Quem vier?
Hoje eu ouvi que até uma fase da vida a pessoa fica
com quem escolher, depois ela fica com quem "vier". Algo como se o
tempo e a carência diminuíssem a seletividade humana. Estranho, comigo ocorreu
o inverso. Ou nem isso. Sempre escolhi demais, o que não significa que tenha
feito as escolhas certas. Mas delas restaram um aprendizado enorme que me
tornou a mulher segura e bem resolvida que me tornei.
De fácil nunca tive nada e isso só
"piorou". Sei o que quero e, não nego, sei que é raro. Dinheiro?
Beleza? Nem tanto. Inteligência e muita, muita, muita sinceridade e
transparência. Gente bem resolvida e de alma livre. Seres em extinção, mas e
dai?
Eu posso ser demasiado romântica, sentimental e até
inocente no quesito confiar nas pessoas, mas carente e desesperada eu nunca
fui. Hoje, menos ainda. Pelo contrário, diante de tantos equívocos me tornei
mais exigente ainda. Não concebo o ficar com alguém por ficar, não concebo o
"antes mal acompanhada do que só", o ter alguém e não ser feliz. E,
portanto, quedo-me só, mas contente. E exigente, sobretudo.
Todavia, tem gente que precisa de uma companhia,
tem gente que não consegue se sentir feliz sem alguém ao lado, ainda que não tenha
uma relação equilibrada, quente e afetuosa, o que lhes importa é ter alguém para
chamar de “seu”.
Quando eu tinha 19 anos, além de desejar casar
virgem, tinha planos rígidos para a minha vida: casar aos 23 anos, ter filhos
aos 25 e ser advogada. O tempo passou, desisti de casar virgem e, mais,
descobri que nem só de amor e almas gêmeas se fazem as relações humanas.
Quando me desprendi de meus preconceitos retrógrados
e machistas, percebi quão difícil é conviver e ser casada com alguém, mais, em
virtude da vivência, da formatura aos 22 anos e da advocacia eu aprendi que
filhos são bênçãos, mas que eles nos vinculam para sempre aos seus pais, mesmo
que a gente deixe de lhe amar e se divorcie.
Então, a pílula anticoncepcional se tornou minha
amiga e relacionamentos complicados com pessoas complicadas algo do qual fujo. Para
que viver ao lado de alguém com o qual deixei de me sentir bem? Não se trata de
dar certo ou de encontrar a pessoa certa, mas de ser feliz até com a errada.
Todavia, ao contrário de muitos comodistas que
ficam com o que “vier” eu só permaneço ao lado de quem me faz feliz, de quem me
faz bem, me valoriza, me respeita e sabe diferenciar mulheres de meninas. Não é
sempre que encontramos pessoas assim, porém, enquanto não se encontra a gente
fica só. E, acredite, fica feliz, fica animada e fica bonita.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 10 de setembro de 2014.
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