Tire suas regras do meu
prato e da minha vida.
Ultimamente, nos meus
relacionamentos afetivos e até nas amizades, eu enfrento olhares tortos para o
meu prato! Se pego um pedaço de costela gorda, picanha com a gordura, ponta de
peito ou qualquer carne “gorda” num churrasco, me olham e perguntam com um ar
de superioridade e arrogância saudável: “Você vai comer essa gordura?”.
As pessoas são tão
estranhas com essas manias saudáveis delas! Bacon não pode, torresmo não pode,
salame e queijo frito não podem, gema de ovo não pode e por aí a fora. Tem que
cuidar da saúde, do coração, da cintura e “blá blá blá”!
Será que essas pessoas
acham que a única forma de morte é a natural? Um câncer? Um infarto? Um AVC?
Será que elas não acham que ter uma vida super regrada, passar mil vontades,
malhar até se extenuar, não beber, não comer gordura, mas desperdiçar bons e
alegres momentos, daqueles que a gente vive ao redor de uma mesa farta, também não
é uma espécie de “morte”?
Todo cerceamento
radical mata algum prazer, alguma alegria. Ademais, a vida é tão perene para não
tomar uma cervejinha, uma garrafa de vinho em boa companhia, para não comer
carboidrato, para não jantar romântica e “fartamente” antes de uma noite de
descanso e, quiçá, romance a dois! A gente não morre só de causas naturais meu
filho! A gente pode morrer com uma bala perdida, atropelado, num acidente, num
assalto, num atentado, num desmoronamento! A gente pode adoecer com uma doença
totalmente inesperada, daquelas que não tem nada a ver com nossa cintura fina,
corpo esguio e coração “100%”.
A vida é surpreendente
no inicio, no meio e no fim, portanto, seja leve na alma, não na balança! E, se
escolher não ser leve, por favor, não coloque o peso das suas paranoias no
churrasco do meu domingo, na cerveja da minha sexta-feira, na minha
macarronada, no meu molho temperado e no vinho que eu tomo quando tenho vontade.
Se regras não lhe
matam, não lhe frustram, não lhe irritam e nem lhe “mauhumoram”, então tenha
regras, mas não dite-as para mim, não imponha em minha vida os limites extra saudáveis
que você impõe para si, porque, francamente, eu acho a vida muito curta para
passar vontades.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 21 de
agosto de 2015
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