Inutilidade Útil
De repente eu cheguei num ponto da vida em que vi que eu era útil para aqueles que ousaram jurar amor por mim. A minha aparência envaidecia, a minha juventude animava, o meu corpo e energia entusiasmavam, o meu trabalho ajudava, a minha paciência alentava.
De repente eu cansei e perdi todas as minhas forças vendo que a minha presença era interessante para determinada pessoa, ela era “providencial”. De repente eu percebi que era ao outro agradável ter uma mulher considerada bonita e inteligente e que todos pensassem que, além disso, ela era afetivamente realizada, que a moça era “bem amada”. (“Ter”, eis a questão? Quem é o infeliz que colocou na cabeça de alguns que o amor ou o casamento transferem a propriedade da alma alheia para a sua?)
Mas entre o que o povo vê, entre o que o povo fala, julga e critica e entre a verdade do que se passa entre as quatro paredes da vida alheia existe a mesma diferença presumível entre o céu e o inferno. E, assim, de repente eu decidi seguir a vida sozinha, longe de todos que amei e prezo e de tudo que um dia eu podia chamar de meu. Longe do que era o “meu mundo”, a minha realidade.
Todavia, essa escolha incluiu outro adendo: Eu nunca mais quero ser conveniente ou útil na vida de ninguém. Eu nunca mais quero ser o braço direito, esquerdo, o ombro pra chorar, a âncora, a mulher forte ao lado do batalhador, nem nada dessas falácias que textos românticos dizem que é “belo”. Eu quero ser vista apenas como alguém. Alguém especial, é claro, (afinal, estou tratando de mim e eu sei de meus méritos nesse mundo de valores invertidos e perdidos).
Eu quero estar ao lado de alguém que pegue forte na minha mão e que confie no que eu sinto, e, principalmente eu quero amar alguém sem precisar lhe conceder perdão diária ou semanalmente, eu quero amar alguém que não precise da minha paciência porque não consegue controlar a falta da sua. Eu decidi que quero ser uma inutilidade útil na vida de quem eu amar, enfim quero ser útil apenas para isso: Para amar e respeitar, para ser amada e respeitada, só isso. Nada mais.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 18 de maio de 2010.
De repente eu cheguei num ponto da vida em que vi que eu era útil para aqueles que ousaram jurar amor por mim. A minha aparência envaidecia, a minha juventude animava, o meu corpo e energia entusiasmavam, o meu trabalho ajudava, a minha paciência alentava.
De repente eu cansei e perdi todas as minhas forças vendo que a minha presença era interessante para determinada pessoa, ela era “providencial”. De repente eu percebi que era ao outro agradável ter uma mulher considerada bonita e inteligente e que todos pensassem que, além disso, ela era afetivamente realizada, que a moça era “bem amada”. (“Ter”, eis a questão? Quem é o infeliz que colocou na cabeça de alguns que o amor ou o casamento transferem a propriedade da alma alheia para a sua?)
Mas entre o que o povo vê, entre o que o povo fala, julga e critica e entre a verdade do que se passa entre as quatro paredes da vida alheia existe a mesma diferença presumível entre o céu e o inferno. E, assim, de repente eu decidi seguir a vida sozinha, longe de todos que amei e prezo e de tudo que um dia eu podia chamar de meu. Longe do que era o “meu mundo”, a minha realidade.
Todavia, essa escolha incluiu outro adendo: Eu nunca mais quero ser conveniente ou útil na vida de ninguém. Eu nunca mais quero ser o braço direito, esquerdo, o ombro pra chorar, a âncora, a mulher forte ao lado do batalhador, nem nada dessas falácias que textos românticos dizem que é “belo”. Eu quero ser vista apenas como alguém. Alguém especial, é claro, (afinal, estou tratando de mim e eu sei de meus méritos nesse mundo de valores invertidos e perdidos).
Eu quero estar ao lado de alguém que pegue forte na minha mão e que confie no que eu sinto, e, principalmente eu quero amar alguém sem precisar lhe conceder perdão diária ou semanalmente, eu quero amar alguém que não precise da minha paciência porque não consegue controlar a falta da sua. Eu decidi que quero ser uma inutilidade útil na vida de quem eu amar, enfim quero ser útil apenas para isso: Para amar e respeitar, para ser amada e respeitada, só isso. Nada mais.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 18 de maio de 2010.
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