Sem riscos.
Há algum tempo eu não compreendia porque minhas
tias desistiram de se relacionar afetivamente com alguém e passaram a cuidar
unicamente de suas carreiras. Isso, até ter uma simples experiência que tornou
tudo muito claro para mim.
Com a minha idade já vivi de tudo em
relacionamentos, já me apaixonei e casei, já me frustrei com a ausência de
honestidade de quem me envolvi, com erros e decepções causadas no dia a dia.
Mas eu nunca tinha tido a sensação de ser iludida,
enganada e usada, e é essa sensação que retira nossa fé no ser humano e nossa
esperança de viver um grande amor e casar novamente.
Eis que eu, a única mulher da família Marcondes que
ainda acreditava nas pessoas e em suas palavras, tornei-me uma solitária
convicta. Não existe maneira de voltar a confiar em homens, em suas palavrinhas
bonitas e atitudes meigas.
Não sei se isso é triste ou não, porque,
sinceramente, minha tia e mãe são tudo, menos infelizes. De que adianta se
relacionar e se decepcionar? De que adianta entregar o coração, o corpo e a
alma para quem não merece nem sua unha do dedão do pé?
Quando a gente conhece uma pessoa que nos afeta a
confiança nos seres humanos desta forma acabamos percebendo que a solidão é uma
benção. Eu sempre tive fé no amor, nas pessoas. Agora eu tenho fé no amor próprio,
no amor pela vida, no meu amor pela minha família e por quem me ama, no meu
amor ao trabalho.
Existem várias formas de amar e a menos nobre é a
dedicada a uma única pessoa que não seja do nosso sangue. A menos nobre, a mais
simplória e a mais letal. Doar seu coração a alguém é perigoso, porque o outro
pode esmaga-lo, dilacera-lo e isso, meu amigo, não é legal!
Acho a vida de casado excelente, acho que uma paixão
ilumina a vida da gente, gosto de grandes emoções, mas elas não me levaram a
nada de bom, infelizmente. Se eu quiser uma emoção forte vou fazer esportes
radicais, simples! No fundo a gente não precisa sentir o coração acelerado
todos os dias, a gente precisa é de paz, de tranquilidade, emoções fortes não enchem
barriga e, assim como enchem nosso coração o colocam em risco.
Relacionamentos implicam em riscos, você pode
terminar alegre, você pode acabar triste e ferido. Passei da fase de assumir
riscos. Não quero mais, acabou pra mim. Não preciso de nada demasiado forte, só
não preciso e nem mereço enganação e ilusão.
Eu gosto de segurança e, por tal motivo,
abstenho-me de me relacionar novamente, deixo de lado meus desejos, meus
anseios, porque é melhor levar uma vida relativamente morna e pouco aventureira
do que saltar de uma grande altura e terminar-se no chão.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 1º de setembro de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.