Mães e filhos.
Não ser mãe não faz de uma mulher "menos
mulher", nem de um homem "menos homem". Aliás, seguidamente vejo
pessoas incapazes de dar educação, carinho, afeto e limites ao filho cobrando a
reprodução da espécie de terceiros.
Filhos tem quem deseja, quem tem preparo psíquico e
pode sustentar. Ou melhor, deveriam ser apenas tais pessoas. Filho chora, ocupa
tempo, faz birra, tira o sono, custa caro, implica em milhares de
responsabilidades e abstenções. São contratos eternos de um bem que não é seu,
mas do mundo.
Filhos não são meros companheiros, porque hoje
estão, amanhã deixam de estar com você. Idade para tê-los? Aquela na qual você
está de bem consigo, no amor, na intimidade, na mente, no trabalho e na conta
bancária e, sobretudo, aquela na qual você compreende que eles são seus e não
dos avós, da escola ou da baby sitter.
Ademais, sequer em seus cuidados, como mãe,
especificamente, você deve contar demais com o pai. Não raras vezes os
casamentos findam, porque a mulher, após a maternidade, deseja do marido atos
que ele não consegue fazer, ou não quer, enfim.
Entenda: alguns homens só conseguem prover e cuidar
em determinadas situações, em caso de rompimento, o filho ficará com você, se
conseguires ser uma mãe melhor do que o marido foi como pai e é está a regra,
infelizmente. A igualdade está na lei, na Constituição Federal e não na mente,
no instinto e na alma. Enfim, ter filhos requer uma maturidade que nove em dez
pessoas que os tem, não possuem.
E eu lamento isso. Ter filhos não é obrigação que
você tem até está ou aquela faixa etária, é escolha que você faz ciente de que
seus próximos anos não serão livres como seriam se você não os tivesse.
Não existe idade certa, mas condições de vida
necessárias para se ter filhos. Se a maternidade compensa? Dizem que sim. A
minha preocupação, no entanto é que as mães relapsas, fúteis e mal educadoras
também respondem positivamente a tal pergunta. As mães possessivas, doentias, paranoicas
também louvam a maternidade.
Portanto, pense, planeje e repense, afinal bebês
são lindos, são bênçãos, mas lhe exigem responsabilidade eterna, amor e entrega
permanentes. Se você não está disposta a amar mais a alguém do que a você
mesmo, não tenha filhos, o mundo não precisa de mais pessoas mal criadas,
egoístas e revoltadas, assim como não carece de pessoas hipócritas e imaturas
que apregoam a dádiva daquilo que mal sabem fazer e ser. As mães, no caso.
Seja o que for que você venha a fazer, ter ou não ter
filhos, pense muito antes. Gerar uma vida é uma dádiva, até crianças de 13 anos
a possuem, ser responsável pela educação e construção do caráter de alguém é,
no entanto, uma responsabilidade imensa e permanente.
Respeitar, dialogar, saber o momento certo de
repreender, de se impor sem castrar, sem macular a inteligência e a liberdade
de espirito do infante, requer dedicação, requer maturidade, requer consciência
da importância de seu papel. Consciência que falta naquelas inúmeras pessoas
que acham que ter filho é soltar no mundo e deixar ao arbítrio de Deus.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 30 de setembro de 2014.
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