O desapego e a burrice emocional.
Ah, a modernidade! Época em que se apregoa o
desapego como se fosse uma ordem: não se apegue, não se apegue, não se apegue!
Em consequência disso as pessoas perdem o senso crítico e a capacidade de
valorizar as particularidades do outro. Agem como se todas fossem iguais e
indignas de apego. E de apreço.
Época da burrice emocional quase generalizada,
bolso farto, prato idem, copo cheio. Ambições e egoísmo trasbordantes,
inclusive. Ao invés de se privilegiar a afetividade inteligente vivemos no
mundo da superficialidade, do "um" parceiro por noite ou semana.
Ora bolas! Por que não desejar apegar-se a quem faz
por merecer o seu melhor? Por que não ver o outro sem a barreira do "não
quero me apegar"? Seriam todos "não apegáveis" ou você que
perdeu o senso crítico e a sensibilidade? Ter alguém é bom, em especial quando
você já se descobriu feliz e completo sozinho.
Ter alguém por escolha, não por carência ou
necessidade. Viver uma paixão é enfeitar a alma! Do diálogo a cama, do
jantarzinho a viagem, da festa e cervejada a família e intimidade. A questão
não é não se apegar, a questão é a seletividade tida na escolha da companhia.
A questão não é o namoro ou o casamento, a questão
é "quem" você escolhe para chamar de "amor meu". Não se
trata do não apegar-se, trata-se de escolher a quem se apegar. Questão de
inteligência emocional, algo em extinção atualmente.
Ninguém precisa de metades, de partes ou de
migalhas para ser feliz, eu não preciso! Ou faz o meu coração bater forte e
acelerar, ou torna o meu passo acelerado e em rota de fuga. Eu não tenho medo
da frustração, eu tenho medo da estagnação e do desperdício de tempo!
Lembro que a gente usa o tempo até para responder
WhatsApp! Nas contas que faço da minha vida eu computo os segundos vividos e a
bateria de celular desperdiçada. Logo, se você é do tipo de pessoa que tem
aversão a apego, já aviso para passar longe. Se você é o tipo de pessoa que tem
medo de relações sérias, passe reto.
Eu nasci de 7 meses! Não tenho pressa, mas tenho
ojeriza à perda de tempo e quero alguém disposto a me conhecer, a cuidar e ser
cuidado. Diga-se que nos tempos modernos nem a distancia física justifica falta
de atenção. Telefones moveis vão ao banheiro e todos vão ao banheiro durante um
dia! Logo, só não dá amor, ainda que a distância quem não quer se apegar e,
consequentemente, quem já não distingue mais uma pessoa especial de uma pessoa
qualquer.
Quem faz essa distinção sabe valorizar o outro,
olha com olhos analíticos, tem curiosidade, indaga, vai a fundo. Não fica na
mera superfície dos “nudes” da vida, pessoal ou virtualmente. Quem sabe
reconhecer uma pessoa especial, não perde tempo com receios fúteis. Toma posse
e segue adiante.
Não quero casar, não quero ter filhos, quero,
apenas viver uma paixão compromissada e sem prazo de validade. Uma paixão que
dure meses, anos ou décadas, mas que seja boa, que seja doce, que seja quente. Uma
paixão imersa em carinho e destemor, porque aonde o medo entra, o amor foge!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 16 de agosto de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.