Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 4 de maio de 2010

Não te pertence.


Não te pertence

A vida não é dura, algumas pessoas é que são. Alguns indivíduos tornam seus corações duros, insensíveis e cultivam pensamentos críticos em demasia, inseguranças, receios infundados e desconfianças estapafúrdias e, para infernizar suas relações, costumam culpar ao outro e deles duvidarem, enfim, para amenizar sua dureza passam a atribuir aos outros suas características.
Aliás, normalmente o que mais nos “irrita” no outro são os defeitos que temos e deixamos recônditos porque não conseguimos, ou sequer tentamos extermina-los em nós, quer por medo, que, simplesmente pelo orgulho: “Nós perfeitos, eles defeituosos.”
E é nesse mar de confusão e dureza psíquica que surge a necessidade de afirmarmos seguidamente: “Licença, mas isso não me pertence”. Ora, como assim? Os defeitos que te atribuem não são seus, as características que te dão não são suas, e, principalmente, as alegações que desconfiam de seu caráter não pertencem à ele e sua forma de viver, agir e pensar a vida.
Mecanismos de defesa freudianos? Projeção? Talvez, mas esta análise compete a um profissional da área diante do de muitos indivíduos projetarem nos outros seus defeitos, características e falhas pessoais que tornam as relações tão duras e, muitas vezes, desequilibradas ao extremo.
Já escrevi certa vez que “desconfio dos desconfiados”, confesso que a cada dia que passa desconfio mais. Desconfio daqueles que não acreditam no que o outro diz, que tem ciúmes e receios homéricos, que pensam que o outro irá trair sua confiança sem ter motivo para tanto. Ou melhor, não “pensam” apenas: Agridem, são rudes e grosseiros.Desconfio porque essas pessoas têm a consciência pesada quer por atos do presente quer por fatos pretéritos: Quem traiu ou já pensou nisso alguma vez foi o outro, e para se “defender” culpam o outro, acham formas de atribuir à personalidade ou conduta alheia tal ocorrência. Para estes basta: “Isso não me pertence”.
Traumas passados, manias, dentre as quais a de se sentir vítima das atitudes alheias, medos, receios, pertencem, de regra, ao passado, presente ou inconsciente de quem acusa e não ao acusado. E é por isso que os desconfiados merecem desconfiança, afinal: “Os bons presumem sempre o bem dos outros, os maus, pelo contrário, sempre o mal: Uns e outros dão o que têm.”

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de julho de 2007

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