Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Ferida.

Ferida.

Dos vários episódios do seriado House, um que me tocou fundo foi o que a Cudy pergunta para o House como ele se sente, e ele responde: “Como eu me sinto? Eu me sinto ferido.”
O ferimento no coração rasga a alma da gente. Cortar-se dói, mas ser ferido emocionalmente dói mais ainda. A alma rasga, perde a paz, o sossego, entristece. Amar e se decepcionar é o pior que pode acontecer com um ser humano sensível. O pior no que tange a relacionamentos, claro.
Pior pode ser a morte, a amputação de um membro, uma doença grave, a perda de alguém que amamos. Mas a verdade é que a decepção amorosa queima, arde, como se algo dentro de nós morresse aos poucos ou nos fosse tirado sem anestesia.
E, de tudo, o pior é estar numa vibração alta e, do nada, ser derrubado. Enfim, estar vivendo intensamente a relação e, de repente, virar tudo ao avesso. De repente é tudo romance, afeto, juras de sentimentos profundos, paixão ensandecedora, de repente são planos, sorrisos dados em silencio, e, de uma hora para outra é desprezo, rompimento, ausência da companhia que tanto nos fazia bem. De repente a paixão dorme e não mais acorda.
E você fica sem chão e sem fé. É um misto de revolta com dor, uma angústia que parece que vai nos matar. Mas não mata, Benzadeus! Só tortura, só judia, só arrasa, só faz sofrer. E esse “só” é usado sarcasticamente, porque, diante da tortura a morte não parece má ideia.
Dizem que a gente não pode se permitir entristecer por nada, nem por ninguém. Todavia, para isso ocorrer a gente precisa, como diria o House noutro dos episódios, se trancar num calabouço e engolir a chave. As pessoas vão nos desapontar, as pessoas irão nos ferir, nos magoar, desde que, é claro, nos arrisquemos a nos relacionar com elas. Mais, desde que assumamos o risco ao nos envolver e gostar delas!
Sei lá, eu estou achando a ideia do calabouço excelente. A dor de uma desilusão afetiva não mata, mas nos dá sensação de morte e, o que é pior, nos tira a capacidade de confiar no outro e isso é uma segunda etapa da tal sensação. Sem confiar a gente perde a vontade de começar de novo, de seguir adiante, de conhecer outras pessoas, de se apaixonar novamente. A gente perde a fé no ser humano.
Uma decepção forte é tudo o que precisamos para desistir do amor. Para desistir de buscar um novo amor. Eu não desejo desilusão amorosa para ninguém, não odeio ninguém a tal ponto, nem mesmo para quem dizia que me adorava e não agiu como quem adorasse.
Existem outras formas de sofrer, a justiça divina se realiza de outra forma e eu não desejo mal a quem não soube me amar. Aliás, eu não desejo nada para essas pessoas, se tiverem consciência ela os fará sofrer, se não tiverem, nada nem ninguém os fará passar pelo que passei.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 1º de setembro de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.