Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Agora.

Agora.

Às vezes quando a gente não planeja, não espera e não racionaliza, a vida nos surpreende, ou melhor, nos faz nos surpreendermos conosco mesmos. Planejar e realizar é ótimo, mas ser surpreendido quando não se espera muito é melhor, muito melhor.
A vida, meu amigo, é de quem não se limita, não se bloqueia, não tem medo e não se acanha frente ao que lhe aparece de bom. A vida não é matemática, não é lógica. A vida é um universo de oportunidades no qual só conquista a felicidade e tudo mais que deseja quem não se limita ao preconcebido.
Não raras vezes você se diz “eu só quero tal coisa daqui há anos”, mas, por alguma razão vem a vida e lhe traz o que você queria noutro momento. Cedo, na sua concepção. Então, você “pula” ou encara?
O fato é que boas oportunidades nem sempre voltam, ela não ocorrem quando você quer, às vezes, mas quando a vida quer, logo, para ser feliz, é preciso compreender a vontade da vida e não insistir apenas na sua, nos seus anseios e planos.
Ser feliz requer leveza, leveza requer liberdade de espirito e liberdade de espirito requer coragem. A felicidade pertence aos corajosos, aos livres e aos de alma leve, que não deixam para depois a boa vivência que pode viver agora.

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 30 de setembro de 2014.

Mães e filhos.

Mães e filhos.

Não ser mãe não faz de uma mulher "menos mulher", nem de um homem "menos homem". Aliás, seguidamente vejo pessoas incapazes de dar educação, carinho, afeto e limites ao filho cobrando a reprodução da espécie de terceiros.
Filhos tem quem deseja, quem tem preparo psíquico e pode sustentar. Ou melhor, deveriam ser apenas tais pessoas. Filho chora, ocupa tempo, faz birra, tira o sono, custa caro, implica em milhares de responsabilidades e abstenções. São contratos eternos de um bem que não é seu, mas do mundo.
Filhos não são meros companheiros, porque hoje estão, amanhã deixam de estar com você. Idade para tê-los? Aquela na qual você está de bem consigo, no amor, na intimidade, na mente, no trabalho e na conta bancária e, sobretudo, aquela na qual você compreende que eles são seus e não dos avós, da escola ou da baby sitter.
Ademais, sequer em seus cuidados, como mãe, especificamente, você deve contar demais com o pai. Não raras vezes os casamentos findam, porque a mulher, após a maternidade, deseja do marido atos que ele não consegue fazer, ou não quer, enfim.
Entenda: alguns homens só conseguem prover e cuidar em determinadas situações, em caso de rompimento, o filho ficará com você, se conseguires ser uma mãe melhor do que o marido foi como pai e é está a regra, infelizmente. A igualdade está na lei, na Constituição Federal e não na mente, no instinto e na alma. Enfim, ter filhos requer uma maturidade que nove em dez pessoas que os tem, não possuem.
E eu lamento isso. Ter filhos não é obrigação que você tem até está ou aquela faixa etária, é escolha que você faz ciente de que seus próximos anos não serão livres como seriam se você não os tivesse.
Não existe idade certa, mas condições de vida necessárias para se ter filhos. Se a maternidade compensa? Dizem que sim. A minha preocupação, no entanto é que as mães relapsas, fúteis e mal educadoras também respondem positivamente a tal pergunta. As mães possessivas, doentias, paranoicas também louvam a maternidade.
Portanto, pense, planeje e repense, afinal bebês são lindos, são bênçãos, mas lhe exigem responsabilidade eterna, amor e entrega permanentes. Se você não está disposta a amar mais a alguém do que a você mesmo, não tenha filhos, o mundo não precisa de mais pessoas mal criadas, egoístas e revoltadas, assim como não carece de pessoas hipócritas e imaturas que apregoam a dádiva daquilo que mal sabem fazer e ser. As mães, no caso.
Seja o que for que você venha a fazer, ter ou não ter filhos, pense muito antes. Gerar uma vida é uma dádiva, até crianças de 13 anos a possuem, ser responsável pela educação e construção do caráter de alguém é, no entanto, uma responsabilidade imensa e permanente.
Respeitar, dialogar, saber o momento certo de repreender, de se impor sem castrar, sem macular a inteligência e a liberdade de espirito do infante, requer dedicação, requer maturidade, requer consciência da importância de seu papel. Consciência que falta naquelas inúmeras pessoas que acham que ter filho é soltar no mundo e deixar ao arbítrio de Deus.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 30 de setembro de 2014.

Orgulho de si mesmo.

Orgulho de si mesmo.

Faça um favor a si mesmo, não tenha orgulho por ser bonito, não tenha orgulho por fazer Direito, Medicina ou ser filho de pai rico, não tenha orgulho por ter uma namorada bonita, não tenha orgulho por ser magro ou ter o abdômen sarado.
Ter orgulho do que faz, da própria aparência, herança, profissão e saldo bancário é de uma tolice descomunal. Se for para se orgulhar de algo, que seja de tentar ser hoje melhor do que ontem, que seja de ser honesto, de ser bondoso, de não ter preconceitos, de ser sincero, transparente e fiel.
E, ainda assim, não deixe a sua felicidade consigo próprio subir à cabeça e se tornar arrogância. Não se reconheça como bom, não se orgulhe disso, pois o santo deixa de ser santo a partir do momento em que se denomina como tal.
Tente ser bom, tente ser humilde e compreenda que nada do que tens, nenhum dom, nenhuma benesse foi dada sem que exista, implicitamente, a provação do bom uso que vais fazer dela. Serás arrogante? Serás orgulhoso ou intransigente?
Você tem o direito de gostar de si mesmo, de saber de seu esforço, de suas facilidades, de sua luta, mas não precisa mostrar isso ao mundo, não precisa mostrar a todos o orgulho que tem de si mesmo. O amor próprio, assim como o amor entre casais, se realiza em silêncio, quanto mais alarde, menor a sua veracidade. Simples assim.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 30 de setembro de 2014.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Esquizoide.

Esquizoide.

