Felicidade virtual
Essa falsa felicidade virtual me dá náusea. A maioria das pessoas usa os sites de relacionamentos para pintar a imagem da vida perfeita: elas são as mais apaixonadas, as que possuem os relacionamentos mais harmônicos, as famílias mais felizes e unidas, as férias inesquecíveis, o melhor emprego, as melhores amizades e os mais sólidos relacionamentos. Quase ninguém tem defeito, quase ninguém é feio, tem problemas ou mal humor.
É “um tal” de “adorar” que não termina nunca. Todas as pessoas tentam de forma desvairada mostrar que “adoram” a si mesmas, as suas vidas, as suas profissões, as suas escolhas, a todos os seus parentes, amigos e conhecidos. Quase todos são poços sem fundo de amor.
Às vezes elas odeiam, mas não dizem nomes, criticam e desprezam, inclusive alguns dos que estão em suas listas de “amigos”, o que deixa claro o quanto a falsidade se prolifera no mundo virtual e real, logicamente. Todavia, ninguém pára na rua para dizer para um “amigo” que ele é egocêntrico, mal amado ou grosseiro, mas fazem isso para os amigos no mundo virtual, que, diga-se, nove em dez vezes, não cumprimentam na rua.
Na nua e crua realidade o “virtual” demonstra quão acentuada é a frivolidade e falsidade de boa parte dos indivíduos. Lá quase todos são felizes, quase todos sabem o que é amor verdadeiro, quase todos possuem os melhores cônjuges do mundo, quase todos possuem a família bem estruturada, típica de comercial de margarina, quase todos os lares são felizes, quase todos são bonitos, elegantes, bem amados e de bem com a vida, lá, inclusive existem amizades que desconhecem um mero “oi” no mundo real diante de um “esbarrão” na rua.
Enquanto estes disparates existirem eu não irei “confiar” na maioria dos “fatos” virtuais que meus olhos vêem, afinal, o que é visto quase nunca é real tendo em vista que, o que as pessoas mostram, na maioria das vezes, não condiz com a sua realidade. Uma coisa é o que é visto, outra coisa é o que realmente é e outra, ainda, é o que a gente pensa a respeito do que vê. A verdade tem mil faces, em especial no mundo atual onde o real e o virtual dividem espaço na vida humana. Logo, o melhor é cuidar da própria vida já que boa parte dos outros não vive, atua.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 30 de dezembro de 2011.
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