Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A paciência e a pseudopaciência


A paciência e a pseudopaciência

A paciência é um dom obtido através do exercício e da própria vontade humana, no entanto, muitas pessoas denominam de paciência aquilo que é, na verdade, falta de força de vontade e ausência de coragem, e, assim agindo, clamam a calma alheia e apregoam sua "paciência" num ato típico de quem, sabe que deve mudar, e não consegue operar as mudanças necessárias por possuir vários "temores".
Assim como a pressa e a ansiedade, a paciência pedida por aquele que costumeiramente se prostra diante das dificuldades, cansa. Esperar por melhoras e não ver resultado é algo difícil, e que não significa ausência de paciência, mas mera desilusão e receio de que aquilo que se espera não aconteça, vez que depende do agir alheio que, por ser demasiado "paciente" (medroso?) talvez não mude de atitude, ou, enfim, forma de pensar, afinal, existe a paciência com "aspas" ou pseudopaciência que significa temor, e a paciência sem "aspas" que significa a real capacidade de analisar, e agir de forma a esperar o resultado com brio e coragem.
Verifica-se que o pseudopaciente justifica sua leniência pela "paciência" que consiste na incapacidade de agir ou mudar por mera covardia, bem como de efetuar o resultado que no fundo deseja, enquanto que o real paciente possui coragem para agir, para mudar mas tem a paciência de esperar e aceitar os resultados de sua ação previamente raciocinada.
As pessoas não podem justificar sua inatividade, seu temor e receio de mudança e seu comodismo alegando e apregoando uma virtude que, ainda que possuam, encontra-se ao lado de características pobres que a torna defeito filho da covardia. Alguns indivíduos complicam suas próprias vidas e criam sua infelicidade por medo de agir, medo de falar, medo de se impor, medo de excluir quem, por egoísmo, lhes sufoca, medo de mudar, de forma que, pelo tal do orgulho, justificam suas ações lentas, ou, suas omissões baseadas no temor, por serem "muito pacientes".
Algumas falhas e defeitos após a constatação da pessoa de que entravam sua felicidade, devem ser por ela extirpados com a mesma pressa com que se procura um soro após uma mordida de cobra venenosa: Quanto mais o tempo passa mais a morte se aproxima, de forma que, se o indivíduo não agir corajosamente em relação a seus entraves, mais arraigados ficarão a ele e, com isso, mais profunda estará a planta de sua infelicidade na alma bem como a de quem lhe ama verdadeiramente.
É preciso, pois que o ser humano aprenda a fazer uma distinção mental do que é realmente paciência e do que costuma mascarar com tal "denominação" e na verdade não passam de temores tolos e covardia que, após a reflexão caberá ele agir corajosamente, ao menos que deseje passar a vida justificando seu comodismo e omissão com o nome de uma bela virtude (paciência) que aos outros engana, mas não lhes convence.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 28 de maio de 2005.

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