Eu admiro casais cujo casamento só tem fim com a morte. Desde que ambos sejam felizes e, sobretudo, se respeitem. É fácil demais dizer que "casamento é para a vida toda" quando se fica com alguém sem ter mais tesão por ele, simplesmente por comodismo e covardia.
É fácil ficar com alguém o traindo para saciar a carência que possui, da mesma forma, é fácil manter um casamento com demasiada tolerância quando os bens do outro lhe interessam mais do que o bem querer que nem existe mais.
Tem coisas lindas que saem de bocas erradas, exemplo disso é tal afirmativa. Ademais, o que deve ser eterno é o amor, o respeito e a consideração e não o casamento enquanto "instituição". Enfim, não vale ter uma relação eterna sem que ela seja baseada no amor e na transparência, no respeito e na cumplicidade.
Aliás, sempre que afirmo (inclusive em sala de aula) que acho o regime de separação total de bens justo, ouço pessoas casadas há anos me criticarem, como se eu não tivesse fé no amor, como se eu não acreditasse no casamento. Ocorre que eu acredito.
A questão é que já pensei de forma oposta, mas as opiniões que temos são resultado de nossa experiência de vida e, só penso uma coisa quando homens dizem que não estou correta: “Esses sujeitos não sabem que a maioria das mulheres, antes de querer saber o seu nome e estado civil, indagam se eles são ricos?! Sabem de nada!”.
Esse povo parou no tempo ou é demasiado inocente. Tem muito lobo em pele de cordeiro nesse mundo, enfim, muita mocinha se fazendo de decente, de correta, de santa que, quando apresentamos alguém, querem saber o carro que o cara possui, a profissão e as condições financeiras para decidirem se devem ou não dar atenção ao sujeito.
Eu acho que, justamente, porque devemos casar sem pensar no fim é que a separação total é justa: os filhos, em qualquer caso, serão nossos herdeiros, mas, porque devemos ter parte no que, não raras vezes, foi fruto mais do suor, da dedicação e da inteligência do outro? Se for para ser “pra sempre”, por que criticar tal regime?
O que deve ser divido em sua plenitude num casamento é o amor, o respeito, a admiração, a atração mutua. O resto se for para sempre, será de ambos e, se a relação findar, será de seu real proprietário. Simples, eu não vejo nenhuma dissonância nisso com minha crença no amor, mas, definitivamente, eu devo ser muito esquizoide. Oremos.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de setembro de 2014.

Miseráveis.

Miseráveis.

Relacionamentos são ou, ao menos, deveriam ser, baseados no amor, na cumplicidade, na admiração, no respeito e, sim, no sexo. Todavia, do alto de sua hipocrisia tosca as pessoas negam tal fato.
O companheiro é o "querido", o "honesto", o "carinhoso", mas esquecem de que ele não lhe satisfaz, não lhe agrada quando o termômetro deveria esquentar. E, assim, mantém seu status de "namorado", "noivo" ou "marido". À custa do que? De constantes flertes por aí, numa busca desrespeitosa para preencher o que o "querido e bonito" não lhe dá.
A hipocrisia humana é e sempre será uma inesgotável fonte de erros. Sei lá se as pessoas tem medo de ficar sozinhas, medo do novo, medo delas mesmas! Fato é que se não há amor e desejo a relação está morta, se urge a necessidade de desrespeitar o parceiro ficando com outras pessoas, o seu relacionamento está falido e você é um infeliz, só não admite tal fato.
Por que eu penso assim? Porque eu acredito no amor, na paixão e na capacidade humana de ser fiel e leal quando ama, porque, se pessoas que amam verdadeiramente traem, então eu perderia a fé em tal nobre sentimento. Para mim, quem ama não trai, mas quem diz que ama, quem chama de "meu amor" e faz homenagem carinhosa no facebook para mostrar ao mundo sua felicidade e amor, trai.
O amor não precisa de divulgação, fotos e publicidade. Ele se concretiza no afeto, carinho e entre quatro paredes, nos momentos mais íntimos e com o testemunho unicamente de quatro paredes. E é nisso que acredito.
Pessoas felizes em seus relacionamentos não traem, pessoas apaixonadas e bem amadas também não, o problema do mundo, porém, é que o povo parece precisar de alguém ao seu lado, independente de sua realização pessoal e intima com ela, a hipocrisia é uma doença social que faz com que convencer aos outros de que se é feliz e realizado, se torna mais importante do que ser, realmente, feliz e realizado no amor.
Seres humanos: desisto de entendê-los, mas continuo me abstendo de compactuar com a sua desonestidade, deslealdade e infidelidade. Se eu não entendo, eu não concordo, simples assim.
Na verdade, algumas coisas maltratam meu forte e resistente estomago, exemplo disso é ver quão infiéis e desleais pessoas que se mostram socialmente felizes e realizadas podem ser. Realmente, a poeira desse mundo está é embaixo do tapete, porque as pessoas querem assim, mas os ácaros estão lá, contaminando seu ambiente aparentemente limpo e perfeito. Miseráveis, no sentido real e profundamente miserável da palavra.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de setembro de 2014.

Apego e desejo.

Apego e desejo.

A verdade é que comigo não funciona a lei do desapego. Eu posso não procurar, mas eu crio apego por quem gosto. Aquela letra de "Sereníssima" da Legião é a minha cara! "Sou um animal sentimental me apego facilmente ao que desperta o meu desejo."
Pois é, tô precisando parar de mentir para mim! Isso não da certo! Não mesmo. De quem eu gosto ou acho que tenho razões para gostar, eu me apego! Sinto falta, curto, só não vou atrás, pois do contrário estaria acompanhada e não com saudades. Bem ou mal o apego a mim mesma prevalece, eu não procuro e desisto quem não me procura e não insiste em mim!
Não posso fugir do fato de que sou sentimental e existem pessoas falsas no mundo. Se eu só me apego a quem creio que valha a pena? Sim, óbvio. E onde entra a falsidade nessa questão? Tem gente que finge que é honesta, livre, apaixonada, boa e sincera. Logo, eu estou sujeita a enganos.
Não raras vezes posso sentir desejo pelo que me parece bondoso, querido e franco, me apegar e acabar desapontada. Sim, hipocrisia, auto ilusão e orgulho a parte, isso pode ocorrer comigo e, sim, já me ocorreu.
O fato é que não nasci para honrar o desapego, para ficar com uma pessoa hoje e, gostando dela, não esperar mais sua atenção. Se eu sou desapego? Claro, para inúmeras pessoas. Pessoas que não me cativaram, pessoas pelas quais não me atrai física ou intelectualmente ou por aquelas as quais me apeguei mas não me procuraram, não demonstraram apego a minha pessoa.
Mulher sincera, transparente e espontânea como eu, só renega quem não deseja, só não se apega a quem não lhe toca a alma, o coração ou a quem, mesmo o fazendo, não vai atrás, não procura, não demonstra sentimentos bons e sinceros.
Admito, eu sou sentimental sim, logo, se eu pareço apegada a alguém, com certeza é porque gostei da pessoa ou, ao menos, da pessoa que ela me apresentou. Se eu vou me manter apegada, dependerá da sinceridade de seu agir e de seu sentir, da transparência e da honestidade de seus atos. Sem mais.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de setembro de 2014.

Dinheiro e diversão.

Dinheiro e diversão.

