Saudade II
Eu sou uma pessoa que tem grande tendência a sentir saudades. Não que eu não viva intensamente o presente, na verdade não consigo explicar este meu habito estranho de sentir saudade.
Sinto saudades de pessoas, de momentos, de lugares, de risos e de lágrimas. Sim, até os momentos tristes me causam saudade, porque hoje eu consigo vê-los com outros olhos.
Eles não são mais tristes, são, para mim, momentos que serviram para eu aprender e crescer muito. Então, eu sinto saudades. Sem as lágrimas derramadas outrora, eu não seria quem sou. E eu gosto de quem me tornei, mas sinto saudades, também, de quem eu fui.
Sinto saudades das esperanças, das ilusões, das convicções que a vida derrubou. Sinto saudades da pessoa cheia de certezas que eu fui. Pessoa que deixei de ser graças a muitas lágrimas. Abençoadas lágrimas que levaram a arrogância imatura para longe da minha alma!
Tenho saudades da idéia errada que eu fazia de muitas pessoas. Como elas eram surpreendentemente boas na minha cabeça! Como eu seria feliz ao seu lado nos meus sonhos mais tolos. Sonhos que a realidade aniquilou!
Como eu sinto saudades dos ideais de família que eu tinha. Como a minha família era linda! Como meus pais se amavam e como era bom acreditar que os casamentos eram praticamente indissolúveis!
Pois é, eu realmente sinto saudades de muita coisa. Mas, o que me resta fazer? Levantar-me do sofá onde passo a mão nos cabelos amargando a saudade que sinto de quase tudo que vivi, para ir viver! Afinal, devo viver bem o hoje, porque, com certeza, será do presente que, no futuro, eu sentirei saudades.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 04 de março de 2013.
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