Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Carta aberta à minha futura paixão.

Carta aberta à minha futura paixão.

Os homens que costumam apresentar-se a mim, por simpatizarem comigo esteticamente, costumam dizer que eu só “posso” estar solteira por ser demasiado exigente. Como se beleza fosse suficiente para cativar corações e como se exigência pudesse ser medida por ausência ou não de parceiro afetivo. Ou será que pode?
Primeiramente, existe dentro de mim algo muito, muito mais cativante que um corpo, lábios carnudos ou olhar “penetrante”, (olhar de Capitu, para os que gostam de “galantear” usando literatura brasileira). Eu tenho uma alma e uma mente muito mais interessante que minha aparência e um coração muito mais pulsante que meus constantes sorrisos.
O problema disso? É alguém chegar até eles. Até a alma, ao coração e, claro, a mente! Não gosto de dizer que minha exigência é demasiada, porque não é. Também não gosto de dizer que eu sou complicada. Eu sou complexa, imprevisível talvez, mas não complicada.
Eu acho que o mundo, na verdade, está muito superficial, muito raso, muito “aparência” e pouco essência, muito sexo e pouco afeto e eu sou intensa, sou profunda e sou perfeccionista em absolutamente tudo o que faço. Eu não gosto de ser “mais” uma no mundo ou “mais” uma para alguém. Eu gosto de ser a “Cláudia”, aquela que não é perfeita, mas que, no mínimo, marca.
O que a superficialidade mundana tem a ver com a minha aversão à caracterização de excesso de “exigência” a justificar minha solteirice? É que eu vejo as pessoas se contentarem com pouco, se contentarem com o parceiro razoável, com o namorado que não agrada, com o “sexo” eventual, com o trabalho mal e parcamente vivenciado.
As minhas exigências não são muitas e, agora, passo a falar diretamente a você, minha futura paixão. Primeiro, convém saber que eu nunca vivenciei uma fase tão seletiva quanto a presente, logo, se você estiver lendo este texto tenha certeza de que eu lhe escolhi e, claro, por um lapso do universo, também fui escolhida, afinal, eu nunca cultivei nenhum sentimento platônico. Consequentemente, nos admiramos mutuamente, tenho certeza.
Acho que você pode, sem julgar-me arrogante por dizer-lhe isso, se considerar uma pessoa especial e interessante por ter ultrapassado a barreira da minha seletividade que vai do cérebro à cama, das mãos à segurança e confiabilidade. Eu não sou nenhuma perola negra e nem pretendo ser.
Sou só perfeccionista, daquele tipo que pretende ser a melhor no que faz o que inclui em ser-lhe a melhor namorada, a melhor companheira e a melhor esposa. O meu maior defeito talvez seja este, o perfeccionismo, mas, fazer o que? Afinal, de defeito isto passou a ser um vicio: enquanto eu puder, eu tentarei ser e fazer tudo com perfeição, isso me alimenta o ego, me faz bem, me faz pulsar e, principalmente, me faz feliz. “Isso”, portanto sou eu!
Você, minha futura paixão deve ser um homem seguro de si, decidido, que trabalha com o que lhe faz bem, que faz o que gosta, que pega firme nas minhas mãos, que me faz rir, suar e me soltar, que me faz pensar e refletir, que tem uma personalidade meio “enigmática”. Você é serio, tem uma aparência de pessoa responsável, dá para ver em seus olhos a sua seriedade. Você não é obvio, você tem um “que” de impenetrável que se revela aos poucos e se você assim o quiser.
Você não é uma pessoa que fala demais, aposto que nunca me disse o que não sentiu e nem “arrotou” seus talentos e “superações” em nossos encontros iniciais. Você, definitivamente não se gaba! E isso, confesso, chega a ser tão atraente para mim que me excita!
Ademais, posso apostar que não me mandou mensagens “melosas” para conquistar meu apreço, que nunca quis enaltecer meu ego para ter o melhor de mim, porque, com certeza, você sabe que eu não preciso de massagens no ego, de elogios a minha aparência. Você sabe que é a sua sinceridade quase ácida que me cativa, assim como seu silencio sedutor que me estremece e que, mal sabe você, mas me disse muito do que eu queria saber a seu respeito.  
Você não fala o que não sente, aliás, você, provavelmente, fica assustado com minha facilidade com as palavras! Com essa minha intensidade quase insana que fala o que pensa e que fala o que sente como se fosse imune a decepções, não é?! Você não é igual a mim e é por isso que eu confio em você.
Agora você já deve saber que eu sou confiável, mas já deve ter percebido que, apesar do meu feminismo arraigado, eu não acho que homens e mulheres sejam idênticos, afinal a criação machista não nos “construiu”, infelizmente, de forma igual! Logo, em se tratando de homens, para mim, confiável é o que fala pouco, faz e sente muito.
Homens demasiado galantes, homens que falam que amam rapidamente, homens que lambem minha alma de forma insana e imediata me despertam desconfiança, quiçá pavor, quiçá desprezo! Conquistar-me o corpo não é tão difícil quanto cativar-me a alma e isso, ah isso, você deve ter certeza que conquistou se, ao chegar aqui, ao termino deste texto, enfim, você se identificou com as palavras nele escritas. Portanto, faça-me um favor: dê-me um beijo e largue o computador!
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 04 de julho de 2015. 

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