Sabe por que as pessoas dizem que dinheiro não traz felicidade? Em alguns casos, porque não sabem gastá-lo, não sabem comprar com ele coisas que podem lhes fazer felizes, não tem bom gosto, são tão materialistas que só pensam em guardá-lo e não em usá-lo, em outros casos, porque são doentes.
Sim, doentes! Depressivas, psiquicamente problemáticas, do tipo infeliz que não se contenta com um sapato novo, uma bolsa importada, um perfume francês, uma viagem, um vinho bom, uma boa refeição, uma viagem, um livro.
Pessoas sãs emocional e mentalmente sabem que dinheiro não muda índole, não muda personalidade e não cura problemas mentais e psicológicos, logo, tais pessoas sabem, ao menos, o que fazer com ele para se divertir e, hipocrisia a parte, sabem que ter conforto é divertido.
Quem não gosta de uma boa cama, um plano de tv a cabo que possibilite assistir diversos filmes e programas, quem não gosta de roupa bonita, de arrumar o cabelo, de poder gastar com livros, vinhos, comida boa, tratamentos estéticos, plásticas, quem não gosta de se sentir bonito e elegante, sinceramente, ou é doente da cabeça ou é burro demais. Frise-se, porém, que quando falo em dinheiro, é daquele que a gente conquista trabalhando, porque, se tem algo que dá mais graça às nossas aquisições é saber que elas não caíram do céu e nem foram conquistadas sem trabalho, só com malandragem e golpe em gente burra. Dinheiro bom é o dinheiro da gente. 
Ademais, dinheiro não se batalha para guardar, dinheiro foi feito para comprar o que nos faz feliz. Simples, vivemos num mundo capitalista: o que é bom custa dinheiro! A gente só não paga para contemplar a natureza, mas, não raras vezes, pagamos para chegar até um local “naturalmente” belo! Não sejamos hipócritas!
Se o problema for uma paixão frustrada, um amor não correspondido, ah, meu amigo, sinto muito, mas vá chorar na Big Apple ou na Califórnia! Vá se dedicar ao trabalho, ao menos, para ter grana e vir a amargar um belo porre num hotel chique! Amor é bom, mas oxigênio e amor próprio são essenciais.
Use o que você tem e seja feliz, ainda que só. Um jantar animado, uma taça de vinho e uma bela imagem refletida no espelho animam qualquer um. Qualquer um que seja emocionalmente saudável, o resto das pessoas, é verdade, não fica feliz nem em Paris, nem numa mansão, nem em lugar algum do mundo. Para esses, só um pai de santo, um padre, um bom antidepressivo e, quiçá, um exorcismo ou um dia numa fila do SUS. Só lamento!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de setembro de 2014.

Jogos

Jogos

Eu não sei jogar. Não sei fazer charme. Quem quiser acha algum charme na minha espontaneidade, transparência e riso frouxo. Não sei dizer não quando quero dizer sim, não sei rejeitar o que eu quero, sequer sei segurar o riso ou as lágrimas.
Sinceramente eu nem gosto desse povo que joga, que faz de conta que deseja o que não quer, sente o que desconhece e pensa de forma diversa da sua. Enfim, gente que vive como uma eterna criança: fazendo de conta! E, justamente por isso atrai pessoas tolas e pouco experientes.
Afinal, se tem uma coisa que a vida ensina é gostar do simples, do preto no branco, de quem é sempre o mesmo, sempre verdadeiro, sem ter medo de desagradar pessoa alguma. Se a vida requer que joguemos para obter êxito em algo, então perderei esse jogo, mas não o orgulho de ser quem sou. Isso nunca!
Não sei jogar e não gosto de gente que gosta de jogadores, assim como não gosto destes. Eu gosto de pessoas que tem uma cara só dentro do barraco ou no palácio, diante do operário ou do pós-doutor, do pobre ou do rico. Eu gosto de gente que tem orgulho de si mesmo e que, principalmente, não tem vergonha de suas atitudes.
Gosto de quem assume o risco de tomar as decisões que toma, ou melhor, de quem assume o resultado dos seus atos. Essa coisa de dançar conforme a música ou, o que é pior, de colocar a música programada, porque a conhece, não combina comigo.

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 29 de setembro de 2014.


Pequenos atos, grandes erros.

Pequenos atos, grandes erros.

A gente comete pecados e erros hediondos quando julga sem conhecer ou com base em sentimentos vãos, como o ciúme, por exemplo. Julgar e, sobretudo, falar sem conhecer a história da pessoa, sem ter com ela convivido eh, além de injusto, imoral.
A gente comete esses erros e devemos nos arrepender e tentar evitar ao máximo essa péssima tendência que nos acompanha. Se você não quer ser criticado ou mal julgado injustamente, não faça isso.
Somente o convívio e o conhecimento profundo da trajetória de alguém pode dar base a qualquer julgamento negativo. O resto, nada mais significa do que a nossa própria vileza manifesta em pensamentos e atos tolos, o resto são julgamentos desprovidos de base fática e que demonstra quem somos, não quem o outro é.
Acho terrível, da mesma forma, o hábito das pessoas em reparar a aparência alheia e fazer distinção entre os loiros e enfeitados e os morenos simplórios: olham com admiração para os primeiros e com desdém para os segundos.
Reparam dos pés a cabeça e lhes julgam pelo que veem. Será que estes indivíduos não sabem que só os sem caráter, maldosos e desonestos merecem olhar e atitudes de desaprovação?
Será que não sabem que muitas pessoas transferem para a elegância, para a aparência, enfim, a beleza que sua alma não tem? Será que são ignorantes ao ponto de crer que uma pessoa é o que aparenta? O carro, a roupa, o cabelo, as unhas e o sapato caro?
Eu, sinceramente não sei, porque se já cometi o equívoco de julgar sem conhecer foi por algum ato que me descontentou, nunca pela aparência, como fazem, inclusive alguns comerciantes que dão tratamento diferente as pessoas dependendo se sua aparência indicia riqueza ou ausência dela.
Pobres diabos ignorantes e toscos! Já vi muito milionário de chinelos e bermuda e muito pobre vestido de vestes belas e com carrão que não poderá pagar. Sinceramente? Já que não posso mudar a mentalidade tacanha de tais cidadãos, só peço a Deus que livrai-me da maldade dessas pessoas que rezam, se dizem bondosas, vão a igreja e desprezam os simplórios, esquecendo-se do que Jesus fez por Madalena. Se existe algum santo que essas pessoas cultuam na verdade é a famosa "santa ignorância".

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de setembro de 2014.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Afirmativas toscas.

Afirmativas toscas.

