Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 30 de maio de 2010

Traição

Traição

Traição eis um assunto nenhum pouco fácil. A própria palavra, ao menos à mim, já desperta um asco tremendo, todavia é sobre este assunto que vou falar. Ele e suas “variantes variáveis”.
A principio saliento que existem várias formas pérfidas de traição que vão muito além daquela que se refere aos que chamamos de “cornos”, com o perdão pela expressão demasiado popular e quase chula. A traição para mim é o ato de quem se torna desmerecedor da confiança e do amor alheio, o que inclui o ato de mentir, de enganar nos mais variados aspectos, o ato de criar deliberadamente falsas esperanças e expectativas na outra pessoa que, sabe-se não serão cumpridas e realizadas.
Todavia, pretendo falar da forma “clássica” de traição que, para mim, nasce na intenção: Na intenção de ter outro alguém na cama ou fora dela, na intenção daquele que trai de se encontrar com outro alguém, de pegar na mão de outra pessoa, de abraçá-la, de beijá-la, o sexo, queridos, para mim é conseqüência da intenção e dos primeiros atos para realizá-la: Marcar um encontro, sair para um café, flertar, etc.
Estava assistindo ao programa Saia Justa do canal GNT ontem à noite, apresentado pela Monica Waldvogel, Betty Lago, Márcia Tiburi e com a atriz e cronista Maitê Proença. O tema foi abordado e algumas questões que muitas pessoas ignoram também, como, por exemplo, de quem seria a dor maior, do traído ou do traidor.
Afirmaram que o traidor pode ser vítima da própria culpa ficando dependente do auto perdão que é uma das conquistas mais difíceis para o homem, todavia, segundo a Maitê o maior sofrimento é daquele que deu todo o seu amor, a sua dedicação e, com a traição, tem que amargar o sentimento de que absolutamente nada do que fez foi suficiente para o outro amá-lo e, conseqüentemente, respeitá-lo.
Ponto de vista razoável, nunca fui traída nesse aspecto, mas já fui em vários outros e sei quão péssimo é se doar ao máximo para quem se mostra merecedor de algo muito inferior ao “mínimo”. Pois bem, a questão é a culpa do que trai, quando e porque ela pode ser inexistente. Segundo as apresentadoras e, inclusive, de acordo com o que Silvio de Abreu demonstra na novela Passione através dos atos da carente personagem da Maitê, há ausência de martírio para o traidor quando o traído merece sê-lo.
Na trama da novela Maitê interpreta uma mãe de família casada com um homem frio, austero, insensível, egoísta e imerso em ganância que lhe ignora como mulher, não lhe dando o mínimo carinho e consideração. Eis o homem que realmente merece uns belos pares de chifres, mas, além de tudo, merece ser deixado pela mulher que “guarda” em casa ignorando que ela não é um adorno e sim um ser humano que lhe preza, do contrário não estaria em tal situação.
Todavia, é inegável que a vingança habita o inconsciente humano, assim como a necessidade de afeto, de atenção e de carinho. As mulheres quando traem, de regra, o fazem por algum motivo e não meramente por atração e descontrole sob seus instintos. Algumas mulheres traem porque amam. Sim, meus caros: Traem porque são apaixonadas pelo companheiro que não lhes dá afeto! E, por essa paixão no fundo não conseguem imaginar suas vidas sem a presença daquele ser, por menos que eles lhes demonstrem a recíproca do sentimento que cultivam. Eis que, assim, se entregando fisicamente ao outro, se vingando pelo amor que não recebem elas conseguem permanecer altivas ao lado do objeto de sua paixão sem ter que tomar coragem para viver longe dele. Se isso é ou não um ato covarde, prefiro não comentar, pessoas apaixonadas se afastam da racionalidade e de tudo que lhe diga respeito.
Atos perdoáveis? Por mim que entendo a alma humana e que sempre fui uma amante e mulher atenciosa e que só se mantém ao lado de alguém quando ama e demonstra tal sentimento, ao menos, são atos perdoáveis. Até mesmo porque eu sei o que é viver com alguém que pede diariamente para ser traído. Todavia, se esse alguém deve ou não perdoar quem lhe trai é outra questão.
Para mim, portanto, existem sim, fatos que amenizam a culpa daquele que trai. Da mesma forma acho que trair quem não deve, quem nos ama, acarinha, respeita e ser por ele abandonado é algo pelo qual praticamente ninguém consegue se perdoar e acho que isso, o ato de trair a confiança de quem não merece e nos ama é algo mais imperdoável do que ser traído. É pior por que o perdão mais difícil de conquistar é o que devemos conceder a nós mesmos e o ódio mais difícil de ser amenizado é o proveniente do arrependimento pelas nossas atitudes e não pelas do outro. Afinal, o outro está fora de nossa consciência que sempre será nosso mais algoz juiz.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 30 de maio de 2010.

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