As prisões da mente: da religião ao machismo, da
hipocrisia a falta de amor.
Em um mundo de escravidão velada a conceitos
religiosos, machistas e capitalistas, em um mundo de mídia sensacionalista e
que novelas agradam mais do que leituras, num mundo em que o de cima, sobe e o
debaixo desce e ainda fala em "meritocracia" não há que se falar em “ser
livre”!
Em um mundo em que existem mais cirurgiões
plásticos e academias do que bibliotecas e livrarias numa cidade, em um mundo
em que ainda se acha que o sonho de toda mulher é casar-se com um “príncipe
encantado” e bem sucedido, em um mundo em que a maioria se casa aos vinte e
poucos, tem filhos, se torna infiel aos trinta e tantos e se divorcia aos
quarenta não há que se falar em “ser livre”.
Em um mundo em que o photoshop reina e no qual a mídia influencia no autoconceito das mulheres acerca do seu corpo e dos homens acerca do seu status-"a saradona é mais feliz no amor e o ricaço faz mais sexo"-, não há que se falar em "ser livre". Inexiste liberdade quando não se sabe o que, de fato é vontade natural e o que é vontade e necessidade criada pelo que se vê e ouve mundo a fora.
Em um mundo de “verdades secretas”, casamentos por conveniência, de telenovelas de conteúdo cultural lastimável e Ibope alto, em um mundo de hipocrisia, onde existem mais declarações de amor em redes sociais e felicidade para “inglês ver”, em um mundo em que ainda se fala em “idade pra isso e idade pra aquilo” não há que se falar em “ser livre”.
Em um mundo de “verdades secretas”, casamentos por conveniência, de telenovelas de conteúdo cultural lastimável e Ibope alto, em um mundo de hipocrisia, onde existem mais declarações de amor em redes sociais e felicidade para “inglês ver”, em um mundo em que ainda se fala em “idade pra isso e idade pra aquilo” não há que se falar em “ser livre”.
Em um mundo em que jovens nutrem curiosidade a
respeito do salário das garotas de programa de luxo, enquanto fazem faculdade e
concluem que se prostituir é mais rentável do que trabalhar e ser dona de seu
corpo e de suas vontades na cama, não há que se falar em “ser livre”!
Em um mundo em que moças jovens se contentam em
serem sustentadas por um marido com boa renda mensal e, retroagem, ao papel de
dona de casa e mãe olvidando de seu futuro e independência financeira, não há
que se falar em “ser livre”! Em um mundo em que representantes evangélicos fazem
leis, não há que se falar em liberdade!
Em um mundo em que o traseiro da atriz ou do ator
causa comoção em redes sociais, em que a vontade de ser bonito, supera a
vontade de ser culto, em que a vontade de ser rico supera a vontade de ser
gentil e educado e em que a vontade de ter poder, supera a vontade de ser bom, não
há que se falar em ser livre!
Em um mundo em que as pessoas não têm medo de tirar
a roupa na frente da outra, de ter orgasmos e fazer o melhor que se pode fazer
entre quatro paredes, mas têm medo de amar, de se envolver e de ter uma relação
monogâmica, em um mundo, portanto, de parca afetuosidade de coração e de seres
humanos tão previsíveis quanto romances americanos baratos, não há que se falar
em “ser livre”.
Em um mundo em que filhos nascem mais por descuido
do que por planejamento, em um mundo em que ainda é necessário fazer campanhas
para o uso de preservativos às vésperas do carnaval, negar-se a seguir a ordem
torta que a maioria segue sem perder o brio, ou deixar de ser honesto e feliz,
mais do que um ato de rebeldia e independência é, de fato, ser livre (sem
aspas)! Portanto, um conselho: liberte-se!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 14 de agosto de 2015.
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