Tem coisas, vulgares ou não, que eu ouço e me dão ojeriza! Quem diz que tamanho não é documento, que dinheiro não traz felicidade, que sexo não é tudo num casamento e que quem trabalha não tem “tempo” para ganhar dinheiro é, respectivamente: mal guarnecido fisicamente, pobre, desprovido de libido e rico.
Ora essa! Só quem já tem dinheiro acha que trabalho não dá dinheiro. Que ideia é essa jovem, você é banqueiro? Afora isso, qualquer mulher decente nem vai pra cama com o sujeito se não tem com ele afinidade e uma dose salutar de amizade. Portanto, depois do casamento, se sexo não é tudo, é 90%.
E quanto ao dinheiro que não trás felicidade? Bem, não trás mesmo, mas compra bolsas, sapatos, vinhos, jantares legais, livros, cosméticos, joias, viagens e muitas coisas que nos fazem bem. Agora, se você é rico e muito infeliz, doe o seu dinheiro que um pobre emocionalmente inteligente, irá se realizar. Sinceramente, só ouvindo umas besteiras dessas pra gente se lembrar de agradecer a Deus a nossa audição. Enfim, seria pior ser surdo (ou não).
Se homem fala de mulher, às vezes, quando se reúne, acredite, mulheres reunidas em mesa de bar, também falam de homens. E, sinto dizer, Freud tinha razão quando disse que nós temos inveja do falo masculino, porque, sim, a gente fala disso! Não sempre, tampouco dando “nome aos bois”, mas com certa classe a gente especifica as predileções.
Sabe bunda? Bunda de mulher? Pois é, você não costuma achar atraentes as mulheres com pouca bunda né!? Pode achar bonita de rosto, magra, mas não tão sexy quanto se, além de magra, tiver uma bunda dura e arredondada, certo?!
Não precisa ser algo excessivo, anômalo, mas ter um volume não faz mal a ninguém, certo? Eu sei que você gosta. E também sei que não deve falar da bunda da sua mulher para os amigos, que você gosta ou não, mas fala no geral, assim como nós não falamos dos maridos, mas da regra do que temos como interessante em tal quesito. Sem dar “nome aos bois”, ok?!
O mesmo quando o assunto é o seu estimado órgão do prazer, para ser menos vulgar, em que pese esse assunto não seja dos mais “politizados”. Mas, como estou em guerra contra a hipocrisia, me obrigo a falar dele, enfim, o fato é que, quanto maior tal “peça” do seu corpo for, melhor para nós.
Sabe quando uma mulher deixa de dar atenção ao tamanho? Quando ela é interesseira e o sujeito é rico ou quando ela se apaixona antes de transar, simples. Portanto, se você não é dos mais abastados fisicamente tem duas soluções: ganhar muito dinheiro ou ser um “amor de querido” para conquistar a dama, daí, aposto, ela nem vai dar bola para o seu desprivilegio físico. E, claro, há de ser carinhoso, safado, há de se pensar mais nela do que em você, capiche!? Mas esse conselho vale para todos, inclusive para os mais “bem servidos”.
Sabe essa coisa de ostentação? Sabe o sujeito que compra carro caro, que só gosta de sair com mulher “exibível”, do tipo boazuda mesmo que quase acéfala? Ou aquele que adora fazer festa, pagar tudo, mostrar aos quatro ventos que tem grana? Ou aquele que até dieta faz? Que malha compulsivamente? Pois é, dizem as más línguas femininas que isso é indicio de órgão sexual pequeno.
Para ser sincera, não posso falar destes tipos catedraticamente, nem de perto, mas existe certo sentido nisso tudo. A autoestima masculina é extremamente ligada ao seu órgão sexual. O sujeito bem resolvido, de regra, é bem “servido” e, também, bom de cama.
O cara menos feliz com o órgão que tem costuma ser mais inseguro, costuma ser mais reprimido, e, consequentemente, às vezes nem faz por compensar a ausência de tamanho na cama, mas compensa fora dela, com romantismo, corpo sarado e luxo. Todavia, em relação aos obcecados por beleza, digo o seguinte: não adianta ser atraente, dar tesão na mulher e não realiza-la na hora “h”.
Gente que, além de complexada é ruim de cama, adora dizer que “sexo não é tudo”. Como se a gente não soubesse disso! Todavia, meu caro, mulher decente, sequer vai transar com o cara e ter tesão nele se não tiver com ele alguma cumplicidade, diálogo e uma dose salutar de amizade. Todo mundo sabe que sexo não é tudo, mas, depois de transar ele é sim, muito, muito importante. Sumamente importante!
Sabe qual é a causa dos sujeitos desabastados e ruins de cama se acharem? É essa mulherada desavergonhada que finge ter orgasmo, que finge que o cara é o gás da Coca-Cola, só porque quer namorar, porque quer casar com um sujeito rico ou quer exibir o bonitão para as amigas ou para o ex-namorado bem “servido”. Porque não vale muito, enfim.
Mulher que presta é segura de si. Física, emocional e sexualmente, logo, quando gosta, gosta, não finge. Quando gosta o cara percebe, não precisa gritar, elogiar ou nada assim. Diálogos sacanas na hora “h” são instigantes, são excitantes, mas gritaria sem sensação é coisa de puta, sinto lhe dizer.
Abre o olho, meu amigo! Mulher não é santinha não, só quando quer, quando se faz. Ou pode ser extremamente correta, mas só no aspecto moral, não no sexual, para dizer pouco. Decência a gente tem da porta do quarto pra fora. Mulher saudável gosta, literalmente, da “coisa”, se a sua não gosta ou ela tem problemas psicológicos e hormonais ou o problema dela é você.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 06 de setembro de 2014.

Assustadora!

Assustadora!

Eu costumo assustar as pessoas por falar tudo o que penso, por não ter medo de ter opiniões e de expressá-las. Em que pese os sustos que eu dou, uma coisa é certa: eu não decepciono por ser volúvel, por mudar de pensamentos a todo instante de acordo com a companhia que me cerca.
Se eu agrado a alguém, é sendo eu mesma, se desagrado, também. Não tenho vocação para politica, não tenho tendências a usar máscaras e, em minha opinião, mais assustador que transparência e a franqueza é a falsidade.
É dizer o que não sente, dizer que pensa de forma diversa da que pensa e ser uma pessoa que os outros querem até chegar ao ponto em que não se é mais nada, nem eles, nem você mesmo. Isso, meu caro, deve ser péssimo!
Sou do tipo de pessoa que sempre se sentiu livre no próprio espirito, que sempre confiou em si mesma e que sempre cultivou opiniões fortes, muitas das quais se modificaram, enfim, vieram outras, igualmente fortes.
Ocorre que arrogante eu não sou. Gosto de ouvir ideias diferentes para, quiçá, mudar as minhas, em que pese, porém, enquanto as ideias forem minhas eu não olvido de manifestá-las. Sejam novas ou sejam velhas, quando posso falo o que penso.
Não consigo vestir uma máscara para cada local que vou. Perante um cliente ou perante um juiz sou a mesma, perante um aluno ou perante um colega, também sou. Não faço distinções, não me adequo ao que os outros querem, sou o que sou, a vida pode me mudar, eu posso mudar, mas fazer de conta que sou diferente eu não faço.
Para começar eu gosto de mim, simpatizo com a minha essência e não a traio por motivo algum. Se o namorado não gosta? Eu mudo de namorado. Se o aluno não gosta? Se o amigo não gosta? Azar o deles, eu não posso fazer nada para lhes ajudar.
As pessoas têm pleno direito de não me engolirem e eu tenho o meu de causar indigestão, agora, me fazer de suave, quando sou apimentada, ah, isso não! Quem gosta, gosta, quem não gosta, odeia, cada qual no seu direito.
Se nem Jesus agradou a todos, não sou eu que vou agradar. E nem quero, a unanimidade só indicia uma coisa: você muda de cara, conforme o público. E isso é impossível para mim. Eu acho que na vida a gente tem que ter posições. Quem vive em cima do muro um dia cai.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 10 de setembro de 2014.

