numa pessoa boa não o fazem com uma única apenas. E ser odiado por várias pessoas é perigo eminente.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 21 de maio de 2010.
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