Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

As prisões da mente: da religião ao machismo, da hipocrisia a falta de amor.

As prisões da mente: da religião ao machismo, da hipocrisia a falta de amor.

Em um mundo de escravidão velada a conceitos religiosos, machistas e capitalistas, em um mundo de mídia sensacionalista e que novelas agradam mais do que leituras, num mundo em que o de cima, sobe e o debaixo desce e ainda fala em "meritocracia" não há que se falar em “ser livre”!
Em um mundo em que existem mais cirurgiões plásticos e academias do que bibliotecas e livrarias numa cidade, em um mundo em que ainda se acha que o sonho de toda mulher é casar-se com um “príncipe encantado” e bem sucedido, em um mundo em que a maioria se casa aos vinte e poucos, tem filhos, se torna infiel aos trinta e tantos e se divorcia aos quarenta não há que se falar em “ser livre”.
Em um mundo em que o photoshop reina e no qual a mídia influencia no autoconceito das mulheres acerca do seu corpo e dos homens acerca do seu status-"a saradona é mais feliz no amor e o ricaço faz mais sexo"-, não há que se falar em "ser livre". Inexiste liberdade quando não se sabe o que, de fato é vontade natural e o que é vontade e necessidade criada pelo que se vê e ouve mundo a fora. 
Em um mundo de “verdades secretas”, casamentos por conveniência, de telenovelas de conteúdo cultural lastimável e Ibope alto, em um mundo de hipocrisia, onde existem mais declarações de amor em redes sociais e felicidade para “inglês ver”, em um mundo em que ainda se fala em “idade pra isso e idade pra aquilo” não há que se falar em “ser livre”.
Em um mundo em que jovens nutrem curiosidade a respeito do salário das garotas de programa de luxo, enquanto fazem faculdade e concluem que se prostituir é mais rentável do que trabalhar e ser dona de seu corpo e de suas vontades na cama, não há que se falar em “ser livre”!
Em um mundo em que moças jovens se contentam em serem sustentadas por um marido com boa renda mensal e, retroagem, ao papel de dona de casa e mãe olvidando de seu futuro e independência financeira, não há que se falar em “ser livre”! Em um mundo em que representantes evangélicos fazem leis, não há que se falar em liberdade!
Em um mundo em que o traseiro da atriz ou do ator causa comoção em redes sociais, em que a vontade de ser bonito, supera a vontade de ser culto, em que a vontade de ser rico supera a vontade de ser gentil e educado e em que a vontade de ter poder, supera a vontade de ser bom, não há que se falar em ser livre!
Em um mundo em que as pessoas não têm medo de tirar a roupa na frente da outra, de ter orgasmos e fazer o melhor que se pode fazer entre quatro paredes, mas têm medo de amar, de se envolver e de ter uma relação monogâmica, em um mundo, portanto, de parca afetuosidade de coração e de seres humanos tão previsíveis quanto romances americanos baratos, não há que se falar em “ser livre”.
Em um mundo em que filhos nascem mais por descuido do que por planejamento, em um mundo em que ainda é necessário fazer campanhas para o uso de preservativos às vésperas do carnaval, negar-se a seguir a ordem torta que a maioria segue sem perder o brio, ou deixar de ser honesto e feliz, mais do que um ato de rebeldia e independência é, de fato, ser livre (sem aspas)! Portanto, um conselho: liberte-se!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 14 de agosto de 2015. 

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