Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 21 de junho de 2011

De hoje em diante.

De hoje em diante.


Sabe aquele dia em que você acorda e vê a vida de “outro jeito”? E, de repente, você se dá conta que acordou assim porque no dia anterior, uma pessoa que deveria lhe respeitar, lhe tratar com dignidade e poderia ter compaixão com você, fala como se você fosse um “subalterno”, um ser inferior, esquecendo-se (na verdade nunca se lembrou) de todo o bem que à custa se sua própria vida você lhe fez.
Francamente? Eu prefiro ser odiada, ignorada, detestada, desprezada a contar com a piedade alheia. Eu não preciso de pena, estou onde estou porque quero, cometi erros porque achei que estivesse acertando, confiei em quem não devia porque me enganei, porque fui humana, carente e sentimental. Porque dei aos outros a confiança que eu sei que eu mereço. “Por que fui burra”, você deve estar pensando? Pode ser, o limite entre a bondade e a burrice é bastante tênue.
Tenho um cérebro ativo demais, um corpo saudável, independência financeira, inteligência, um grau dosado e saudável de esperteza e outro grau (infelizmente) avantajado de inocência, bondade e pureza. Sou imperfeita, mas sou feliz. Estou viva, o sofrimento não me matou, apesar de ter cortado alguns pedaços do meu coração, que eu mesma juntei colocando em seus lugares, e até onde sei, não tenho câncer nem nenhuma doença grave.
Pensando assim, passei a pensar em quem me fez mal, em quem se nega a honrar o que me deve, em quem nunca teve um pingo de gratidão por mim nem por ninguém que lhe ajudou, em quem nunca respeitou meus sonhos, em quem nunca teve paciência com o mais ínfimo dos meus erros, em quem já gritou comigo e me humilhou, em quem apenas me enganou e, de repente, pensei: “Por que eu tenho pena deste ser?”
Logo, eu percebi que ninguém merece pena desde que o Criador do Universo deu a cada pessoa o chamado “livre arbítrio”. Chega! Eu não terei mais pena de ninguém, apenas compaixão com quem eu sei que merece, afinal não consigo afastar este sentimento do meu coração.
Mas pena? Não, pena nunca mais. Cada um esta no lugar em que escolheu ficar, cada pessoa passa por males conforme seu merecimento e conforme a sua força para suportá-los. Uma vida cheia de erros, de desamor com quem não pediu para nascer, de falta de mea culpa, de egoísmo crônico, não é digna da minha piedade, nem da de ninguém.
De hoje em diante eu vou ter carinho por quem tem carinho por mim, de hoje em diante eu vou relevar as mancadas de quem consegue compreender as minhas, de hoje em diante eu vou olhar nos olhos de quem eu sei que não quer me enganar, de hoje em dia eu só darei atenção a quem me der. E, principalmente, de hoje em diante jamais sentirei pena de quem, tendo várias estradas, optou pela tortuosa, errada e fadada a desgraça, e, enfim, só vou amar quem me ama e demonstrar o que sente.
O resto? O resto que se dane e não ouse se aproximar de mim, porque de hoje em diante eu só terei paciência com quem já teve comigo, com quem sabe respeitar quem merece, por mais que seja errante e passível de equívocos. Chega de sofrer em vão por quem não me valoriza, nem nunca irá valorizar, por quem não me entende, e nem faz esforço para tanto.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 21 de junho de 2011.

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