Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Só as mães.

Só as mães.

Eu fui criada em meio a adultos. Não à toa nunca me relacionei com homens da minha faixa etária, quando eu era nova e estava na faculdade. Aqueles papinhos de carro, pai rico, festinha e taradices não me apeteciam. Pois é, fui criada ouvindo rock dos anos 80, dentre os quais, o Barão Vermelho e o Cazuza.
Este, uma figura ímpar, complicada, desregrada, mas, verdade seja dita, inteligente e sensível. Sabem o que ele quis dizer com “só as mães são felizes”? Os filhos, equivocados, creem que a mãe nunca se deprime, a mãe nunca tem vontade de encher a cara ou cortar os pulsos, a mãe não tem como ser triste, as mães estão um passo adiante no quesito tranquilidade e paz de espirito.
Quem não “santifica” a mãe? A maioria, certo?! Então, foi isso que o poeta maluquinho quis dizer. Eu desconheço tudo a respeito da maternidade, mas eu sei que as coisas não são perfeitas. Nada é perfeito.
Todavia, a apologia à maternidade, me parece uma hipocrisia sem tamanho. Já escrevi sobre isso, mas o faço novamente: filhos são bênçãos, mas ninguém é obrigado a querê-los como se fossem a bolsa da moda.  Apologia ao trabalho, à independência financeira, à independência emocional, poucos fazem. Mas dizer que a maternidade é necessária, é comum.
Outro dia me falaram que a gente só trabalha pelos filhos que tem. Ah, sério? Dá muito bem para usar o cartão de crédito, fazer contas e adotar um gato. Se for só por isso que a gente se mata trabalhando, está resolvido. Bolsas, sapatos, roupas, viagens, carros, tudo isso custa caro! Invista neles e pague!
 Então você deve estar pensando que eu não gosto de crianças e nem tenho sensibilidade, certo? Acontece que eu adoro e sim, sou muito sensível. Justamente por isso acho a pílula anticoncepcional a melhor invenção do mundo! Filhos precisam de amor, de uma família estabilizada, de um pai que seja admirado pela mãe e vice e versa, filhos precisam de um lar harmônico, onde o pai goste de voltar para casa, onde a mãe faça questão de estar.
Filhos carecem de pais felizes! Então, se eu nunca encontrei o pai que eu gostaria de dar aos meus filhos, nem, tampouco, tive uma relação maravilhosa, por que ter filho? Para evitar a separação? Ora, essa. Filhos não são coisas ou objetos que você possa usar. Filhos você tem que ter, porque o casamento esta excelente, não porque está ruim. Ademais, nunca precisei manter meus relacionamentos de forma alguma, vez que eu debandei deles.
Fato é que existe felicidade fora da maternidade, mais, existe a liberdade de não amar ninguém mais do que a si mesmo. A Lucinha Araújo está completa de razão: mãe só é feliz se o filho é. A minha mãe se arrasa frente as minhas dores e decepções. Ela não merece passar por isso, mas passa, é mãe! Logo, essa apregoada perfeição da maternidade não me convence, não me cativa.
Ser mãe é uma dádiva, mas não “padecer no paraíso” também é. Não ter que perder o sono, porque a filha está triste e frustrada, com certeza é uma dádiva também. Se alegrar com sua alegria também é, claro. Enfim, nem sempre as mães são “só” felizes. Nem sempre ninguém é “só” algo, a gente “está”, e não “é”. Respeitar, porém as opções alheias é essencial!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 03 de setembro de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.