Quem vier?

Quem vier?

Hoje eu ouvi que até uma fase da vida a pessoa fica com quem escolher, depois ela fica com quem "vier". Algo como se o tempo e a carência diminuíssem a seletividade humana. Estranho, comigo ocorreu o inverso. Ou nem isso. Sempre escolhi demais, o que não significa que tenha feito as escolhas certas. Mas delas restaram um aprendizado enorme que me tornou a mulher segura e bem resolvida que me tornei.
De fácil nunca tive nada e isso só "piorou". Sei o que quero e, não nego, sei que é raro. Dinheiro? Beleza? Nem tanto. Inteligência e muita, muita, muita sinceridade e transparência. Gente bem resolvida e de alma livre. Seres em extinção, mas e dai?
Eu posso ser demasiado romântica, sentimental e até inocente no quesito confiar nas pessoas, mas carente e desesperada eu nunca fui. Hoje, menos ainda. Pelo contrário, diante de tantos equívocos me tornei mais exigente ainda. Não concebo o ficar com alguém por ficar, não concebo o "antes mal acompanhada do que só", o ter alguém e não ser feliz. E, portanto, quedo-me só, mas contente. E exigente, sobretudo.
Todavia, tem gente que precisa de uma companhia, tem gente que não consegue se sentir feliz sem alguém ao lado, ainda que não tenha uma relação equilibrada, quente e afetuosa, o que lhes importa é ter alguém para chamar de “seu”.
Quando eu tinha 19 anos, além de desejar casar virgem, tinha planos rígidos para a minha vida: casar aos 23 anos, ter filhos aos 25 e ser advogada. O tempo passou, desisti de casar virgem e, mais, descobri que nem só de amor e almas gêmeas se fazem as relações humanas.
Quando me desprendi de meus preconceitos retrógrados e machistas, percebi quão difícil é conviver e ser casada com alguém, mais, em virtude da vivência, da formatura aos 22 anos e da advocacia eu aprendi que filhos são bênçãos, mas que eles nos vinculam para sempre aos seus pais, mesmo que a gente deixe de lhe amar e se divorcie.
Então, a pílula anticoncepcional se tornou minha amiga e relacionamentos complicados com pessoas complicadas algo do qual fujo. Para que viver ao lado de alguém com o qual deixei de me sentir bem? Não se trata de dar certo ou de encontrar a pessoa certa, mas de ser feliz até com a errada.
Todavia, ao contrário de muitos comodistas que ficam com o que “vier” eu só permaneço ao lado de quem me faz feliz, de quem me faz bem, me valoriza, me respeita e sabe diferenciar mulheres de meninas. Não é sempre que encontramos pessoas assim, porém, enquanto não se encontra a gente fica só. E, acredite, fica feliz, fica animada e fica bonita.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 10 de setembro de 2014.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Depois do fim.

Depois do fim.

Eu sempre acreditei que a gente conhece a pessoa que outrora amamos quando deixamos de amá-la ou, ao menos, quando deixamos de ficar ao lado dela. Quando a deixamos para trás. Enfim, procede a história do se conhece quando é ex. Quando a pessoa não tem mais motivos para lhe agradar e ser cordial com você é que irá lhe revelar os seus defeitos, a sua perfídia, a sua ganância, imoralidade e até indecência.
A mulher que sempre foi honesta, começa a querer tirar até o rim do sujeito, a criatura sempre foi financeiramente independente, daí começa a exigir o que tem e o que, principalmente, não tem direito de forma impiedosa e desnecessária. A namorada sempre muito idônea começa a sair cada semana com um cara diferente, aumenta o decote, diminui o tamanho da saia e liga bêbada para o ex, o ex-marido sempre fiel se muda para a boate noturna mais próxima, se envolve com aqueles tipinhos de mulher que sempre criticou.
Pode ser que seja desespero pós-término. São casos e casos. Como advogada há quase dez anos, porém eu digo que não é. Pode ser ego ferido, o que for. A verdade é que ninguém age errado se é certo, capiche? Gente realmente decente moralmente compreende um fato simples: ninguém é obrigado a amar alguém, ninguém é obrigado a ficar com alguém, mesmo que esse alguém seja você.
A pessoa mais legal, mais querida, mais educada, mais inteligente e “gostosa” do mundo! Ah, mas você não é isso tudo?! Ocorre que, aparentemente, deixando-se levar por sentimentos vis oriundos da revolta pela frustração amorosa, aparentemente, você se acha tudo isso.
Fio, seguinte, não é só porque a gente é honesto, trabalhador, bonito e, quiçá, rico, que teremos e despertaremos o amor eterno de quem, quem sabe, podemos amar. Esse jogo de amor não é leal, não é sempre “paritário”. Às vezes a paixão é um contrato de adesão: você assina no escuro, assina sem ler, assina porque precisa, porque tá carente, tá iludido. Ocorre que um dia chega a rescisão e, aí, meu caro, uma pessoa mostra quem ela é.
Alguns, infelizmente, retiram a máscara de bons moços e moças que sempre fizeram questão de usar e ostentar, para ser quem, na verdade, sempre foram, mas você, inebriado de encantamento, não via, não percebia e desconhecia. Todavia, tenha em mente uma coisa: não existe dor, frustração e revolta que faça uma pessoa boa resolver ser má, que faça uma pessoa honesta se tornar desonesta. O que existe é a mudança de uma situação fática que vem lhe demonstrar com quem você dormia. Só isso. Só lamento.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 09 de setembro de 2014.

Rótulos tolos.

Rótulos tolos.

