Consolo
O ruim de envelhecer não são as rugas, não são as marcas que o tempo deixa em nossos corpos. Na verdade envelhecer não é ruim, o seu lado bom compensa qualquer sofrimento.
A maturidade, enfim, compensa a pele mais flácida, o cansaço que abate mais rapidamente, as rugas nos olhos e tudo o mais. O estranho de ficar mais velho é que acumulamos muitas lembranças, muitas recordações e, quase sempre, alguma espécie de arrependimento.
Confesso que admiro as pessoas que não se arrependem de nada na vida. Ou, para ser franca, admiro tal idéia, mas desconfio dela. A vida é muito complexa, cheia de caminhos e opções aliadas a ilusões. É difícil viver intensamente sem arrepender-se de coisa alguma.
Quanto mais vivemos, mais escolhas fazemos. E muitas renuncias ficam para trás. Logo, impossível, em determinadas situações, diante de alguma frustração, não pensarmos que poderíamos ter escolhido outro caminho e não renunciar o que outrora deixamos de lado.
Se você não se arrepende, realmente, de nada. Dou-lhe os parabéns. Eu me arrependo de muitas coisas, talvez, obviamente, porque eu tenha muitas frustrações guardadas no meu coração. O que me alivia? Saber que me arrependo do que fiz, não do que deixei de fazer. Isso, no mínimo, é um consolo.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 29 de março de 2013.
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