Depois do fim.
Eu sempre acreditei que a gente conhece a pessoa
que outrora amamos quando deixamos de amá-la ou, ao menos, quando deixamos de
ficar ao lado dela. Quando a deixamos para trás. Enfim, procede a história do
se conhece quando é ex. Quando a pessoa não tem mais motivos para lhe agradar e
ser cordial com você é que irá lhe revelar os seus defeitos, a sua perfídia, a
sua ganância, imoralidade e até indecência.
A mulher que sempre foi honesta, começa a querer
tirar até o rim do sujeito, a criatura sempre foi financeiramente independente, daí começa a exigir o que tem e o que, principalmente, não tem direito de forma impiedosa e desnecessária. A namorada sempre muito idônea começa a sair cada
semana com um cara diferente, aumenta o decote, diminui o tamanho da saia e
liga bêbada para o ex, o ex-marido sempre fiel se muda para a boate noturna
mais próxima, se envolve com aqueles tipinhos de mulher que sempre criticou.
Pode ser que seja desespero pós-término. São casos
e casos. Como advogada há quase dez anos, porém eu digo que não é. Pode ser ego
ferido, o que for. A verdade é que ninguém age errado se é certo, capiche? Gente
realmente decente moralmente compreende um fato simples: ninguém é obrigado a
amar alguém, ninguém é obrigado a ficar com alguém, mesmo que esse alguém seja você.
A pessoa mais legal, mais querida, mais educada,
mais inteligente e “gostosa” do mundo! Ah, mas você não é isso tudo?! Ocorre que,
aparentemente, deixando-se levar por sentimentos vis oriundos da revolta pela frustração
amorosa, aparentemente, você se acha tudo isso.
Fio, seguinte, não é só porque a gente é honesto,
trabalhador, bonito e, quiçá, rico, que teremos e despertaremos o amor eterno
de quem, quem sabe, podemos amar. Esse jogo de amor não é leal, não é sempre “paritário”.
Às vezes a paixão é um contrato de adesão: você assina no escuro, assina sem
ler, assina porque precisa, porque tá carente, tá iludido. Ocorre que um dia
chega a rescisão e, aí, meu caro, uma pessoa mostra quem ela é.
Alguns, infelizmente, retiram a máscara de bons
moços e moças que sempre fizeram questão de usar e ostentar, para ser quem, na
verdade, sempre foram, mas você, inebriado de encantamento, não via, não percebia
e desconhecia. Todavia, tenha em mente uma coisa: não existe dor, frustração e
revolta que faça uma pessoa boa resolver ser má, que faça uma pessoa honesta se
tornar desonesta. O que existe é a mudança de uma situação fática que vem lhe
demonstrar com quem você dormia. Só isso. Só lamento.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 09 de setembro de 2014.
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