Tempo, tempo!
Ah, se eu pudesse voltar no tempo! Ah, se eu pudesse regredir, no mínimo, dez anos da minha vida! Quantas escolhas diferentes eu teria feito, quantos conselhos eu teria deixado de dar, quanto orgulho eu teria engolido com um bom vinho que, sequer eu tomava na época!
Teria mantido um relacionamento, desmanchado outro antes do tempo que escolhi para terminá-lo, teria dado mais atenção para quem me valorizava da sua maneira. Teria tido mais paciência com uns, menos com outros.
Teria me apaixonado e vivido intensamente a minha maior paixão. Mas não teria a feito findar de forma tão traumática, quase trágica. Eu teria, pelo menos, tentado ser mais leve, mais suave, menos intensa, menos insana.
Ah, se eu pudesse ter engolido alguns desaforos e regurgitado respostas duras para quem as merecia! Eu teria escolhido outros rumos, teria usado melhor minha inteligência, meu dinheiro, meu humor, minha paciência, meu amor!
Realmente o tempo não volta atrás, mas o que não cansa de voltar em minha alma é a vontade de regressar no tempo. Época em que eu lamentava sem necessidade, em que eu tinha tudo, enfim, época em que eu era feliz e não sabia. Ou melhor, me esquecia que era, já que nem tudo era como eu desejava.
O perfeccionismo se tornou um inimigo da minha felicidade e paz de espírito. Eu queria o que não tinha em mim: certa perfeição. Eu exigia da vida o que eu não tinha preparo para lhe dar. E achava que sabia muito. Como eu era uma jovem tola!
Hoje eu sei que eu sabia pouco. Ou quase nada. Hoje sinto falta de quando eu ia dormir dando risada, sinto falta de pegar na mão de quem eu amava, sinto falta de quando me diziam “pronto, pronto, já passou, já passou”, sinto falta de quem me cortava o melhor pedaço de carne no churrasco, sinto falta de quem me amava. Da sua forma imperfeita, mas sincera, plena de aceitação.
Agora só eu posso me consolar dizendo que o tempo me trouxe maturidade. Resta-me, pois, esperar o momento de ver que o aprendizado e as frustrações que eu mesma criei tiveram utilidade, que tiveram a nobre função de me levar a ser uma pessoa melhor e, realmente, um pouco mais sábia, afinal, quem não aprende pelo amor, aprende pela dor. O fato é que dói, mas não mata. Benzadeus!
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 02 de abril de 2013.
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