Não é desamor querido, é amor próprio!
As pessoas têm a infeliz mania de achar que nos
afastamos delas, porque não gostamos delas. Vivenciei isso em divórcio e até no
fim do que nem bem começou. Antes do gostar de alguém ou até mesmo ser
apaixonado por alguém, existe uma espécie de amor eterno: o que nutrimos por
nós mesmos.
E, sobretudo, existe uma espécie madura e em
extinção de pessoa que, mesmo sofrendo com a "retirada", não
esmorece, por saber que merece mais do que o outro pode ou quer lhe oferecer
afetivamente. Eu pertenço a esta espécie.
Não digo "tchau" por desprezo ou
desgosto, digo "tchau" por me amar. Engana-se quem pensa que o amor
aceita tudo! A falta de amor próprio aceita tudo, o
"interesseirismo", a carência e a dependência aceitam tudo. O amor só
aceita o afim, o recíproco, o cuidado, a lealdade, a atenção e o bom trato.
Lamento toda vez que vejo homens e mulheres se
contentarem com pouco. Homens carentes que se contentam com atenção e sexo de
mulheres usurpadoras que estão mais interessadas em viver bem e às suas custas
do que em qualquer outra coisa realmente “do coração”.
Ou mulheres que tem parceiros relapsos, pouco
afetuosos, mas se contentam com esmolas da sua atenção e do seu carinho, apenas
para não ficarem sozinhas. Digo, sozinhas perante a sociedade, porque mesmo
acompanhadas, elas são solitárias.
Eu lamento, enfim, ver pessoas amando demais e se
amando de menos, confiando demais e confiando de pouco a nada em si mesmas. As pessoas
deveriam saber que dizer “eu não quero mais” para alguém não significa rejeitar
suas características admiráveis, suas virtudes, seu lado bom.
Dizer “eu não quero isso pra mim”, nem sempre quer
dizer “eu não gosto de você ou não quero você”, às vezes significa,
simplesmente: “Eu quero bem demais a mim!”. Eu quero alguém que me trate do
jeito que mereço, que me cuide e que me queira o mesmo bem que eu quero e, no
momento, você não age desta forma! Simples.
Não é sem decepção, sem dor, sem lagrimas que você
sai da vida de alguém por amar a si mesmo. As pessoas que não foram quem você
merecia e desejava para si, de regra, fazem pouco caso do que você sentia. “Se
fosse sincero o que ela sentia, não me deixava!”. Ledo engano, uma visão
romantizada do amor que não existe mais!
Sabe por quê? Porque não existe amor, sem amor
próprio e é impossível amar alguém sem se amar. Quando, porém, amamos e não
temos do outro o afeto, o equilíbrio e a dedicação que lhe damos ou desejamos,
sair da sua vida para que busquemos alguém que se afine conosco é uma questão
de brio, de caráter e de respeito, não de desamor.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 19 de agosto de 2015.
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