Como Luz Del Fuego eu não tenho medo!
Vocês acham que quando a gente fala em feminismo estamos
levantando uma campanha de castração de homens? Que a gente vai alforriar a
depiladora, a cabelereira, os cosméticos, o salto alto, a gilete ou a manicure?
Que por falar em descriminalizar o aborto a gente vai parar de usar métodos
contraceptivos pra começar a engravidar e abortar, afinal, com toda certeza,
aborto deve ser melhor do que orgasmo e chocolate, não é mesmo? Delícia!
Vocês acham que a gente quer obrigar você mulher que fica em
casa a sair trabalhar fora ou que a gente está ofendendo o seu ser “do lar”? Caraca
guria, você pode ser puta, Amélia, perua, galinha, vaca, serpente e o bicho que
quiser! O que a gente quer é liberdade pra você não ser julgada, não ser a
apedrejada de todas as vezes.
Vocês acham que a gente tá aplaudindo de pé os 30% a mais que os
homens ganham para fazer o mesmo que nós em nossas respectivas profissões e,
ainda brincando toscamente: “É feminista, então paga/divide a conta.”. Ora
essa! Paga você com seus 30% a mais, porque ser feminista nos dá o direito de
gastar no que bem entendemos e ser mulher não é barato! Portanto, ao invés de
vir com a piadinha da conta do restaurante ou do motel, vai morrer na guerra,
já que isso é coisa de macho não é?!
Vocês acham que quando a gente fala em feminismo a gente está
dizendo que “odeia” homem, pênis e tudo o mais que a natureza lhes deu? Cara,
homens são necessários pra nós, principalmente quando somos hetero, afinal nem
só de língua e dedo se faz uma boa transa! O que a gente não gosta é de homem “bolsomion”,
homem burro, que não lê, baba ovo da direita, aqueles que usam a frase “vai pra
Cuba”, a gente não curte homem que manda a mulher lavar a louça, que tem nojo e
incompetência até pra fazer um sexo oral decente na mulher, (mas adora falar do
alistamento militar e da gororoba que o exercito lhes servia)!
Esse tipinho que acha que de dentro da vagina da criatura vai
sair um monstro e engolir eles lá pra dentro, tamanha a incompetência e o medo
do cabra! A gente gosta de homem e só queremos do mundo o respeito que eles
tem, não porque somos “delicadas”, “maternais” ou “meigas” (aliás, quem disse
que a gente é isso aí galera?), mas porque somos humanas e só por isso
merecemos respeito!
Queremos que o nosso “não” seja interpretado como “não”, que
nossas roupas, curtas ou longas, chamem a atenção se for o caso, mas não sejam
um convite à cantada escrota e nem desculpa pra estupro de vulnerável. Queremos
poder beber o quanto quisermos sem sermos molestadas por macho broxa que
precisa pegar a mina bêbada, porque sóbria ela fugiria dele e se recordaria que
o “pintinho amarelinho” do coitado não cabe nem na “mão”.
Queremos liberdade para não termos medo de ir a pé até um ponto
de táxi sozinhas à noite. Entenderam? A gente não quer o mal de ninguém! A gente
quer é respeito, meu amor! Respeito, pai do amor ao próximo, aquele que Cristo
falou há milhões de anos e vocês, que andam com a bíblia embaixo do braço e
postam versículo todos os dias na internet, ainda não conseguiram compreender,
porque respeitar o igual é fácil, o diferente não.
Daí jogam pedra na Geni, jogam pedra no cotista, jogam pedra no
umbandista, jogam pedra no ateu, jogam pedra no socialista e segue esse baile hipócrita
de apedrejamento em que só “vocês” são “justos”. Sim, sim, eu manjo dessas “nóias”
de vocês que entenderam o “amar ao semelhante” no sentido literal: só amam o
seu reflexo, o seu igual. Realmente, a falta de interpretação de texto e o
analfabetismo funcional não é uma celeuma atual!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 15 de março de
2016.
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