Da hipocrisia demonstrada em datas especiais.
Eu tenho alguns sonhos para a humanidade que, me
parecem singelos, mas que a realidade os arrebata e erige a um nível quase inalcançável.
Num dia como hoje, data comemorativa dedicada aos pais, eu gostaria de ler
homenagens realmente sinceras, que se concretizam no dia a dia, de ver esposas
se derretendo em admiração aos maridos realmente fiéis e leais, além de bons
pais.
Não seria a lealdade, o decoro e a decência exemplos
que devem ser deixados aos filhos? Infelizmente eu vejo apenas a sua aparência.
O sujeito parece decente, a mulher acha que ele é decente, os filhos lhe admiram,
mas, na verdade ele é um babaca que flerta com a “bonitona” que lhe aparece. Quando
ninguém esta vendo.
O que seria, portanto, um mundo perfeito, a meu
ver? Um mundo imerso em transparência, em que as pessoas não tivessem duas ou
mais caras, um mundo em que a mesma atitude que se tem no escuro, sozinho e em
silencio fosse aquela tomada frente à sociedade a luz do dia e em meio ao
tumulto e barulho.
Avilta-me a alma e a esperança no ser humano a
hipocrisia, mais, e o que é pior, a falsidade! Não suporto ter que quedar-me
silente frente a tanta deslealdade vista diariamente e perpetrada pelas redes
sociais. O que vai de um “feliz dia dos pais” até um “eu te amo minha vida” no
dia dos namorados.
Penso calada: “Qual o problema dessas pessoas?”. Como
conseguem ser felizes usando mascaras, sendo falsas, enganando os outros. Se o
amor é sincero, então porque os flertes extraconjugais? Se o ser o “melhor pais
para as minhas filhas” é tão verídico, porque um homem pai de “futuras”
mocinhas é tão desleal à esposa?
Que história é aquela também, que faz essas pessoas
infiéis manterem-se casadas? A felicidade dos filhos? Mas, o que seria “dela”
se a sua vida intima e retratada em WhatsApp fosse acessível por todos, pelo
mundo quiçá? Por que, afinal, essa dissonância entre o que se faz e fala e o
que se vivencia quando as pessoas não olham ou presenciam?
Por que dizer “eu te amo” é tão fácil e passar
senhas de redes sociais é tão difícil? Por que se defender alegando a tal da “privacidade”
se nada existe a esconder? Não falo de senhas de contas bancarias, de senhas de
cofres, falo de senhas daquilo que se usa cotidianamente e, teoricamente, não devem
ter nada que o “parceiro amado” não possa ver.
Enfim, não concebo o mundo como ele é e que,
infelizmente, o “é” sempre, mas apenas em algumas datas “especiais” é esfregado
na cara de todos e deixa, quem sabe um pouco mais do que se aparenta,
estarrecido e, no mínimo, anojado. Senhor, livra-me da hipocrisia e falsidade
humana!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 09 de agosto de 2015.
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