Não acredite em rótulos. As aparências enganam demais, não julgue um livro pela cama, nem um vinho pela garrafa. Existe um rótulo da virtualidade que eu acho abjeto: casal “bonito” e sorrindo em fotos é feliz.
Na verdade, as pessoas olham a foto de um casal e pensam que eles são mais felizes do que o sujeito que tirou uma foto sozinho com o amigo na balada, ou da foto da mulher, linda, altiva e independente sozinha na praia. Besteira! Só quem nunca teve problemas num casamento consegue acreditar nessa asneira completa e imensa. Só quem nunca foi casado acredita nisso ou, claro, só quem tenha uma mentalidade tacanha da década de 40.
Eu sei que fofocas são fruto de gente desocupada e frustrada, mas, partindo do pressuposto de que 1% da fumaça existente indique fogo, eu posso dizer que existe muita gente infiel, descontente e, ao menos, dando mole pra outros para muita foto apaixonada com a legenda "eu e meu amor".
Aliás, esse tal de "meu amor" às vezes me anoja! O sujeito mal conhece a menina e chama assim, em menos de 15 dias conhece outra e segue chamando desta forma. O que foi jovem? Está com medinho de confundir o nome da "amada" com o da ex que também era "amada"?
Nada contra palavras carinhosas, fotos românticas, desde que elas não indiciem ou representem o que não existe, desde que não sejam dissonantes da realidade. Sou da seguinte opinião: gosta, demonstre, não gosta, desista, seja indiferente, ao menos. Agora se dizer infeliz no casamento e sair sorrindo em foto chamando o parceiro de "amor" me da náusea, faz mal para o meu estômago que, diga-se, de frágil não tem nada.
O incrível desse tal de “meu amor” é que, não raras vezes, você vê um sujeito chamando a mulher assim e em menos de quinze dias está pedindo a separação ou saindo de casa. Da mesma forma, existe mulher que está se sentindo mal amada, que não tem mais nem sexo com o marido e, perante os outros, é “meu amor” pra lá, “meu amor” pra cá.
Minha nossa, qual o problema dessas pessoas? Minhas tias sempre disseram que “a sociedade cobra” um casamento, a sociedade cobra que a mulher esteja acompanhada, que ela case, tenha filhos e uma vida linda e florida.
Pois bem, se eu vivesse na idade média já teria ido para a fogueira há muito tempo, se dependesse de eu agir como a sociedade deseja. Eu vivo com alguém, enquanto eu viver feliz. Eu vivo com alguém, enquanto a pessoa me fazer bem, enquanto a moral e o sexo combinarem, enquanto houver carinho e respeito, enquanto os valores forem afins. Se não, meu amigo, eu vivo só. Vivo sozinha, afinal não preciso de ninguém para pagar as minhas contas ou exibir para o mundo.
Filhos? Filho não é carro que você compra e sai dando volta pra exibir. Filho é responsabilidade para uma vida e você precisa estar muito consciente disso na hora de dar a luz a uma pessoa que será mais importante para você do que você mesmo. Filho, minha amiga, só tenha quando amar muito ao seu marido, quando ele for bom e honesto e, sobretudo, querer. O homem precisa ansiar ser pai, do contrário, pode ter certeza: mesmo casada, você será mãe sozinha.
Bem, e quanto ao povo das fotinhos bonitinhas e românticas? Povo hipócrita que briga em casa e chama de “meu amor” na rua. Bem, Deus tá vendo o senhor e a senhora postarem foto romântica com o "amado" e chamar outros no "in box"! Deus tá vendo você sentir inveja da amiga solteira, você ficar olhando fotos de outra na internet ou precisar se masturbar no banheiro porque a sua cama está mais gelada do que o congelador da sua geladeira chiquérrima.
Deus tá vendo, só falta a sociedade, igualmente hipócrita ver, e o candidato a corno. Se ainda não foi "eleito", é claro. Mas o anojante ao quadrado elevado na décima potência é que tem os que veem e não de importam, afinal um divórcio implica em perda patrimonial, além de afetiva. É "melhor" viver de aparência e contentar uma sociedade de mentalidade tão tacanha e tosca quanto a sua do que ter brio e tomar uma atitude. Só Jesus na causa desse povo!
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 09 de setembro de 2014.

O poder e a inteligência.

O poder e a inteligência. 

Dinheiro e beleza conquistam poder. As portas se abrem para quem os possuí. Todavia, eles não conquistam liberdade de espírito. Só a inteligência emocional torna o ser humano verdadeiramente livre, dono das suas escolhas e independente da opinião dos outros.
Dinheiro lhe tira de casa, quiçá do País, mas não lhe tira da própria mente e das amarras de concepções frágeis, tacanhas e tolas. Beleza e simpatia, aliadas também abrem muitas portas e oportunidade, mas não lhe levam a lugar algum se você não fechar a porta e mostrar a que veio quando ela se fecha.
Poder é muito, mas ser inteligente é mais, muito mais. Gente de mentalidade tosca, linda ou rica, não vence seus próprios instintos, não supera a si própria e nem consegue fazer a limonada dos limões. Dinheiro você herda, inteligência e liberdade de espírito se conquista no próprio exercício. Quem viver, verá!
Existe muita gente linda e tola. Linda e hipócrita, linda e escrava de tudo o que a mídia impõe. Linda e viciada em dieta, linda que quando vai a um bar não come nada e não também não bebe para não sair da dieta.
Linda que o último livro que leu foi “Cinquenta tons de cinza”, porque a Revista Nova indicou. Linda que não consegue entender silogismo, linda que acha que usar a beleza para casar com homem rico é o ápice de sucesso que conseguiu na vida. Linda que fica com alguém por dinheiro, não por amor.
Linda que não tem senso de humor, linda que só sabe falar de músculos, proteína, corpo, dieta e tratamentos estéticos para manter a beleza incólume. Intocável. E, intelectualmente, se torna intocável mesmo: repele qualquer ser pensante, repele qualquer pensamento que vá além da análise da superfície. Profundo? Profundo na visão dela é o mar.
Da mesma forma, existe muita gente que herda milhões e se escraviza. Escraviza-se à opinião da sociedade, se escraviza aos anseios dos sócios, se escraviza as anseios dos pais, de quem tudo ganhou.
Existe muita gente que tem poder aquisitivo, mas não se manda, não se rege e perde a autonomia sobre si próprio justamente pela grana que possui. Gente que não exercita o pensar “além”, gente que não vai além da hipocrisia, além da necessidade de interpretar um papel.
Quando você tem um intelecto privilegiado, mais, quando você tem experiência de vida, você adquire poder de mandar em si mesmo, de ignorar o que lhe avilta a paz e a felicidade, de dizer o que pensa e sente e ser responsável pelo que fala. Quando você é uma pessoa inteligente, dinheiro e beleza não lhe encantam se por trás da matéria, não existir uma mente ativa e um espirito bondoso.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 09 de setembro de 2014.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Ai que dó!

Ai que dó!

