A balança da Diké e o amor.
A balança da justiça segurada pela deusa grega Diké (filha de Zeus e de Thémis) símbolo do Direito deveria “estar” em nossas mentes, em nosso coração, para pesarmos os prós e os contras de nossas decisões em nossa vida amorosa, bem como os sentimentos nossos e de nosso parceiro. Onde a balança pende para um lado é porque algo esta faltando no outro e, então, será que esta falta não pode causar muitos “danos”? O equilíbrio é o ideal em todos os aspectos da vida humana, logo, quando ele inexiste, existem problemas a serem analisados.
Nenhum relacionamento afetivo da certo quando apenas um se doa, se dedica, releva, perdoa, confia, apóia, silencia, age com indulgência e demasiada paciência. Os relacionamentos amorosos requerem doação, confiança e bem querer por parte de ambos os envolvidos na relação.
Amor, ou melhor, dedicação unilateral faz a balança despencar para um lado e, além de denotar injustiça como ocorreria no âmbito jurídico, denota incoerência, carência e insegurança. Ninguém precisa de um pseudo-romance para ser feliz.
Pessoas inteligentes querem uma relação sadia, com afeto, companheirismo, parceria e sexo excelente (eu disse “querem”, não “precisam”, quem “precisa” de romance para ser feliz é um infeliz nato e irremediável). Ademais, não basta apenas um ou outro “detalhe” dos esperados por quem quer ter uma relação amorosa madura, todos eles têm a mesma medida, logo, faltando um, falta equilíbrio e a probabilidade do relacionamento dar certo cai bastante.
Não existe amor incondicional entre casais psicologicamente sadios. O amor é benevolente, indulgente, mas a sua base é o bem querer e o respeito do homem consigo mesmo, e uma pessoa com auto-estima não releva tudo. Logo, inexiste incondicionalidade no amor, pensar que existe é aberrante e esdrúxulo, como acreditar em Papai Noel aos 15 anos de idade.
É preciso que os dois lados da balança estejam em equilíbrio, apenas isso. É por essa, dentre outras razões, que o relacionamento de pessoas dependentes afetiva, psicológica ou financeiramente do parceiro tende a dar errado. Aquele que auxilia, que tenta ajudar de diversas formas e que supre as necessidades emocionais do parceiro, por exemplo, um dia cansa.
O ciúme, a falta de atenção ao parceiro mais “forte”, a necessidade de ser “cuidado” (carência) ou ajudado, faz com que um receba o que “precisa” (o egoísta da relação, é claro) enquanto o outro se dedica e nada recebe em troca, ficando no vácuo entre seus sentimentos e suas necessidades afetivas. O amor não é escambo, não é negócio, mas é exclusivista e requer reciprocidade em tudo, do contrário não prospera.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 10 de junho de 2011.
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