Há uma semana.
Hoje faz uma semana da ocorrência de um fato que me entristeceu demais, me marcou demais, um erro inominado e imensurável meu. Talvez a vítima já tenha esquecido, haja vista que hoje em dia as pessoas se acostumaram com instantes superficiais, porque da superfície nada passa, nada abate a alma.
Tal não é o meu caso. Eu levo tudo a sério, eu me entrego a tudo o que faço e somente a quem eu creia que merece mais do que meu corpo, mais do que minha superfície e sim minha atenção, carinho, confiança e respeito.
A dor não passa, sufoca. Um misto de sofrimento, vergonha e todos os piores sentimentos do mundo sufocam meu coração, apertam minha alma. Eu não tolero meus erros, minhas gafes, não quando elas são de todo estúpidas e sem sentido.
Nesses dias “pós-erros” a gente se torna um pouco do que sentimos: sufocados, doentes, descrentes, desesperançados, simplesmente porque fomos injustos quando não queríamos, não pensávamos, não podíamos, não deveríamos. Sentimo-nos, pois arruinados.
Embaixo da ruína da nossa vergonha, do nosso brio, do nosso carinho, do nosso afeto, fica soterrado nosso coração, tão sofrido, e, novamente, trucidado, por nós mesmos, afinal perdoar aos outros não é fácil, mas não é impossível (em especial quando mantemos uma distância saudável dos “perdoados”).
Perdoar a nós mesmos quando não encontramos explicação para nosso erro é quase desesperador, é algo que coloca nossa fé a prova, nossa sanidade na berlinda.
Desde meus 14 anos eu sou mestra em mecanismos de defesa (freudianos) do ego, mas eles não funcionam comigo, não quando me sinto culpada e não preciso enganar a ninguém, apenas a mim mesma. Sou honesta na vida, e comigo igualmente. Minha consciência é carrasca, é sádica.
Todavia, não sou masoquista, e sei que farei essa dor passar, é uma questão de tempo, de buscar a indulgência que tenho com os erros alheios e emprestar um pouco para mim, de seguir a vida e pensar que “para tudo há uma razão”, essas frases feitas pró-consolo, que na hora do desespero, adiantam um pouquinho.
A minha fé que, de regra é inabalável, é que fica ferida, afinal, porque uma pessoa que ora, que crê em Deus, que tenta ser justa sempre, pode ferir alguém de forma estapafúrdia? Estaria Deus ou meu anjo da guarda analisando a miséria da África naquele instante? Seria inveja, “olho gordo” e afins? Carecer-me-ia de uma folha de arruda atrás da orelha para poder viver minha vida como me apraz?
Nestes instantes de vergonha de mim mesma e de dor por arrependimento eu peço aos Deuses a oportunidade de magoar alguém “querendo”, com vontade de “pecar” com “p” maiúsculo, e de fazer sofrer quem deseja o meu mal, quem deseja minha tristeza, voluntariamente, é óbvio.
Afinal não costumo me arrepender do que eu faço, eu me entrego. Todavia, ter que amargar uma dor angustiante por ter feito ou dito algo que, para mim, nada vale, mas que corta o coração de quem ouve, é deprimente, muito deprimente.
Ah, mas será que corta mesmo o coração do, teoricamente, “magoado”? Não sei, não me importa, eu sei que eu tenho todos os sentimentos à flor da alma, à flor da pele, e eu sinto. Sinto muito.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 22 de junho de 2011.
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