Não tenho medo de gente fofoqueira, de gente fútil e medíocre. Se a pessoa quer saber o que se passa comigo, não me abstenho de dizer. Se o problema de gente maldosa e tosca é a curiosidade eu sacio.
A minha versão sobre o que sinto ou ocorre comigo eu não omito. Nem tenho porque, não me envergonho de nada que faço. Não sou má, tampouco burra. Se caio em ciladas é porque foram bem armadas, porque fui bem iludida. Ora, ninguém é perfeito ou santo!
Não tenho vergonha de nada que faço, de nada que sinto, de nada que penso. Acho um desperdício de vida viver com medo da opinião alheia, abrir mão da minha felicidade em prol de uma visão hipócrita daquilo que querem de mim.
Portanto, se o fofoqueiro for do tipo curioso, se precisa saber o que se passa comigo, venha à mim, me pergunte, que não irei me omitir. Agora, faça-me um favor, só não invente nada, só não coloque palavras na minha boca nem atitudes que não tomei na minha “conduta”, quando fores se distrair e falar de mim por aí.
Fale, comente, indague, mas não invente. Se tem um tipo de fofoqueiro maléfico é o que inventa, o que projeta seus defeitos e sua imoralidade nos outros. Destes eu fujo. Mas os fofoqueiros tolinhos e curiosos, esses são mais deglutiveis. Esses me “passam”, são menos abjetos.
Enfim, você que se satisfaz em saber da vida alheia, você que tem necessidade de descobrir os meandros do agir do outro. De você eu tenho pena, eu tenho dó. A sua vida é tão imensamente entediante que se não fosse a possibilidade de falar da vida alheia nem assunto você teria! Que tédio meu caro! Que tédio!
A minha vida segue boa, livre, independente e feliz. Não preciso ver a lágrima alheia para sorrir, nem o "movimento" da vida dos outros para me empolgar a viver. A minha vida, eu sempre vivi bem. Com maestria, na verdade.
Ao contrário de você que, sem fofoca, morre de tédio. Que, sem fofoca se mata malhando, porque não tem capacidade de refletir sobre nada, de forma que cuidar do corpo é seu maior entretenimento, já que a alma e o cérebro são vazios.
Ao contrário, também, de você, que quando se reúne com as amigas e conhecidos passa a maior parte do tempo falando da vida dos outros e criticando-lhes. Ao contrário de você que tem mais roupas no closet do que neurônios e mais sapatos do que cultura. Ai que dó! Ai que dó
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 08 de setembro de 2014.


Arcabouço.

Arcabouço.

Estava assistindo a um DVD e me recordei dos anos de 2006 até 2010. Quantas emoções! Sou capaz de me teletransportar a tal período de tempo. Talvez, da vida, eu só queira algo que me faça superar o meu passado muitíssimo bem vivido.
Que graça tem o superficial perto da intensidade do que já vivi? Nenhuma. E isso faz com que a gente não sofra e nem reclame de nada, porque esse "nada" não superou o que outrora vivemos. É nada, enfim.
Enquanto não surgir algo grandioso que nos faça deixar nossas melhores memórias de lado, é melhor tê-las do que valorizar o perene, o insosso, o superficial e, consequentemente, sem valor! Realmente, a maturidade não nos agracia em vão. A cada dia a valorizamos mais, porque a nossa força aumenta. Aumenta muito.
A gente passa a ver com nitidez a quem e a que devemos dar importância, o que e de quem devemos nos recordar e separa isso daquilo que, nos impomos o dever de esquecer. O dever de “deletar” da nossa mente.
Uma vida bem vivida não é aquela cheia de luxo e grandes viagens, mas aquela cheia de emoções, de romances bem vividos, de paixão, de entrega. Uma vida bem vivida conduz à maturidade. Mais, conduz a um arcabouço de experiência. Arcabouço que ninguém pode nos roubar e que acaba, pois, com o tempo, sendo uma espécie de escudo contra tudo o que parece ser grandioso, mas é pequeno, é vil.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 08 de setembro de 2014.

sábado, 6 de setembro de 2014

O que atrai e o que repele.

O que atrai e o que repele.

O problema não é o sujeito ou a mulher serem bonitos. Isso é até necessário. O problema é se sentir, o problema é se achar o gás da Coca-Cola. Beleza atrai, mas não conquista.
Sem humildade, cultura, papo bom e inteligência o sujeito mais lindo se torna entediante. Acredite, ninguém vai se apaixonar pelo seu olhar se você se torna um ogro quando abre a boca. Tome tento criatura, beleza não enche barriga e nem coração!
Procure um analista, diminua a influência do ego em você e aprenda que ninguém fica com alguém só porque ele é atraente. Existe uma diferença entre o atraente e o permanente: o atraente traz o olhar do outro até você, as virtudes, porém, o farão permanecer lhe olhando ou partir. Abre o olho, meu caro!
Outro dia, com uma amiga, numa festa falávamos de “tipos” de beleza. Segundo ela cada um tem o seu. Eu nunca observei o meu, porque já namorei homens 20 anos mais velhos do que eu e outros da minha faixa etária, sempre achei que tivesse como tipo o cara mais maduro.
Enfim, eu achava não ter “tipo” de predileção. Até que, observando o local ela descobriu: eu prefiro os loiros, ou, ao menos, os de pele clara, muito clara e não muito altos. Não sei, porque, na verdade. Talvez por eu gostar de ser bronzeada, busque um equilíbrio, enfim.
Nossa análise estava demonstrando nossas diferenças, até que, enfim, chegou um sujeito no local. O tipo que passa longe de ser bonito. O cara era lindo, aparência máscula, moreno, uma barba estrategicamente mal feita, nem muito alto, nem muito baixo. Enfim, o sujeito pulou de Hollywood para cá.
Como a gente sai para dançar e não ficar, nenhuma “encarou” o sujeito que, no entanto, passou os olhos na gente. Mas observamos o seguinte: o sujeito era arrogante até no olhar.
Cada uma tem seu tipo de beleza, mas, convenhamos, a lindeza costuma ser unânime, super democrática: todos gostam, todos olham, todos admiram. E é aí que algumas pessoas lindas deixam seus neurônios serem exterminados pelo ego.
A pessoa perde a noção, se acha, se torna arrogante e, não raras vezes, burra. Eu me envolvi com um sujeito maravilhosamente lindo certa vez. Acredite, ele queria continuar, namorar e eu optei por namorar outro, menos lindo. Aliás, muito menos.
Por quê? Porque a pessoa que se sente e se acha linda, costuma achar que você tem obrigação de ficar com ela. Você tem obrigação de transar com ela, você tem obrigação de servir a ela, como se ela fosse uma divindade. Assim como, as pessoas demasiado ricas, elas acham que você deve fazer reverência a seus atos.
Santa bestialidade! Nada nesse mundo, nem beleza, nem dinheiro, nem poder, podem ser suficientes diante da arrogância, diante de atos esdrúxulos e totalmente “no sense”. Nada lhe torna suficientemente poderoso e lindo a ponto de “poder tudo”, inclusive ser um completo idiota.
É lamentável, mas a estupidez e a ignorância repelem até aqueles que se sentem fisicamente atraídos por alguém, seja pela aparência ou pelo dinheiro. Enfim, você não valerá nada se for só lindo, rico ou poderoso. Não para quem é emocionalmente são e moralmente decente.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 06 de setembro de 2014.

Teleguiados.

Teleguiados.

