Culpa e depressão

Culpa e depressão 

Certa vez li, em algum livro, que o psicólogo australiano Dr. Dorothy Rowe afirmou que: “Basta se culpar pela desgraça que caiu sobre você para fazer a tristeza normal virar uma depressão.” E ele tinha plena razão. 

Então eu questiono, pessoas más, pessoas frias, pessoas egoístas e incapazes de fazer mea culpa, pessoas que não se arrependem de nada, além, é claro, dos psicopatas, sentem culpa por algo? 

A minha resposta é não e a conclusão, tal qual a do livro, é de que, via de regra, a depressão só afeta pessoas de alma boa. Pessoas capazes de sentirem-se culpadas, mesmo que não tenham culpa alguma pela desgraça que lhes acomete. 

Um tanto pela influencia religiosa com seus conceitos de pecado, purgatório, céu, inferno e etc.. Enfim, as pessoas crêem que coisas ruins só acontecem com pessoas más, então elas não se conformam com o ruim que lhes abate e sentem-se culpadas por terem sido vitimas de infortúnios. Mas a vida não é assim. 

Coisas ruins acontecem para pessoas boas. A vida é uma seqüência de episódios inéditos e imprevisíveis e, diga-se, totalmente independentes de nossa bondade, pureza e boa vontade. O que de ruim nos acontece não é por merecimento. 

É, simplesmente, porque acontecem! Revoltar-se, indignar-se ou deprimir-se não resolve coisa alguma. O importante é confortar-se, é tentar ser leve e, com certeza, resignado perante a vida, porque nosso sentimento de “injustiça” em relação a fatos ocorridos conosco não muda nada, pelo contrário, nos leva ao fundo do poço. 

Cláudia de Marchi 

Passo Fundo, 02 de abril de 2013.