Eu estou cansada da hipocrisia desse mundo que faz de um fato uma guerra e acaba, por consequência, terminando com a dignidade de uma pessoa. A guria que chamou o tal de “Aranha” de macaco, por exemplo. Sinceramente, eu cansei de ouvir coisas piores de torcedores na hora da raiva, aposto que a menina falou empolgada.
Claro que isso é errado, mas volto a dizer: ela não foi a única, só que está pagando porque foi filmada. Logo, caindo uma história nos olhos da mídia, está feita a “condenação” popular.
O povo é teleguiado, literalmente, tanto que, nesta hora, todos se esquecem das piadas racistas que contam, daquela tradicional imbecilidade do “não faz na entrada, faz na saída”, e todas essas historinhas racistas que, como gaúcha, conheço bem.
Se eu concordo? Não, obviamente, mas discordo muito mais dessa hipocrisia reinante, partindo, inclusive da RBS/TV (filiada da Rede Globo no Rio Grande do Sul). A mídia destruiu com a vida dessa moça e fez do tal “Aranha” o mártir da semana, a vítima, o “coitado” que, diga-se, é tão orgulhoso que se negou a receber as desculpas da garota pessoalmente.
Será que o povo poderia recobrar o senso critico? A capacidade de pensar por si mesmo e não pelo que a mídia impõe? Se aquela criatura abobada quiser ter uma vida razoavelmente digna ela se muda do Estado, do País, e, ainda assim, o nome dela estará no Google, envolvida num caso emblemático no esporte brasileiro. Se essa criatura não entrar em depressão agora, não entra nunca mais!
A mídia condena, meu povo, ela acaba com a dignidade de um ser humano, elege os maus, condena os bons e faz o que bem entender, tudo, obviamente, porque a nossa sociedade não reflete. A guria não presta né?! Sim, mas então pense no teu pai, na tua mãe, nos teus parentes, namorados e amigos que já fizeram alguma descriminação racial em mesa de bar ou num churrasco. Pensou? Pois, então eles não “prestam”!
Agora ninguém é racista, agora ninguém nunca chamou afrodescendente de negro, nunca olhou torto para pessoas de outra raça, nunca chamou a mulher afrodescendente de “preta”, agora todo o País é correto, perfeito e desprovido de racismo. Ora, essa! Não engulo isso.
Minha saudosa avó paterna perguntava se os netos eram racistas e, ao ouvir o nosso não, perguntava se casaríamos com um afrodescendente. A maioria dizia que não, não fazia o nosso tipo. Eu sempre gostei de homens brancos, sou bronzeada e gosto do meu oposto, todavia, se eu me apaixonasse casaria com a pessoa que tivesse qualquer cor. A beleza não está na cor da pele. Todavia, se você, de fato não casaria com um negro, você é racista!
Vivemos num País com cotas raciais. Temos um histórico de racismo e querer se rebelar contra isso agora, afetando essa infeliz bobinha, é cruel, é trágico, é triste. Que saibamos que o que ela fez foi errado, mas que não nos esqueçamos de que, às vezes, pessoas que amamos ou são próximas a nós fazem a mesma coisa. Poderíamos entrar em guerra contra a descriminação, sem, no entanto, achar que, por isso somos santos e essa moça é o demônio. Porque não, ela não é, mas está sendo demonizada.  
Eu sempre disse que, não raras vezes, o que afasta o ruim do bom é a sorte, enfim, se ninguém tivesse visto ou filmado a suposta injuria racial, essa mulher continuaria a vida, como todas as pessoas que eu já vi fazerem o mesmo, todavia, ela foi vista e é aí que está a desgraça da sua vida. A mídia quer, a mídia condena e o povo bate palmas. Eita, Brasil véio! Eita povinho medíocre, que se acha perfeito quando o assunto é julgar aos outros!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 06 de setembro de 2014.

Independência afetiva.

Independência afetiva.

Eu não sou o tipo de mulher que goste de início de relacionamento. Eu gosto daquela fase em que você está apaixonado ainda, mas já tem mais intimidade e confiança no outro. Quando você já o conhece um pouco pelo olhar, quando ele diz que lhe ama com os olhos. Essa fase mais madura da relação eu gosto.
O início, porém é meio carregado de insegurança, a fase em que você está com um pé na vontade e outro no freio dos receios. Talvez por ser uma ariana de alma quente, sou uma eterna apaixonada. Nunca vivi relações que amornaram, nem casamento, nem namoro longo. Eu gosto desse sentimento aliado ao amor e a admiração.
Todavia, quando meus romances não passam do início e a paixão finda eu sinto uma sensação ótima ao pegar-me sozinha, lendo um livro, no meu quarto numa sexta-feira a noite: não espero ninguém me mandar mensagem, não seguro o celular toda hora, e, sobretudo, não desperdiço adrenalina. As emoções são menos entusiasmantes, mas a paz compensa.
A certeza de que amanhã não estarei mais feliz ou totalmente desapontada me deixa bem, me da tanta paz que chego a concluir que eu gosto dessa rotina. Ela é equilibrada! E eu gosto de equilíbrio. Eu gosto de não ter ninguém comigo, afinal de contas, gosto de saber onde piso, então, se é para conviver com alguém de sentimentos e vida imprevisível, eu prefiro dormir na certeza de que a minha felicidade amanha, só depende de mim.
Acho que me acostumei com isso nos últimos meses, mas o efeito prático é o mesmo: fico bem, fico em paz. Não vejo passarinhos verdes, mas também não vejo nenhum corvo ou morcego. Sinceramente? Já que nada é perfeito nesta vida, tenho certeza que tudo isso me faz bem, muito bem.
Tem gente que precisa ter alguém, tem gente que aceita tudo para ficar casado. Eu me modernizei demais nesta vida, para mim, relações podem durar um dia ou dez anos, se esmoreceu o encantamento, vislumbro o fim.
Prefiro ficar só e mandar em mim mesma, a ter alguém que me irrite, a ter alguém que me desequilibra ou deseja me moldar. Quando a gente se relaciona com alguém, por mais independentes afetivamente que sejamos, surge uma relação pateticamente simbiótica: a sua felicidade e tranquilidade passam a depender, em parte, da do outro.
Se estivermos sozinhos, no entanto, desde que sejamos psiquicamente sãos e emocionalmente equilibrados, tudo depende de nós mesmos. A cadência da vida segue mais controlável, mais leve. Nós fazemos nossa alegria, nossa rotina, sem nos sujeitarmos aos “maus dias” ou ao mau humor do outro. E isso é bom, é excelente!
Claro que relacionar-se com uma pessoa semelhante a você e bem resolvida por ser ótimo, mas enquanto não encontrar alguém assim, priorize a sua felicidade, o seu equilíbrio, a harmonia da sua vida! Pra mim, enfim, a máxima é: antes só do que chateada acompanhada. Ser feliz sozinho é possível! Basta ser feliz consigo mesmo no doce silêncio da sua alma. Simples assim!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 06 de setembro de 2014.